Brasileiros em Cannes avaliam que a crise é, sim, um estímulo para os criativos

Peças sobre corrupção já renderam dois dos troféus mais cobiçados do Cannes Lions para agências do País

País já superou a marca dos 60 Leões recebidos durante o festival - Divulgação/Coletiva.net

Por Cleidi Pereira, enviada especial de Coletiva.net

Em Cannes, agências e profissionais brasileiros estão fazendo valer a máxima de que tempos de crise também podem ser uma oportunidade. O País já superou a marca dos 60 Leões recebidos durante o Festival Internacional de Criatividade, que termina nesta sexta-feira, 22, e dois dos prêmios mais cobiçados (um Gran Prix e um Leão de Ouro) foram conquistados por peças cujo mote foi a corrupção. 

Coletiva.net questionou alguns dos mais prestigiados publicitários brasileiros presentes no evento se a crise política e econômica deve afetar o desempenho do País no festival. Apesar de reconhecerem as dificuldades, que resultaram, por exemplo, na redução de quase 30% no número de trabalhos inscritos, os criativos demonstram otimismo.

Jurado em Cannes, Álvaro Rodrigues, CEO da Fullpack, afirma que, embora a crise econômica impacte diretamente na indústria, e os cortes de despesas e investimentos acabem se refletindo na qualidade do material produzido, existem dois olhares: "Um é entender isso como um freio sobre produção, um limitador de investimento, mas, do aspecto criativo, pode ser impulsionador. É na crise que eu tenho que ser mais criativo, para que minha ideia se sobressaia na falta de verba. Óbvio que, com mais verba, você tem produções e investimentos em tecnologia maiores, mas isso não pode ser impeditivo", avaliou.

Eco Moliterno, Chief creative officer da Accenture Interactive para a América Latina, concorda que, em tempos de crise, é preciso ser ainda mais criativo. "Se você pensar na história do Brasil quantas coisas foram feitas em épocas de ditadura, onde existiam restrições. Então, o criativo tem que encontrar novas formas de fazer o que ele sabe fazer. A crise, de uma certa maneira, provoca a gente a ser mais criativo ainda, e aí que eu vejo um diferencial para a nossa indústria", disse ele, lembrando que o Brasil ganhou dois Gran Prix no mesmo dia nesta edição do Cannes Lions, algo inédito. "Temos que usar isto como estímulo para ser ainda mais criativos. Minha mensagem é não deixem se abalar pela crise. Tire o 's' e crie". 

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