Cinco perguntas para Alisson Coelho

Consultor de Comunicação da Critério, jornalista também é professor e pesquisador na área

Alisson Coelho - Crédito: Divulgação

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Meu nome é Alisson Coelho. Nasci em Novo Hamburgo, cidade onde vivo. Sou jornalista e, atualmente, atuo como consultor de Comunicação na Critério. Sou também professor dos cursos de Comunicação e pesquisador na Universidade Feevale, onde coordeno a Agência Experimental de Comunicação (Agecom/Feevale). Realizo, ainda, estágio de pós-doutorado na Universidade de Brasília (UnB). Nas horas vagas, corro, mas como não tenho muitas horas vagas, tenho corrido pouco.

2- O que lhe fez escolher o Jornalismo como profissão?

Basicamente, todos os clichês que levam alguém ao Jornalismo. Lia muito na infância, hábito que mantenho, e que me deu alguma aptidão para o texto. Eu era o aluno que ia para a aula com um romance dentro do livro didático e ficava lendo durante as aulas. Eram universos completamente diferentes do meu, que me faziam viajar por mundos desconhecidos. Eu me apaixonei pelas palavras e pelo o que elas me faziam sentir. Descobri na adolescência que a minha única aptidão era para o texto, então, precisava encontrar uma profissão em que eu pudesse sobreviver escrevendo.  

Depois veio o gosto pela Política, o encontro com um mundo que não era o meu, e a vontade de mudar as coisas. O Jornalismo era um caminho natural, ainda que a universidade fosse algo completamente distante da minha realidade e da minha família. Era uma profissão na qual eu poderia escrever e, quem sabe, fazer algo de positivo. Não me arrependo, apesar de não ter mudado o mundo. O Jornalismo mudou, pelo menos, o meu mundo e sou muito grato por isso.

3- Recentemente passaste a integrar a equipe da Critério. Como avalia sua atuação como consultor até aqui? O que já pode ser executado?

Estou há cinco meses na Critério. Já conhecia a empresa do mercado, sempre foi uma agência extremamente reconhecida e respeitada. Nos últimos anos, dois amigos que fiz no mercado foram para o time da Critério, o que me fez acompanhar ainda mais o trabalho desenvolvido. Quando você olha a lista de pessoas reunidas pela empresa, é como ver uma seleção de jornalistas competentes. É muita gente boa e gente do bem. 

O convite para integrar esse time foi uma oportunidade de voltar à rotina diária do Jornalismo, já que nos últimos dois anos vinha me dedicando apenas à carreira acadêmica. Achei que demoraria mais tempo para voltar ao ritmo, mas foi mais tranquilo do que imaginei. Estou totalmente integrado, atendo a contas que me instigam a aprender. Eu me sinto integrado com os colegas, com os sócios. 

4- Com experiência tanto em veículos, mas também na universidade e, levando em conta o debate sobre a necessidade do diploma, como avalia o ensino do Jornalismo? Como ele contribui para a formação dos comunicadores?

O sociólogo francês Louis Quéré escreveu que existem tempos em que as coisas não são mais, porém não são ainda. O Jornalismo está passando por isso. O modelo que o sustentou no último século já não serve mais, e o novo formato ainda está sendo constituído, muito na base da tentativa e do erro. A disputa por atenção é complexa em um mundo saturado de informação. A entrega de conteúdo é hiperpersonalizada e cada vez mais mediada por algoritmos que mapeiam o gosto do leitor. Todo mundo fala ao mesmo tempo e muita gente se intitula jornalista.

Como ensinar Jornalismo em tempos assim? É uma pergunta que não deveria ser restrita à Academia. De forma geral, o ensino da profissão está se atualizando para dar conta desse novo mundo. Temos cursos muito bons aqui no Rio Grande do Sul, mas precisamos estar atentos. Não podemos apenas formar técnicos, apesar do fato de que ensinar a técnica é importante. Precisamos formar jornalistas críticos, com base intelectual plural e capacidade de olhar para além da superfície. O desafio é complexo, mas assim como a própria profissão, os cursos têm se atualizado para dar conta. Acredito que o ensino superior em Jornalismo é fundamental nesses tempos, e não digo isso por corporativismo, digo isso por uma preocupação real com a qualidade da informação que tem circulado. O Jornalismo segue sendo importante e a qualidade dele depende da boa formação dos profissionais. 

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Tenho 35, quase 36 anos. Ainda estou plantando muitas das coisas que quero colher lá na frente e acho que os próximos cinco anos serão de muito trabalho. Nos últimos 10 anos, investi muito na minha formação. Nesse período, fiz mestrado, doutorado, pós-graduações e diversifiquei a minha carreira. Hoje, trabalho com coisas das quais gosto, o que é um enorme privilégio. Em cinco anos, quero estar em condições de projetar uma desaceleração. Acho que o plano central é estar vivo, bem de saúde, fazendo o que gosto, tendo tempo para ver os meus amigos e a minha família.

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