Em evento, Jornalistas destacam importância do uso de dados

Primeira edição do 'Cerveja com Dados', em Porto Alegre, reuniu profissionais especialistas na área

'Cerveja com Dados' em Porto Alegre - Reprodução

Nesta terça-feira, 19, aconteceu a primeira edição do 'Cerveja com Dados' em Porto Alegre. Organizado pela Escola de Dados, o evento, que foi realizado no Mulligan Irish Pub, na rua Padre Chagas, reuniu os jornalistas Francisco Amorim, Marília Gehrke e Naira Hofmeister.

No começo das apresentações, Marília, que é doutoranda de Comunicação na Ufrgs, destacou 60 matérias publicadas entre veículos brasileiros, estadunidenses e argentinos, fazendo comparações que mostram a importância do uso de documentos nas reportagens, independentemente do país de origem. Assim, a jornalista afirmou que, hoje em dia, as pessoas querem saber das fontes das informações e que os documentos suprem essa necessidade, por trazerem dados confiáveis para a construção de uma matéria.

Na sequência, o professor da Unritter Francisco Amorim adentrou-se nas estatísticas, destacando a importância delas para a reportagem em profundidade, além de afirmar que o jornalismo deve se aproximar da sociologia. Amorim apontou que a quantificação sempre esteve presente no jornalismo e que a mensuração faz parte do processo. O profissional também declarou que as matérias podem ser mais do que o modelo tradicional, dizendo que os profissionais precisam entender como funcionam as estatísticas e como aplicar as variáveis, para chegar a um resultado preciso. "O jornalismo pode explorar a realidade social, a partir de modelos estatísticos, desde que elas estejam corretamente alinhadas à teoria social", destacou.

Completando o trio de palestrantes, Naira adiantou os dados preliminares do trabalho colaborativo 'Inimigos da Amazônia', que ela está desenvolvendo sobre os maiores desmatadores da floresta. A profissional ressaltou que é muito difícil fazer uma matéria sem documentos. A jornalista, em entrevista ao Coletiva.net, disse que, para quem sabe trabalhar com grandes bases de dados, abre-se um mundo de oportunidades de análises e pautas que não existia antes. "Mesmo para quem não é especializado no assunto, os dados oferecem a possibilidade de maior rigor na apuração e de transparência nas reportagens, porque sempre é possível acessar um documento público para acrescentar contexto, reforçar ideias ou mesmo ampliar os olhares presentes na matéria", afirmou.

Naira enfatizou a importância de eventos como o 'Cerveja com Dados' para a profissão. "Ficou bem evidente que o jornalismo de dados é um caminho aberto para qualquer um de nós: há os que se especializam em tratar bases de dados gigantes, criar visualizações interessantíssimas, até desenvolver robôs que ajudem na atividade jornalística."

A profissional marcou pontos importantes nas falas dos colegas, como a de Amorim, que provocou a reflexão sobre os jornalistas se apoderarem da estatística sem medo. Assim como a apresentação da Marília, que revelou que há inúmeras fontes de dados acessíveis e úteis para quem ainda não tem a habilidade de ir atrás dessas informações. "Ou seja, todos podemos praticar o jornalismo de dados em algum nível", concluiu.

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