O jornal Antena, de Encantado, está no centro de polêmica, depois de publicar, no último dia 25 de abril, fotos íntimas de jovens da região do Vale do Taquari, em coluna assinada por Adriano Mazzarino. As imagens de duas meninas vestindo minissaias, acompanhadas do comentário "Na rede WhatsApp, as cenas congeladas acima mostram uma moça de Encantado que decidiu se soltar frente à câmera", ganharam repercussão na cidade. As fotos vazadas fazem parte de uma coleção de arquivos compartilhados no grupo "Ousadia & Putaria", no WhatsApp, que contém cerca de cem garotos, e expõe nudez de garotas, algumas seriam menores de idade.
Após a publicação, o fotógrafo e proprietário do jornal Antena, Juremir Versetti, fez uma postagem em sua página no Facebook, criticando a atitude das jovens que, segundo ele, "não se valorizam". "Alguém me disse que elas precisariam de um acompanhamento psicológico. Tem remédio sim, uma boa cinta de couro de búfalo com uma fivela de metal fundido, isso sim ajudaria e muito no psicológico delas", afirmou. A mensagem teve quase 700 curtidas e gerou centenas de comentários. Ao ser procurado pelo site Sul21, Versetti afirmou que apenas o seu advogado, identificado somente como Marco, falaria sobre o assunto. Entretanto, segundo reportagem, o profissional preferiu "não adiantar nada" sobre o caso. Ao jornal Opinião, também de Encantado, Versetti declarou que pretende processar pessoas que proferiram comentários violentos em sua postagem.
O Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (Sindjors) lamentou o ocorrido. A vice-presidente da entidade, Vera Daisy Barcellos, disse que o Sindjors pode levar o caso para a Comissão de Ética e investigar se Versetti possui registro de jornalista. "Mulheres não merecem apanhar. Ouço muitos relatos sérios de mulheres que apanham de seus companheiros, e ele está incitando e banalizando a violência. Ele é um formador de opinião, e todos que leem isso assumem como uma verdade", comentou.
Uma das jovens que teve suas imagens divulgadas contou ainda ao Sul21 que não sabe como o grupo do WhatsApp teve acesso ao conteúdo. Ela precisou excluir seu Facebook e tem dificuldades para sair à rua. "Estou ficando muito dentro de casa, porque as pessoas ficam passando na frente da minha casa devagar e olhando com curiosidade", relata a menina, que também fez um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher e contratou um advogado. Sobre as declarações de Versetti, ela afirma que também tomará providências legais.
Na cidade, um coletivo de mulheres também foi criado e criticou a postura do jornal em carta aberta. "Acreditamos que o "jornalista" e integrante do  Jornal Antena, Juremir Versetti, é influente no cotidiano dos encantadenses, portanto, deve ter responsabilidade sobre o que divulga. Fofoca não é jornalismo e o espaço deveria ser utilizado para informar a população, derrubar preconceitos e difundir o respeito, em busca de uma sociedade mais justa", defendem no texto.
A prática de vazar fotos íntimas, de famosos ou anônimos, quando obtidas por meio da invasão de computadores, é crime no Brasil. A lei de 2012 é conhecida como "Carolina Dieckmann", pois foi proposta diante de situação sofrida pela atriz, em maio de 2011, que teve copiadas de seu computador pessoal 36 fotos, que acabaram divulgadas na internet.