Luz, câmera e um pouco de falta de noção

Por Grazi Araujo

19/09/2018 17:19

Jornalismo tem - como dever ? informar, esclarecer, explicar melhor, contar algo útil ou novo. Em ano eleitoral, entrevistas com candidatos geram diferentes oportunidades. Do entrevistado em 'vender seu peixe', do entrevistador em ser inteligente nas indagações, e do público em entender melhor a proposta de cada governo.

A entrevista por ela mesma pede uma pronta resposta. Mas, nestes casos, o cenário não é tão exato. Não são ações imediatas, mesmo para aqueles que já têm o cenário mais dominado. Não dá pra sair querendo que em poucos minutos o candidato dê a solução. É ilusão.

Muita gente acompanhou as entrevistas dos principais candidatos à Presidência no Jornal Nacional. Rendeu inúmeros posts, memes, artigos e conversas de bar. Tanto na defesa como no ataque, da esquerda, do centro e da direita (se é que ainda podemos separar os lados). O objetivo deste texto não é analisar o candidato e sim a postura e a condução dos âncoras.

Dos 27 minutos concedidos, eu notei só respostas de provocações. Apontaram os dedos para erros do passado, relembraram declarações polêmicas, deixaram o ambiente tenso. É óbvio que não tem como dar a solução para o Estado ? leia-se todas as esferas - em uma oportunidade. Quatro anos já é pouco, diga-se de passagem. Eu vi um oportunismo desnecessário no posicionamento dos entrevistadores, uma postura inadequada para quem deve ser imparcial, como nos ensinaram na faculdade. Assisti inicialmente em busca da informação, em conhecer um pouco mais de pessoas tão distantes, em analisar as ideias de cada um deles. Depois da primeira oportunidade, passei a ligar a TV como jornalista ao invés de eleitora. O protagonista, nessas ocasiões, mudou de lugar na bancada. Os holofotes ficaram para quem tem, por dever, conceder espaço. E eles acabaram roubando a cena.