Especial rádio: os desafios do fazer entretenimento

Representantes de emissoras da Capital e do Interior analisam o cenário para os próximos anos

Entre os desafios do rádio, está o de fazer entretenimento - Divulgação

A transformação digital resultou em uma metamorfose de diversas frentes no mercado da comunicação. A internet, ao longo de seu processo de evolução e adaptabilidade, tornou-se a maior plataforma de interação do mundo e o rádio, claro, foi fortemente impactado. Muitos disseram, inclusive, que o meio morreria. Ao contrário, reinventou-se e ganhou ainda mais força e relevância. O que era dinâmico virou vital. 

É nesse cenário que o entretenimento também desempenha papel fundamental, especialmente quando se trata de estar perto, fazer relaxar e desligar - ainda que um pouco - das notícias bombásticas do cotidiano. É assim que entende o diretor de programação da Rádio Caiçara, da Rede Pampa, André Araújo, quando ele salienta que uma das principais características do meio é que ele pode fazer companhia a quem ouve em qualquer hora e em qualquer lugar. "E o principal, o rádio segue sendo, entre todos os veículos de comunicação, o que tem maior credibilidade", enaltece ele. 

André Araújo, diretor de programação da Rádio Caiçara. Crédito: Divulgação

Eron Voesch e Daniel Rodrigues, gerente e coordenador de Jornalismo da Rede Mais Nova, de Caxias do Sul, respectivamente, vão nessa mesma linha, acrescentando a instantaneidade como um dos maiores méritos do rádio. Segundo a dupla, por mais que hoje em dia as pessoas tenham o acesso à informação na palma da mão, é o rádio que está lá para não só informar, mas entreter a população. "Sem contar que, além de tudo, é grátis. Não é necessário assinar um plano especial para consumir rádio", destacou Eron.

Principais desafios

O rádio se reinventa a cada novo desafio. E a internet é um deles. Na visão do gerente e do coordenador, muitas emissoras ainda vivem na era analógica e não entenderam que o meio digital está aí para agregar, que pode caminhar junto do rádio.

Outro aspecto desafiador, para eles, é trazer a nova geração para o meio, fazer com que a juventude consuma mais áudio. "Vale lembrar que rádio não é uma rede social ou site vinculado a lado A ou B, mas um veículo de credibilidade, coisa que sempre o caracterizou ao longo da história. No rádio, não há fake news: tem companhia, conteúdo e credibilidade", defendeu Rodrigues.

Daniel Rodrigues, coordenador de Jornalismo da Rede Mais Nova FM. Crédito: Divulgação

 

E manter essas palavras é o que mais motiva quem trabalha na área, conforme André Araújo. Ele lembra que estamos próximos de cem anos da fundação da primeira emissora de rádio no Brasil. "Hoje, o público tem muitas opções de fontes de informação e de entretenimento. Cabe aos profissionais garantir a audiência com programação atualizada e ágil", argumenta o diretor de programação.

As próximas ondas

Inovação e criatividade. Essas são as palavras-chave para os executivos da Rede Mais Nova. Eron e Rodrigues entendem que só se destaca quem busca o diferente. "Acredito também que cada vez mais o rádio estará ligado às redes sociais, com a interatividade instantânea (seja por meio de opinião, recado ou ouvinte/repórter)", prevê Eron, que é corroborado pelo colega: "O uso das redes sociais tem como principal objetivo agregar os ouvintes mais jovens, que talvez ainda não tenham o hábito de consumir rádio".

 

Eron Voesch, gerente de Jornalismo da Rede Mais Nova FM. Crédito: Divulgação

André Araújo vai um pouco mais além, quando chama atenção para as questões técnicas. Segundo ele, além dos equipamentos de última geração, que garantem a qualidade de som e transmissão, é possível ter um rádio utilizando cada vez mais na sua programação os recursos da internet e das redes sociais. Assim como os profissionais de Caxias do Sul, o diretor da rádio Caiçara aposta nas mídias: "Essas ferramentas podem proporcionar uma interação ainda maior com o público. São ferramentas tecnológicas que, sabendo utilizar, podem cada vez mais aproximar e humanizar a relação comunicadores/ouvintes".

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