A transformação digital, impulsionada pela internet, já mudou bastante a nossa rotina. E, como tudo na vida, trouxe coisas boas e também alguns problemas. Se pensarmos no lado positivo, hoje temos informação na palma da mão, em qualquer tela e no formato que desejamos. Essa conectividade aproximou pessoas, facilitou compras e abriu portas para novas experiências. Sem contar que a internet "virou sala de aula", com cursos online e até espaço para compartilhar receitas de família. Além disso, deu voz a muita gente, transformando usuários em influenciadores ou empreendedores digitais. Só para se ter uma ideia, de acordo com a classificação de influenciador digital no Instagram, já são mais de 10 milhões de pessoas.
Mas, como na vida não há nada tão bom que não tenha algo de ruim, é preciso observar os efeitos negativos da internet que alteraram nossa forma de viver, trabalhar e nos relacionar. O uso excessivo da tecnologia pode se tornar um vício e afetar a saúde mental, especialmente de crianças e adolescentes, mais expostos ao preconceito que ganhou novos canais, como o cyberbullying e o assédio online. A desinformação se espalha rapidamente, com Fake News e até vídeos falsos, acompanhada do aumento de golpes e crimes virtuais. E o contato humano diminuiu, já que, muitas vezes, preferimos a tela à conversa cara a cara e mandamos mensagem de texto dizendo coisas que não falaríamos pessoalmente.
Agora, estamos entrando em uma segunda onda: a da IA - Inteligência Artificial. Se a internet já trouxe benefícios e problemas, a IA representa uma nova etapa dessa transformação. E, assim como antes, teremos ganhos e dilemas para enfrentar.
Entre os pontos positivos, é importante reconhecer que a IA oferece ferramentas inteligentes que facilitam tarefas do dia a dia. Ela será uma assistente poderosa em áreas como saúde, educação e negócios, promovendo eficiência e novas soluções. Para quem trabalha com comunicação, por exemplo, auxilia na criação de conteúdos e ideias que antes demandariam muito tempo ou seriam até inviáveis.
Por outro lado, ainda não temos plena consciência dos possíveis impactos negativos que a inteligência artificial poderá trazer. Neste momento, precisamos estar atentos ao risco de dependência, já que podemos delegar decisões importantes às máquinas e reforçar uma tendência de idiotização, tornando as pessoas menos críticas e mais passivas diante do que acontece ao seu redor. Também será necessário debater as questões éticas e legais que envolvem o uso da IA para manipular opiniões ou criar conteúdos falsos. Haverá, ainda, impactos no mercado de trabalho, com profissões sendo transformadas ou até substituídas.
Pesquisa nacional realizada pelo Pew Research Center identificou que apenas 10% dos brasileiros estão animados com a entrada da IA. A maioria, 48% está mais preocupada que animada e 37% estão igualmente animadas e preocupadas.
O grande dilema, portanto, está em equilibrar inovação e responsabilidade, para que a tecnologia não nos afaste ainda mais uns dos outros. A máquina deve estar a serviço das pessoas e não o contrário.