Mulheres lideram apenas 21% das redações no Brasil
Reuters Institute estudou a presença de diferentes gêneros entre os principais editores de 240 grandes veículos de notícias em 12 países

Apesar dos avanços das últimas décadas, a desigualdade de gênero nas redações e empresas de mídia no Brasil segue sendo uma realidade persistente. Segundo uma análise recente do Reuters Institute, que investigou a distribuição de gênero entre os principais editores em 240 grandes veículos de notícias em 12 países, o Brasil, assim como muitos outros locais, ainda enfrenta uma predominância masculina nos cargos de liderança editorial.
Apesar de as mulheres representarem, em média, 40% dos jornalistas nos 12 mercados analisados, apenas 27% dos principais editores são mulheres. Esse número é ligeiramente superior ao de 2024, quando a participação feminina era de 24%, mas ainda está distante da paridade.
No País, a situação permanece desafiadora. A porcentagem de mulheres nos cargos editoriais de alto escalão caiu de 22%, em 2024, para 21% em 2025, o que reflete a dificuldade das mulheres em ascender a essas posições, mesmo com o aumento de sua presença na profissão jornalística em geral. O Brasil segue a tendência observada em outros mercados, como a África do Sul e a Coreia do Sul, onde as mulheres também enfrentam uma queda na representatividade nos cargos de liderança.
Em contraste, o Reino Unido apresenta uma situação mais favorável, com o maior percentual de mulheres entre os principais editores (46%), superando pela primeira vez os Estados Unidos, que vêm apresentando uma queda consecutiva nesse quesito. "Os resultados da pesquisa evidenciam que o Brasil precisa de políticas públicas mais robustas para garantir que as mulheres tenham acesso real e igualitário aos cargos de liderança nas redações", afirma Samira de Castro, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Para Samira, que também integra o Comitê Executivo do Conselho de Gênero da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), isso implica em ações concretas por parte das empresas de mídia. Elas devem investir em treinamento, apoio a carreiras femininas e garantir que as mulheres possam ocupar posições de decisão sem enfrentar barreiras invisíveis que as limitam.