Manias & Pesadelos II
Por José Antônio Moraes de Oliveira
"Não descreva emoções: crie uma!"
Ernest Hemingway.
O filósofo e crítico literário Roland Barthes dizia que considerava a vida privada de alguns escritores mais interessante do que os livros que haviam escrito. Certas manias dos gênios escritores são inofensivas, como as de Lewis Carroll, Ernest Hemingway, Virginia Woolf e Wolfgang Von Goethe. Eles dividiam o mesmo hábito - todos escreviam em pé. Existem outras manias menos conhecidas que mereceriam um exame mais profundo.
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Consta que o celebrado Samuel Beckett, autor de 'Esperando Godot' só conseguia escrever diante de uma parede totalmente branca:
"Precisa ser de uma brancura absoluta, sem manchas, rachaduras ou sombras."
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É sabido que Francis Scott Fitzgerald era um alcoólatra assumido e assíduo frequentador de festas e bares. É difícil imaginar como encontrava tempo para escrever romances de alto quilate como 'O Grande Gatsby'. Ele e sua mulher, Zelda, não tinham horário para nada - em suas temporadas em Paris dormiam tarde, acordavam ao meio-dia e passavam a noite em festas. Acredita-se que seu segredo era uma intensa criatividade que se concentrava em determinados momentos - era capaz de produzir oito a dez mil palavras em poucas horas. E não revisava o que havia escrito. Seus problemas com o alcoolismo começam em 1932, quando Zelda é diagnosticada com esquizofrenia e internada em um sanatório. Deprimido, ele escreve seu quarto romance 'Suave é a Noite', o último que conseguiu completar. É um livro denso e sombrio, refletindo os anos mais difíceis da tumultuada vida de F. Scott Fitzgerald.
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Arthur Miller foi outro escritor de imenso talento. O autor do clássico 'A Morte de um Caixeiro-Viajante' acordava muito cedo, escrevia durante o dia, depois rasgava tudo e começava do zero. E lamentava:
"- Eu gostaria de acertar da primeira vez."
Mesmo assim, tornou-se um dos nomes maiúsculos do teatro norte-americano. Por ironia do destino, não ficou conhecido por sua obra, mas graças ao rumoroso caso com Marilyn Monroe.
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Já o irlandês James Joyce, não acordava cedo e usava a tarde para trabalhar, alegando que era quando sua cabeça estava no melhor momento. Depois, passava a noite em cafés e bares de Paris, de onde saía cantando velhas canções irlandesas. A partir de 1914, escreveu 'Dublinenses' e em sequência, 'Retrato do Artista Quando Jovem'. E depois de sete anos de trabalho intenso, termina sua obra maior, 'Ulysses'. Em outubro de 1921, entrega os originais à editora Sylvia Beach e desabafa:
'Aqui estão 20 mil horas de trabalho e 50 xícaras de café por dia
Eu estava tentando reescrever a Odisséia.'
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Em 1984, o jornalista e biógrafo Larry W. Phillips publicou uma seleção de textos de Ernest Hemingway que julgava serem os melhores ensinamentos para um jovem escritor. Um deles diz que tudo que é preciso é criar uma frase inesquecível.
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