Não tenho mais esperança

Por Rafael Cechin

Mais uma semana de folga para a dupla Gre-Nal no Brasileirão sempre leva à expectativa dos torcedores e da imprensa de que "vão voltar melhores". A realidade dos times, no entanto, tem retornado pior ainda depois das pausas. A qualidade só cai, assim como as posições na classificação e a esperança de que vamos ter maiores conquistas em breve.Não somos mais grandes no futebol. Nos tornamos coadjuvantes e tendo nossas forças reduzidas a cada campeonato, a cada temporada. Nos anos de 1970, a construção de ambos para virar gigantes teve a aposta nas categorias de base, a continuidade de elencos e os técnicos como principais motivos. Agora, parece que não achamos soluções para alcançar um patamar mínimo de grandeza.

O Inter foi o grande time daquela década, mantendo ídolos como Figueroa, Claudiomiro e Valdomiro durante um tempão na equipe. Aliado a isso, Falcão, Carpegiani, Caçapava, Jair, Cláudio Duarte e tantos outros jovens vieram de descobertas em peneiras e no campo suplementar do Beira-Rio porque foram garimpados pelo professor Abílio dos Reis. A história foi feita. Além de significar o topo para os colorados, gerou uma perseguição tricolor aos mesmos objetivos.

Não deu outra. Nos anos 1980 e 1990 o Grêmio brilhou nos cenários nacional e internacional, com a mesma fórmula: jovens que surgiram aqui junto a bons jogadores que marcaram época no então Olímpico. O Inter correu atrás para ser gigantes na década de 2000, ambos chegaram a ser bem relevantes entre 2010 e 2019, depois disso a fonte secou.Hoje em dia as equipes sub-17 e sub-20 geram muito pouco. O mercado não enxerga mais na dupla Gre-Nal um bom reservatório de craques. Com SAFs e o domínio de Palmeiras e Flamengo em todas as categorias vemos diminuídas as chances de que nossas equipes sejam produtoras de talentos. Se tornou pontual, não habitual, que apareça alguém realmente muito bom.

A captação de atletas igual a Jardel, Paulo Nunes, Adilson, Rivarola e Arce, desconhecidos antes de brilharem com Felipão no tricolor, também decai em qualidade. Os clubes viram depósitos de quem não vale a pena estar aqui, muitas vezes nem joga, acumulando salários enormes.

O jeito é aguardar que as novas gestões possam trazer algo novo e que algum modelo de investimento semelhante à SAF possa nos salvar. Até lá, seremos coadjuvantes, torcendo para não sermos menores ainda.

Autor
Jornalista graduado e pós-graduado em gestão estratégica de negócios. Atua há mais de 25 anos no mercado de comunicação, com passagem por duas décadas pelo Grupo RBS, onde ocupou diversas funções na reportagem, produção e apresentação, se tornando gestor de processos e pessoas. Comandou o esporte de GZH, Rádio Gaúcha, ZH e Diário Gaúcho até 2020, quando passou a se dedicar à própria empresa de consultoria. Ocupou também, do início de 2022 ao final de 2023, o cargo de Diretor Executivo de Comunicação no Sport Club Internacional. Atualmente mantém a própria empresa, na qual desde 2021 é sócio da Coletiva,rádio, e é Gerente de jornalismo e esporte da Rádio Guaíba.

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