Cinco Perguntas para Leno Falk

Jornalista lançou uma oficina sobre construção e formatação de reportagens especiais, gênero que já lhe rendeu quase 20 prêmios

Leno Falk é natural de Guaíba - Crédito: Arquivo pessoal

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Sou Leno Falk, jornalista com atuação desde 2008, gremista, pai da Sarah e do John (um menino peludo) e marido da Theresa Klein, também jornalista. Nasci em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, em 30 de novembro de 1987. Já trabalhei em redações do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Entre elas, Agência Radioweb (onde trabalho atualmente), Band News FM de Porto Alegre e do Rio de Janeiro, além das rádios Gaúcha e Guaíba, TVE e Globo News.

2 - Por que optou pelo Jornalismo?

Na verdade, quando saí do Ensino Médio não sabia muito bem o que queria fazer, tanto que cursei dois semestres de Educação Física, até hoje não sei o motivo (risos). Ao longo das disciplinas, percebi que aquilo não era pra mim. Sempre fui apaixonado por música e escutava muito as rádios jovens.

Por isso, aos 18 anos procurei um curso de rádio, mas ao ir à secretaria de Comunicação da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), o professor Astomiro Romais, coordenador do curso naquele momento, sugeriu que eu fizesse Jornalismo e me especializasse em rádio ao longo do curso. Então foi o que fiz e deu certo. No início tentei muito entrar em rádios como Atlântida e Pop Rock, mas não consegui. No decorrer do curso fui me apaixonando por rádios de notícia e me encontrei na profissão. Hoje, posso dizer que faço o que amo, que é trabalhar com áudio.

3 - Em junho, você anunciou a criação de uma oficina sobre reportagens especiais. Como está sendo o projeto?

Tem sido uma experiência muito legal e um caminho pouco explorado dentro do jornalismo pelos profissionais do meio, acredito que seja uma ótima opção pra gente compartilhar conhecimento. Espero que mais jornalistas pensem o mesmo e também explorem isso. Conversei com professores que gostaram muito da minha iniciativa. A convite do professor Luiz Artur Ferraretto, já conversei com alunos de jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também recebi contato de outro professor querendo implementar a mentoria no ambiente de trabalho de uma emissora.

Estou gostando e é um trabalho que expande nosso olhar na profissão. Minha ideia é, daqui a alguns anos, dar aula em universidades, já estou começando a me mexer para buscar especialização e mestrado. Desde o início da carreira, tive isso em mente e o momento de começar e dar os primeiros passos chegou. Também tenho investido, junto com um amigo, em mídia training para empresas, a experiência que obtivemos nos dá hoje essa segurança de poder passar nosso conhecimento para quem está do outro lado.

4 - Você tem uma vasta produção de reportagens especiais e já conquistou 19 prêmios com esse gênero. Houve alguma reportagem que lhe marcou mais?

Eu destaco duas. Uma delas foi a que fiz em 2019 com pessoas em situação de rua em São Paulo que são exploradas na montagem de grandes eventos. Conversei com diversas pessoas que vivem nas ruas da capital paulista e que são chamadas para trabalhar 12 horas por dia, sem qualquer vínculo com a empresa de montagem, e recebem R$ 50, sem alimentação, sem nada. É a chamada quarteirização dos serviços, que funciona da seguinte maneira: uma empresa terceirizada no Lolapallooza é contratada para montar a estrutura dos palcos. Essa empresa chama uma outra empresa que vai realizar o serviço, ou seja, uma "quarteirizada", sem qualquer vínculo com o evento. Foram várias as denúncias que obtive nas ruas. Essa reportagem rendeu o primeiro lugar do Prêmio Anamatra de Direitos Humanos, da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho.

A outra reportagem foi a que fiz em parceria com a Theresa Klein, chama-se 'Estupro marital e corretivo: a voz de quem sofre em silêncio'. Colhemos diversos depoimentos de mulheres estupradas pelos próprios namorados ou maridos, e também de homossexuais abusados durante a infância. Foi um trabalho duro com depoimentos pesados e chocantes. Essa reportagem foi a primeira colocada do Prêmio ARI de Jornalismo na categoria Áudio em 2020, ano em que fomos, além de primeiro, também segundo lugar com a reportagem 'Saneamento x Coronavírus: como se proteger à beira do esgoto'. Acredito que tenha sido inédito esse feito de sermos 1° e 2° lugar na mesma categoria do ARI. A reportagem do estupro também foi a vencedora do Prêmio CNBB de Comunicação na categoria Microfone de Prata.

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Ter independência profissional e geográfica.

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