Levando sustos no trânsito

Por Flávio Dutra

Meu bom amigo Ricardo Azeredo, atento repórter e competente produtor televisivo, fez uma interessante análise dos tipos que dominam nosso trânsito nas ruas e estradas. Segundo o Azeredo, e eu concordo com ele, o trânsito seria um lugar bem menos estressante não fossem os malas do volante. Seguem alguns exemplos: 

- o Empacado do semáforo: abre o verde e o cara não sai do lugar, segurando todo mundo; metade dos que estão atrás fica presa no próximo vermelho; 

- o Cágado: jura que está sozinho no mundo e fica nos 30, 40km/h nas vias expressas, ignorando o fluxo e travando todo o tráfego;

- o Iluminado: fica de farol alto o tempo todo, e não tá nem aí para os outros, ofuscando quem vem em sentido contrário e "incendiando" os retrovisores de quem está à sua frente;   

- o Atravessado: o apressadinho que ingressa na pista vindo de alguma transversal, se metendo bruscamente na tua frente para, em seguida, se manter nos 20 km/h;  

- o Nervosão: vem a mil e cola na tua traseira, exigindo passagem, quase te empurrando;

Tenho sido mais vítima do que agente, entre os personagens elencados pelo Azeredo. Reconheço que não sou dos motoristas mais exemplares, mas isso não autoriza o assédio - agressividade até - que venho sofrendo de um tipo que mereceria estar na galeria do meu amigo: o Buzinador Raivoso. Qualquer barbeiragem, por mínima que seja, e ele esquece a mão na buzina, como se protestasse sonoramente contra um oponente na via. Tenho levado cada susto! 

Os buzinadores raivosos geralmente são homens e proprietários de carrões ou daqueles caminhonetões que ocupam duas vagas nos estacionamentos. A buzinada estridente e insistente ainda é acompanhada de um olhar raivoso quando os dois carros emparelham. Fico com vontade de revidar, mandando socar a buzina naquele lugar, mas me contenho porque sou da paz e também porque os caras parecem ser dos tipos jovens e bombados. Num eventual enfrentamento eu ficaria em nítida desvantagem. 

Só me ocorre lembrar aquela máxima popular de que carro grande, pela lei da compensação, é igual a dono de pinto pequeno, e aproveito para acrescentar que muita buzinação é outra forma de compensação, no caso para o mau desempenho com suas parcerias na hora do bem bom.

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

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