O que o coronavírus nos ensina...
Por Elis Radmann
Que somos frágeis.
Que somos todos iguais.
Que precisamos uns dos outros.
Que cada um de nós tem responsabilidade.
Que a decisão individual afeta a coletividade.
Que não faz sentido as universidades suspenderem as aulas e a galera ir para balada.
Que a ignorância aliada à intolerância pode ser prejudicial à humanidade.
Que o preconceito precisa ser superado.
Que precisamos retomar os sentimentos de solidariedade e de comunidade.
Que o distanciamento social irá ampliar a sensação de solidão
Que quem é contaminado e contamina se sente impotente.
Que precisamos proteger os doentes e os mais velhos.
Que quem está em quarentena sente medo e precisa de gestos de carinho e apoio logístico (precisa receber comida, medicamentos...).
Que quem tem um amigo ou familiar com suspeita ou em quarenta está aflito e que cada um de nós pode ficar nessa situação.
Que a fé, a esperança e a caridade precisam ser praticadas e motivadas.
Que teremos que ter disciplina, consideração e respeito para que não falte alimentos, produtos de higiene e remédios para ninguém.
Que precisamos aprimorar e ser rigorosos com os hábitos de higiene e seguir as orientações dos especialistas.
Que os profissionais da saúde precisam de estrutura, condições de trabalho e muita consideração.
Que não é saudável desconfiar das instituições do país e que a negação da política só faz mal à cidadania.
Que atacar os jornalistas diminui a capacidade de diálogo e de restabelecimento da verdade.
Que precisamos ter uma política pública que dê mais atenção ao sistema de saúde (público ou privado).
Que as autoridades precisam ter sensibilidade social e primar por decisões que ajudem a prevenir e combater o vírus.
Que a economia se move por especulação e que nos momentos de calamidade os oportunistas aparecem para extorquir de quem tanto precisa.
Que todos vamos perder financeiramente e isso exigirá uma capacidade de resiliência e superação futura.
Que é melhor parar e prevenir do que não ter condições de remediar.
Esse vírus nos traz muitas reflexões e aprendizados. É um momento ímpar para rever as "doenças sociais" que avançam de forma preocupante em nossa sociedade, como: o individualismo, a vaidade, o egoísmo, o oportunismo, a intolerância e o jeitinho brasileiro.
Esse vírus diminui as nossas certezas e aumenta as nossas preocupações. Não sabemos qual será o impacto financeiro que teremos em uma economia que vem sofrendo com as instabilidades políticas, econômicas e com as intempéries climáticas (de um lado seca extrema e de outro, enchentes que tiram vidas).
É um momento de inquietação, mas principalmente, de muita paciência, bom senso, respeito, tolerância e perseverança. Que essa experiência nos permita evoluir como pessoas, como sociedade e como seres humanos.
O lema da campanha da fraternidade de 2020 parece ter sido providencial: "Viu, sentiu compaixão e cuidou dele". Uma chamada à reflexão individual, em um momento em que cada um de nós terá um papel importante de cuidador, dando apoio aos colegas, amigos, vizinhos e familiares que forem infectados.
Será um grande ensinamento para uma juventude que tem sido "servida" e precisa aprender a "servir", a ter empatia com os que têm mais vulnerabilidade física e precisam de apoio.
Gosto muito de uma frase que cabe muito nesse momento histórico: "não há nada tão bom que não tem algo de ruim e nada tão ruim que não tenha algo de bom".