Nada de assédio na folia do carnaval

Por Márcia Martins

15/02/2023 16:01 / Atualizado em 15/02/2023 16:00
Nada de assédio na folia do carnaval

Não é porque são quatro dias de bebida, de folia, de festas em clubes ou bares e desfiles na avenida que está tudo liberado. O carnaval admite muitos excessos. Mas só os permitidos e consentidos. O assédio não deve entrar na passarela, sambar nos bailes e nem ser incorporado ao plano de nenhum folião, porque é crime. Muita gente confunde a alegria contida nas festas de Momo para passar a mão em partes do corpo da mulher, forçar carinhos e beijos, enlaçar a cintura da moça fantasiada de havaiana e partir para o assédio sexual.

Carnaval, apesar de servir de cenário para corpos quase desnudos de mulheres, de glitter e brilho disfarçando trejeitos da face, de rostos escondidos debaixo de máscaras, de homens que se fantasiam de todos poderosos, não é diferente de nenhuma outra data festiva, comemorativa ou de um dia comum como outro qualquer. Logo, não é para ultrapassar nenhum sinal.

Solte a alegria adiada e abafada durante mais de um ano, grite na arquibancada para a escola campeã, cante em alto som as marchinhas de antigamente e o samba enredo da sua escola preferida ou de carnavais passados. Vista a fantasia da moda ou improvise algo muito alegre, brilhante, com lantejoulas e purpurinas. Só não desrespeite jamais a vontade de uma mulher. Se ela falar que não deseja mais nada além de pular o carnaval, é isso mesmo que ela está querendo. Não há nada subentendido nesta intenção.

Tenha em mente que, se no carnaval que passou, um Pierrot abraçou e beijou uma colombina, tal gesto só irá se repetir se a mulher fantasiada consentir. E assim como cachaça não é água, vem do alambique, ela não pode faltar na festa de carnaval, o respeito com a vontade da mulher também é item obrigatório. Nas noites de carnaval, bandeira branca para o respeito ao corpo da mulher, para o direito feminino de ter as suas vontades, de se relacionar com quem ele quiser e se ela quiser.