O estúdio criativo Deixa Vírgula e o curso de Jornalismo da Feevale se uniram e criaram um projeto de checagem de boatos sobre as enchentes no Rio Grande do Sul. A iniciativa começou a operar nos primeiros dias da catástrofe e conta com um time de 12 voluntários, entre jornalistas, publicitários e estudantes da universidade.

O projeto opera desde o sábado, 4, início do período mais crítico das chuvas. Em pouco mais de uma semana, já foram checados cerca de 50 boatos, número que cresce a cada hora em função da grande quantidade de informação que circula nas plataformas, de acordo com observações da iniciativa.

O projeto faz a recepção de informações diretamente no Instagram. O trabalho, assim como resultado das apurações, está sendo centralizado no perfil na rede social. De acordo com a publicitária Letícia Cassel, uma das fundadoras da iniciativa, o Deixa Vírgula nasceu do desejo de colaborar com o Rio Grande do Sul neste momento crítico. "Todos querem ajudar, e isso é fundamental agora. Buscamos contribuir com aquilo que temos de melhor, no nosso caso, é a capacidade que temos de apurar histórias e produzir informações de qualidade", ressalta.

Para o coordenador do curso de Jornalismo da Feevale, Alisson Coelho, o momento caótico favorece o crescimento da desinformação. Além disso, os veículos jornalísticos têm feito um excelente trabalho, mesmo que o volume de boatos seja alto. "Não queremos ser veículo, apenas colaborar nas checagens. Outro ponto importante para nós é oportunizar essa experiência prática aos nossos estudantes, que estão em campo apurando e produzindo conteúdo relevante", destaca.

Voltada inicialmente a estudantes, a possibilidade de se voluntariar no projeto atraiu profissionais já formados. Para o jornalista Luís Faleiro, colaborar com a checagem de notícias com o Deixa é importante para encontrar um ponto de lucidez em tudo o que está acontecendo. "Poder informar a mais pessoas sobre o que é verdade, o que é distorção, e o que é mentira sobre a realidade dos fatos relembra a mim mesmo a importância da profissão que escolhi me formar", afirma.

As informações são apuradas e divididas em três grandes grupos: Falso, Fato ou Impreciso. Para dar conta da necessidade de informação do público, ainda foram criadas outras duas editorias: o que é, em termos e dados são explicados didaticamente, que busca aprofundar a apuração de temas polêmicos.

Todos os posts são publicados com data e hora da apuração, já que as informações mudam rapidamente. "Além da boa investigação, temos uma preocupação especial com a linguagem e um bom design, capazes de facilitar o entendimento das pessoas, de uma forma que desperte o interesse", salienta Letícia.

Em decorrência da tragédia que atinge o Estado, considerada a maior da história do Rio Grande do Sul, Coletiva.net optou por mudar, provisoriamente, seu olhar editorial. Por tempo indeterminado, o noticiário do portal se focará em dar luz aos acontecimentos relacionados às chuvas e enchentes no mundo da Comunicação. Além disso, destacará a editoria Panorama como uma fonte de serviços. Vale ressaltar que nossos canais estão abertos a todas empresas de nosso ecossistema e comunicadores que queiram noticiar suas iniciativas em prol da população afetada. Informações excepcionais, não relacionadas ao episódio climático, também serão contempladas.