Jair contou que começou a fazer três faculdades - Análise de Sistemas, Ciências Contábeis e Música -, apesar de não ter terminado os cursos. Começou a história musical em 1981, com o grupo Canto Livre, enquanto, paralelamente, atuou em escritórios de Contabilidade, esteve à frente de negócios, como lojas e restaurantes, além de ter trabalhado em agência de Publicidade e como fotógrafo.
Foi no tempo em que teve o restaurante que acabou desenvolvendo alguns personagens, assim como nas festas em casa e de família. O irmão, que na época era patrão do CTG, em Porto Alegre, convidou-o para participar de uma festa, entretanto, não receberia nada por isso.
?Quando eu saí, chegou um homem, que eu não conhecia, e disse que o meu show era muito melhor que o realizado na outra semana passada. Esperei mais um pouco, veio outro e disse o mesmo?, relatou, ao relembrar o momento em que percebeu que poderia precificar o trabalho humorístico que estava fazendo.
O momento marcou o despertar para a até então nova profissão. ?Eu tinha 42 anos quando resolvi começar a trabalhar com humor e ir para o palco. Dois anos após ser pai, um veterano, resolvi mudar todo o que tinha feito e toda a minha expertise de negócio e ir para o teatro?, abordou.
Atrás da novidade
Então, percebeu que a ideia tinha fundamento e tinha talento para aquilo, além de entender que havia um mercado. ?Eu tinha uma experiência de palco e público, com o Grupo Canto Livre, cantando, mas nunca fui ator. Resolvi me aventurar solo no palco e fazendo vários personagens?, disse. Em 2001 estreou um espetáculo no Teatro do IPE e, nessa época, interpretava vários personagens, como um baiano, um cantor de pagode e um publicitário criador de jingles.
Após um tempo, surgiu a ideia de criar um gaúcho, que não tinha nome ainda, mas que fazia uma paródia de uma música criada por uruguaianenses. ?Comecei com as esquetes e passei a participar do telejornal matutino 'Bom Dia Rio Grande', do Grupo RBS. Resolvi focar no personagem Guri de Uruguaiana. Em 2008, então, criei os 'Causos do Guri', quando criei o Licurgo e toda essa história. Eu tinha vários personagens, mas o Guri de Uruguaiana tinha uma característica: representava o Rio Grande do Sul e os gaúchos são muito bairristas.?
Além disso, Jair tinha um propósito: falar da música gaúcha e divulgar os valores da cultura gaúcha. ?Encontrei no Rio Grande do Sul a oportunidade, de uma forma descontraída e leve, em falar do mate, do churrasco, da indumentária, da dança, e cantar as músicas.?
Ao perceber a ascensão da internet, desde 2009 Jair investe no mundo digital, ao produzir clipes de paródias musicais feitas com o personagem. Um dos materiais chegou a mais de um milhão de views, o que, na época, era um número grande.
Isso tudo é resultado de um investimento alto de dinheiro, porém foi o que lhe deu retorno e abriu portas. ?Soube aproveitar e estou hoje trabalhando direto na internet desde essa época. Por conta disso, os números são expressivos e tenho cinco milhões de seguidores?, abordou.
Jair pontuou que começou a trabalhar e se esforçar muito em criar produtos e conteúdos para as mídias sociais. ?Isso gerou uma memória afetiva, inclusive por conta desse pioneirismo?, ressaltou.
Para ele, o acúmulo de todas as experiências e ações, que resultaram em diversos prêmios por ser lembrado com o personagem, é extremamente importante. ?Isso vale por conta do que estamos falando aqui de 40 mais. Quando eu estreei, com 42, já tinha tido loja, restaurante e tinha sido fotógrafo, com uma larga experiência de vivência. Já tinha a capacidade de gerenciar a minha carreira melhor que se tivesse acontecido essa ideia quando eu tinha 20 ou 25 anos.?
Isso porque ele poderia ter se deslumbrado com a popularidade, por exemplo. ?As empresas estão percebendo isso: com mais de 40 anos, não é mais o que era antes. Por conta de uma série de motivos, temos mais qualidade. Por isso, estou sempre inovando. Com a mudança no mercado preciso ?me puxar?, disse, ao citar os stand-ups e o mercado de podcasts. ?Quando percebi que esse produto estava em alta, há três anos, criei o meu podcast, o 'Matecast'. Fizemos 185 entrevistas, toda semana.
Como dar certo?
Jair disse que, ao empreender e mudar, pode trazer uma série de dúvidas, como se há mesmo a opção e condições para colocar em prática a ideia. Além disso, o medo pode dar ressalvas de seguir em frente, a exemplo de pensar que o tempo já passou devido às mais de quatro décadas de vida. ?Mas fracassar por não tentar é ruim. Não é??, questionou.
?Agora posso ter talento, mas se não tivesse trabalhado, muito provavelmente não teria atingido esses objetivos todos?, opinou. Por isso, para ele, ?o sucesso é 10% inspiração, mas inspiração é o talento e 90% é suor e transpiração?. Resumindo, disse: ?Perseverança é fundamental para que se consiga atingir o objetivo?.
A equipe de Coletiva.net está presente no no Summit Empreender 40+, realizado em 29 de outubro, no Teatro Bourbon Country, em Porto Alegre. e Comunicação, realizado em Canela, na Serra Gaúcha. Durante a cobertura, participam a gerente de Conteúdo Patrícia Lapuente, a repórter especial e social media Márcia Dihl e as assistentes de Redação Ronise Garcia e Ana Rosa Scheibe, que produzem matérias, entrevistas e bastidores diretamente do local. O público pode acompanhar a cobertura completa no portal Coletiva.net, com repercussões nas redes sociais ? incluindo Facebook e Threads ? e conteúdos exclusivos no Instagram e drops na Coletiva.rádio.