FIC19: Leando Demori defende veracidade e interesse público no Jornalismo

Editor-executivo do The Intercept Brasil atraiu cerca de 500 pessoas no Teatro Unisinos

Leandro Demori lota Teatro da Unisinos

Primeiro palestrante do segundo dia do Festival de Interativadade e Comunicação (FIC19), Leandro Demori, jornalista e editor-executivo do The Intercept Brasil, subiu ao palco do Teatro Unisinos para falar sobre as recentes atuações midiáticas do veículo. Entre estudantes e profissionais de imprensa e de mercado, acompanharam a apresentação cerca de 500 pessoas, muitas de pé ou nas galerias do espaço, deixando-o praticamente lotado. Diferentemente do formato de palestras, Demori não fez uma explanação solo, mas foi entrevistado por três convidadas.

Para este formato, foram chamadas as jornalistas Paula Coutinho, do Jornal do Comércio; Samatha Klein, da Rádio Guaíba; e Maria Clara Aquino Bittencourt, pesquisadora da Unisinos. Esta foi a responsável por conduzir o início das perguntas e, para tal, apresentou um vídeo de Demori no qual ele sustentava que o jornalista tem o dever de avaliar os seguintes pontos para produzir matéria: veracidade do conteúdo e interesse público. "Se estes dois pontos tiverem resposta positiva, sim, o jornalista tem o dever de publicá-la", afirmava ele, no vídeo. O profissional, então, disse estar contente em discutir tal tema, e lembrou que a classe depende das fontes para trazer as verdades ao público.

Sobre o critério utilizado pelo veículo para esconder - ou não - as fontes, Demori afirmou sempre existir acordos com elas. Contudo, ponderou que estes nem sempre ocorrem na mesma forma, eles variam. "Geralmente, escutamos tudo que a fonte tem a nos dizer e acordamos sobre nossos limites éticos. Às vezes, ela pode perder o emprego ou até a vida, então então avaliamos. No entanto, não avisamos quando ou como publicaremos o material", explicou, completando que se a pessoa confia no veículo, passa o conteúdo, "se não confia, ok, muito obrigado".

A respeito do uso das redes sociais pelo veículo, o jornalista afirmou que a ideia do The Intercept Brasil é não depender dos algoritmos como os do Facebook e do Twitter, por exemplo. "Elas são uma máquina de ódio, e esse é um dos sentimentos que mais une as pessoas na internet. E o que interessa para as grandes redes é que fiquemos muito tempo online nelas. Isso, para o trabalho jornalístico, é horrível." Demori ainda disse que entende que os algoritmos, inclusive, já saíram um pouco das mãos dos criadores.

O convidado falou ainda sobre a repercussão do trabalho que o veículo vem fazendo. Na sua visão, há várias formas de enxergar isso, pois todo o cenário político não está ligado apenas ao que a mídia faz ou mostra, é um mundo pós-moderno. "No caso da Lava-Jato, qualquer veículo que mostre apenas a versão dos envolvidos diretamente, está praticando jornalismo fraudulento", sentenciou. Ainda de acordo com Demori, o público já entende que não existe profissional de imprensa totalmente isento, e não há problema nisso. Qualquer um pode ser um jornalista muito sério e ter suas opiniões, seu lado, sua ideologia. "É melhor conversar com quem está mascarado ou com alguém de cara limpa?", indagou.

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