Por mais inteiros e menos trechos

Por Grazi Araujo

Quem deve pagar o jantar? As contas? O homem? A mulher? Ou devem dividir? É obrigação? Cavalheirismo? Essas e mais perguntas estiveram em debate nesta semana em razão da participação do Caio Castro no lançamento (!) do podcast "Sua Brother", com Renatinha Diniz, que se propõe a falar de relacionamentos, mitos e masculinidade. Baita proposta de uma guria que tem desenvoltura para falar, achou um nicho legal aliado ao relacionamento criado por meio da sua profissão. Comunicadora desta geração que transforma em conversa e traz leveza ao que aprendemos como entrevista. 

Não vim pela polêmica do conteúdo divulgado, apesar de não ter problema algum em dizer que prefiro dividir a conta. Quem assistiu na íntegra o podcast, entende que o assunto era sobre obrigações "impostas" aos gêneros, romantismo, cavalheirismos e realidades de condições financeiras. "Tem uma diferença entre pagar a conta e ter que pagar a conta. O que incomoda é o "ter que", ele explanou. O pagar ou não a conta, dividir os custos e os papéis de cada um, fazem parte de modelos e acertos de relacionamentos, visões de vida e valores que são individuais. Para isso, cada vez mais as pessoas conversam antes de se relacionar. É o famoso alinhar as expectativas. Tenho amigos que fazem questão de pagar, outros que até fariam mas por enquanto só conseguem dividir, e aqueles que têm suas combinações e lidam bem com o fato de ganhar menos e arcar com menos gastos no dia a dia. Assim como amigas que classificam como uma gentileza, outras como premissa de início de um relacionamento ou aquelas que insistem para dividir e também não se importam se tiverem que pagar. Cada um encontra o seu equilíbrio. A opinião e a escolha são livres e transformar isso em debate de gêneros ou política eu vejo até como um ligeiro oportunismo. 

Como esta coluna tem como premissa trazer uma pitada de comunicação, a principal pauta aqui é sobre a responsabilidade na produção de conteúdo. Já que a comunicação hoje é feita por tanta gente que "tem o dom", devem levar consigo a ética - que nós (re) aprendemos na faculdade -, mas que também é ensinamento da vida. Na era de reels, compartilhamentos e que pra viralizar é coisa de alguns cliques, 1 minuto pode ser algo planejado e roteirizado ou então apenas um trecho de 1h56 de conversa. Tem ideia do quanto pode ser arriscado esse destaque? E todas as consequências que essa irresponsabilidade pode trazer? Quantas críticas foram feitas ao artista - que durante o podcast fez questão de esclarecer a diferença de pessoa pública e figura pública - e poderiam acarretar em uma série de cancelamentos? Caio Castro, sabiamente, deu logo jeito de dar fim à polêmica, esclareceu nas suas redes e ainda finalizou com um "caso encerrado, boa quinta-feira pessoal". E que sorte da Renatinha, que logo na estreia do seu podcast conseguiu um destaque, acertando no papo, na proposta e no convidado. Que a boa comunicação sempre seja o saldo positivo de situações como essa e que mais pessoas se inteirem de um assunto antes de sair por aí apenas compartilhando pedaços e não inteiros.

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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