Um filme para pensar o respeito às infâncias

Por Marina Mentz

A indicação de hoje é um filme que consegue juntar uma boa inspiração de como tratar as pessoas com respeito, Justin Timberlake e uma produção original da Apple TV. Tenho como opinião que este filme foi um pouco injustiçado em seu lançamento em 2021, por não ter a nota que merece em classificações cinematográficas e também não ter aparecido premiado em grandes prêmios - aqueles que atingem massivamente o público final.

O filme é protagonizado por Justin Timberlake, que nesta produção interpreta Palmer - que é o título do filme original Apple TV. Ali se conta a história de um cara que cumpriu pena por homicídio e, ao deixar a prisão, volta a morar com a avó que o criou em uma cidadezinha onde todo mundo conhece todo mundo. Ele saiu de lá como o cara popular da escola que jogava futebol e retornou, como você já deve imaginar, estigmatizado pela comunidade inteira. 

No título deste texto anunciei que o filme é um exercício para pensar no respeito às infâncias, isso porque, apesar da premissa já dita do enredo, de fato "Palmer" nos proporciona isso. Ao regressar à sua cidade, o protagonista vai encontrar com uma família que está vivendo do lado da casa da avó dele em um trailer, uma mãe e um filho. Ali, a mãe negligente é interpretada pela incrível Juno Temple (de Ted Lasso), e o filho é Sam, interpretado pelo ator mirim impecável Ryder Allen. De personagem cativante e profundo, Sam tem um carisma muito grande apesar de viver uma situação bastante triste a que muitas crianças são submetidas todos os dias - negligência e outras formas de violência.

Esse menino vai acabar desenvolvendo uma relação de amizade com Palmer, e acabam por ensinar muito um ao outro sobre relação de respeito, sobre personalidade, sobre independência. Também especialmente Sam é um personagem que vai nos ajudar a pensar nos papéis de gênero, nas relações que a gente constrói em volta de ser menino ser menina, esses roteiros de gênero que a gente é convidado a seguir ao longo da vida. Muito sensível, muito bonito. Sobre respeito, sobre infância, sobre relações, sobre segundas chances, terceiras chances. 

Autor
Marina Mentz é jornalista, doutora e pesquisadora das infâncias brasileiras. Cofundadora da Bisque Laboratório Criativo, tem experiência na área de Comunicação, com passagens por agências e redações de jornal impresso, televisão, rádio e digital. Há 12 anos, pesquisa a presença das violências contra infâncias na mídia. E-mail para contato: [email protected]

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