Cinco perguntas para Rejane Martins
Profissional administra o Mesa de Cinema
                                        
                                        
                                        1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?
Sou jornalista e também licenciada em Letras. Fiz ambos os cursos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nasci e cresci em Porto Alegre, na Zona Sul. Hoje vivo na Bretanha, região litorânea no noroeste da França.
2 - Por que optou pela Comunicação?
A Comunicação entrou em minha vida de forma natural e apaixonante, quando criei o jornal Multiarte. Era para ser um guia de cultura para turistas e visitantes de Porto Alegre e se tornou um veículo que fomentou a reflexão cultural de nossa cidade no início dos anos 90. Na época, eu não pensava em fazer Jornalismo, tinha o curso de Letras e tinha trabalhado na editora Movimento. Lá eu descobri a paixão pelo Jornalismo, estimulada pelo mestre Carlos Jorge Appel. Foi ele quem me indicou para coordenar o Multiarte, o que me levou a fazer o curso.
3 - Em 2005, você criou o 'Mesa de Cinema'. Como ocorreu o desenvolvimento desse conceito de unir gastronomia com filmes e qual a sua percepção sobre o atual momento do projeto?
O 'Mesa de Cinema' surgiu como ferramenta de Marketing para a Assessoria de Imprensa de um cliente que eu e minha colega, Carla de Andrade, atendemos na época. O projeto foi gestado no final de 2004 e se tornou um fenômeno de mídia e de público, sendo pioneiro tanto como estratégia quanto no conteúdo, unindo Cinema e Gastronomia, que na época era praticamente inédito.
Esses dois campos sempre foram minhas paixões e fórmulas de escape de uma infância humilde. Meu pai e minha avó materna eram grandes cozinheiros e desde cedo nos acostumamos com verdadeiros banquetes, mesmo com poucos recursos. O cinema entrou desde muito cedo em minha vida graças ao estímulo da minha mãe, professora primária muito dedicada a dar uma formação cultural bem ampla aos filhos. Para nós, ir ao cinema foi um hábito adquirido mesmo antes de aprender a ler. Em 2004, inspirada pelo filme 'A Festa de Babette' (1987), entendi que "comer filmes" ia muito além de uma metáfora, e o Mesa de Cinema surgiu com essa missão: devorar a obra em todos os sentidos, ampliando nosso conhecimento e satisfazendo o paladar.
4 - O que o público pode esperar do Mesa de Cinema ainda em 2024? Quais ações estão sendo planejadas pelo projeto?
Desde o confinamento provocado pela pandemia, descobri que o 'Mesa de Cinema' tinha também esse dom de trazer alento para as pessoas em meio ao caos, em meio à dor e à incerteza. Fizemos edições on-line praticamente durante todo o período da Covid-19, entre 2020 e 2021. Filme e debate eram transmitidos virtualmente enquanto chefes espalhados pelo Brasil preparavam os pratos que eram entregues nas casas dos participantes. Foi revolucionário e emocionante.
Agora, estamos novamente enfrentando uma situação assustadora em nosso Estado e o 'Mesa' se reinventa para levar um pouco de leveza para quem perdeu muito ou tudo e precisa se reconstruir. A ideia é seguir em 2024 com ações solidárias para comunidades em vulnerabilidade, com edições que nos permitam levar esse alento para os desabrigados, ao mesmo tempo em que envolve e afaga os que podem ajudar. Vamos manter também o formato de nossos encontros de luxo, mas de forma mais esporádica e sempre com parte da renda direcionada para ajudar a quem mais precisa.
5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?
Diante dos desgovernos, despreparos e transformações pelas quais estamos passando, o plano principal é estar viva daqui a cinco anos. Com isso, espero que o 'Mesa de Cinema' siga consolidado em seu propósito de envolver pessoas e de ser um espaço de união, reflexão e prazer.
                
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