Pela defesa intransigente da democracia

Por Márcia Martins

O mesmo cenário que uma semana antes foi palco de uma enorme simbologia na posse do presidente Lula, ao subir a rampa do Palácio, acompanhado de oito pessoas representativas do povo brasileiro, e uma multidão lotando o entorno da Praça dos Três Poderes, em Brasília, abrigou um dos atos mais indescritíveis e condenados de terrorismo da história brasileira. No domingo que jamais será esquecido de 8 de janeiro de 2023, fanáticos, bandidos, baderneiros e insanos tentaram arranhar a nossa democracia, ao invadir os prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.

Protagonizadas por bolsonaristas radicais, transportados até a capital federal em ônibus financiados por quem detém o poder econômico (e a investigação destes nomes é essencial e precisa ser acelerada), as cenas chocam pela quantidade de crimes cometidos em uma única tarde, pelo desrespeito à democracia e pela certeza da impunidade (que se espera não seja confirmada). Quebraram vidraças, arrancaram portas, danificaram obras de arte, invadiram prédios públicos, destruíram um patrimônio público e outras sujeiras que nem vale a pena relatar. Um cenário de guerra.

Não há outra definição para aqueles que não respeitam a democracia senão a de terroristas. E devem ser punidos exemplarmente pelos crimes cometidos de todas as espécies. Porque o que se viu foi um desenrolar de violência, cenas inexplicáveis, ataques sucessivos e destruidores às casas que abrigam os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. E também para que não se sintam estimulados a repetir atos horrendos como os de 8 de janeiro toda vez que não ficarem satisfeitos com o resultado de uma eleição.  

Há muito ainda a ser esclarecido. E a sociedade brasileira espera com ansiedade pelas respostas. Mas as averiguações, até o momento, parecem caminhar com mais agilidade. De domingo para cá, algumas medidas necessárias para garantir o mínimo de segurança em Brasília foram tomadas. Existem várias autoridades do Distrito Federal que se mostraram coniventes com os "cidadãos de bem" e precisam fornecer mais do que pedidos de desculpas.

E, acima de tudo, respeitar o voto que foi depositado na urna, honrar a vontade soberana de 50,83% da população que escolheu o presidente empossado no dia 1° deste mês. E, principalmente, entender que o Brasil é maior do que os bolsonaristas fanáticos e os brasileiros e as brasileiras merecem ter as suas instituições preservadas e a democracia fortalecida.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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