Na Web Summit, presidente da Microsoft fala sobre as promessas e perigos da era digital

Brad Smith defendeu que a ética e a responsabilidade guiem o desenvolvimento e o uso das novas tecnologias

Brad Smith, da Microsoft, na Web Summit 2019 - Divulgação/Coletiva.net

Presidente da Microsoft, Brad Smith abriu a programação do terceiro e penúltimo dia Web Summit falando sobre as promessas e os perigos da era digital. As inovações que irão marcar a próxima década - entre elas, o 5G e a Inteligência Artificial (IA) - significarão, segundo ele, uma era extraordinária, mas também uma era de ansiedade. "Vamos ter de nos questionar: o que é que estamos fazendo? O mundo quer que avancemos com a tecnologia, mas também espera que preservemos os valores fundamentais, como os direitos humanos. Temos que dar um passo para trás e reconhecer os problemas", ponderou.

De acordo com Smith, a tecnologia tem sido um "ativo espetacular para o mundo", porém lembrou que "qualquer ferramenta pode se tornar uma arma": "Uma vassoura serve para varrer o chão ou para bater na cabeça de alguém. Quanto mais poderosa a ferramenta, mais formidável a arma". O executivo comparou o papel da IA ao longo das próximas três décadas, até 2050, ao do motor de combustão para os transportes no século 20. "Temos que pensar sobre o que isso vai significar para sociedade. A tecnologia pode ser nova, mas as perguntas não são novas", disse ele, que também lembrou do impacto da Bíblia impressa por Gutenberg em 1450 na religião.

As novas ferramentas e dispositivos precisam ser desenvolvidos levando em consideração o seu impacto na sociedade, segundo Smith. Ele ainda mencionou os enredos tradicionais dos filmes de ficção científica: "humanos inventam máquinas que tomam decisões sozinhas e que acabam por nos escravizar. Não devemos nos perguntar o que os computadores poderiam fazer, mas o que deveriam fazer. Se errarmos nisso, cada geração que vier a seguir vai pagar um preço".

Conforme Smith, a indústria deve focar na ética e, mais do que nunca, não pensar as novas tecnologias somente com entusiasmo, mas colocar freios que possam nos proteger - especialmente no que diz respeito à privacidade, "um direito humano fundamental numa era em que tudo se tornou digital". "Se pensarmos no interesse público e em servir o público, certamente teremos muitas oportunidades de lucro. É preciso olhar para o futuro, mas aprender com as lições do passado. Temos de colocar o público em primeiro lugar", frisou.

A fala do presidente da Microsoft terminou com uma mensagem otimista, a de que é possível utilizar a IA para o bem, seja com o desenvolvimento de soluções voltadas para acessibilidade, para ações humanitárias ou para preservar o planeta. E citou trouxe o exemplo a OceanMind, uma organização sem fins lucrativos que, a partir de dados de satélite e IA, tem ajudado governos e instituições a combater a pesca ilegal e, dessa forma, a proteger os oceanos. "Precisamos usar a tecnologia para ajudar a resolver os grandes problemas do mundo. E se queremos que isso ocorra e que a tecnologia seja utilizada de forma responsável, todos temos que desempenhar o nosso papel. Esse é o nosso desafio e oportunidade para a próxima década."

A cobertura da Web Summit, com o apoio da BriviaDez, é realizada pela jornalista e correspondente de Coletiva.net, Cleidi Pereira. Há três anos o portal traz o que acontece no evento, diretamente de Lisboa, por meio de textos fotos e vídeos.

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