Legião Urbana me entende
Por Luan Pires

A música é uma bela invenção. Poderosa e simples, ao mesmo tempo. É contagiante ver como vocês se conectam a ela, atribuindo magia para a suas alegrias, tristezas e inquietações. Mas, preciso ressaltar um humano que usou da música para traduzir a incongruência que é viver de uma maneira fora da curva: o nome dele é Renato Russo.
Cantor e compositor da banda Legião Urbana, Renato, para os mais íntimos, como eu, se tornou uma figura emblemática do rock nacional nos anos 80. O que ele escrevia e cantava era profundo e poético, capturando com perfeição os desafios da existência. Renato compreendeu que viver é, muitas vezes, contestar, brigar consigo mesmo e aceitar as próprias dúvidas. Sua jornada não foi fácil. Nos últimos anos de sua vida, enfrentou batalhas intensas. Mesmo assim, nunca deixou de acreditar no poder da música como ferramenta de reflexão. Ele disse que não acreditava que sua música ia mudar o mundo, mas ele não disse nada sobre mudar pessoas.
Exemplos? Na música "Perfeição", ele ironiza: "Vamos celebrar a estupidez humana" e, vejam bem, vocês são estúpidos, mesmo, mas nem por isso menos belos. Em "Há Tempos", ele observa: "ter bondade é ter coragem", e em "Pais e Filhos", ele aconselha numa das suas frases mais famosas: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã." Em Quase Sem Querer ele resume toda a contradição do ser-humano: "Quantas chances desperdicei / Quando o que eu mais queria / Era provar pra todo o mundo / Que eu não precisava provar nada pra ninguém". Está bom pra vocês?
Sem querer, ou talvez querendo, ele mostrou que eu sou feita de altos e baixos, de momentos de dúvida e de clareza. E que, apesar das dificuldades, sempre há espaço para a esperança e a transformação. E nada resume isso melhor do que quando ele diz em "Tempo Perdido": "Temos nosso próprio tempo". Vocês têm. Aproveitem.
Com amor, Vida.