Cinco perguntas para Naira Hofmeister
Jornalista foi recentemente reconhecida como finalista do prêmio 'Sigma Awards 2025'
                                        
                                        
                                        1 - Quem é você, de onde veio e o que faz?
Eu sou Naira Hofmeister, uma jornalista que escolheu seguir carreira como repórter investigativa freelancer há 20 anos, estando baseada em Porto Alegre, mas trabalhando para o Brasil e para o mundo.
2 - Quando decidiu que queria cursar Jornalismo?
A ideia surgiu durante os anos finais do colégio, após elogios de professores em minhas redações. Mas eu sigo escolhendo ser jornalista e, mais do que isso, repórter todos os dias!
3 - Recentemente, foi reconhecida como uma das finalistas do prêmio 'Sigma Awards 2025'. Como foi o processo de investigação para o trabalho?
O trabalho pelo qual sou finalista é uma colaboração entre jornalistas de cinco países da América do Sul que investigaram exploração ilegal, lavagem e tráfico de ouro no continente. O primeiro passo foi buscar dados oficiais sobre produção e comércio de ouro em cada um dos países: o volume de ouro comercializado era maior do que o de ouro produzido, um primeiro indício de que estamos exportando ouro ilegal.
No Brasil, o trabalho foi publicado pela Repórter Brasil e eu trabalhei ao lado do repórter Hyury Potter e da editora Bruna Borges. As reportagens nacionais utilizaram técnicas de levantamento de dados públicos e análises de imagens de satélite para concluir que o garimpo ilegal no país segue avançando, apesar de um aparente maior controle imposto sobre essa cadeia produtiva através de normas federais recentes.
Mostramos que essas novas regras reduziram os volumes de ouro extraídos legalmente de garimpos. À primeira vista, isso pode sugerir que os controles funcionaram, evitando que esses garimpos sejam utilizados como fachada para lavagem de ouro ilegal. Mas imagens de satélite revelaram que as cicatrizes do garimpo seguem aumentando em terras indígenas. Como a Constituição Brasileira proíbe a exploração de ouro nestes territórios, tivemos certeza de que se tratava de atividade ilegal. A conclusão é que agora o Brasil possivelmente está deixando de ser um país que lavava o ouro ilegal para ser um exportador de ouro completamente frio.
4 -  Quais são os maiores desafios no Jornalismo de dados?
Acho que, para muitos jornalistas, o maior desafio de lidar com dados é perder o medo de números, fórmulas, planilhas. Superado esse primeiro temor, o Jornalismo de dados é só alegrias: traz maior precisão e rigor para qualquer reportagem, previne erros ou "barrigas" porque obriga a verificação em múltiplas bases e ainda nos permite investigações e diagnósticos que seriam impossíveis sem o acesso a esse tipo de fonte.
5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?
Seguir produzindo reportagens de impacto que ajudem a melhorar o debate público em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Brasil e mundo.
                
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