Bruno Hoffmann participa de audiência pública para debater criação de regras para o uso de IA nas eleições
Presidente do Camp, em conversa com portal salienta importância da tecnologia na colaboração do processo eleitoral

O presidente do Clube Associativo dos profissionais de Marketing Político (Camp), Bruno Hoffmann, esteve presente, na última semana, na audiência pública realizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para debater sobre a criação de regras para o uso de Inteligência Artificial (IA) na legislação eleitoral. Entre as sugestões estão: definir o que é a tecnologia, responsabilizar o anunciante a passar essas informações, deixar claro o que pode e o que não pode ser feito e informar a finalidade do uso da tecnologia. Em conversa com a equipe de reportagem de Coletiva.net, o dirigente salientou a importância da ferramenta na colaboração do processo eleitoral.
Conforme Bruno, a tecnologia é uma ferramenta que proporciona facilidade e impacto na capacidade de produção, pois agiliza processos na criação de imagens, vídeos e textos e na pesquisa por materiais para elaboração de planos de governo. Além disso, existe uma expectativa de redução de custo de campanha como um todo. "Acho prematuro isso acontecer este ano. De certa forma, as equipes serão do mesmo tamanho e o que vai acontecer é que essas pessoas terão mais tempo para checar informações para ter certeza de que o produto esteja bem produzido."
Bruno lembrou sobre a participação na audiência pública de sugestões de resoluções do TSE, e que, como representante do Clube, deu opiniões sobre a pauta e está no aguardo pela decisão da corte eleitoral e o que será aproveitado desse material. Segundo ele, a entidade tinha o objetivo de levar um alerta para o debate. "A resolução proposta pelo TSE, se não alterar nada, não impedirá a produção de deep fake (técnica de síntese de imagens ou sons humanos baseada em IA)", disse.
Segundo o dirigente, a corte eleitoral solicita que os usuários informem que a tecnologia está sendo usada, e não colocam a mesma responsabilidade nas plataformas que veicularem o material. "Se um candidato decide usar uma deep fake, seja na TV, rádio ou internet, ele tem que colocar uma advertência com os dizeres: 'A seguinte propaganda eleitoral foi produzida com uso de Inteligência Artificial'", explicou.
Para Bruno, esses avisos não são o suficiente, pois uma vez autorizado o uso de deep fake, surge uma grande preocupação com a percepção do público. "Entendemos que o eleitor brasileiro ainda não tem a capacidade de discernir o que é falso ou não, e do que é certo ou errado." Segundo ele, uma vez que a deep fake for utilizada nas campanhas oficiais, o público passa a consumir esse material produzido por IA e acredita que o vídeo é totalmente verdadeiro. "A partir disso, fica mais suscetível para o eleitor receber no WhatsApp um vídeo falso e acreditar naquela informação."
Bruno cita como exemplo negativo do uso da IA, a criação de uma deep fake a ser propagada no dia da eleição mostrando que estão ocorrendo arrastões no centro de uma determinada cidade, ou algum outro problema sério de violência, que pode fazer com que as pessoas acreditem no material e deixem de votar, o que pode mudar o resultado do pleito. "Toda nossa preocupação é com relação a eventual produção de conteúdos de desinformação que serão divulgados por pessoas mal intencionadas, e que deverão ser responsabilizadas por isso. Mas até lá o estrago já terá sido feito", afirmou.