?O que tu 'tá' fazendo aqui??: esta foi a primeira pergunta que Luciano Potter, jornalista com mais de duas décadas no Grupo RBS, fez para o então novo colega, César Cidade Dias, conhecido como CCD, que acabara de ingressar na Rádio Gaúcha para atuar no 'Sala de Redação'. Isso porque o novato tinha a própria audiência em seu canal de YouTube já consolidado e estava migrando, em parte, para um veículo mais tradicional. Hoje é CCD quem questiona Potter, agora ex-colega, que deixou o Grupo RBS depois de 25 anos para ser palestrante e comandar um podcast de entrevistas - ou seja: passou a ser empreendedor e deixou de ter carteira assinada. Assim começou o bate-papo, comandado por um dos idealizadores do Summit Empreender 40+ Fernando Puhlmann, durante o evento realizado nesta quarta-feira, 29.
O bate-papo foi mediado por Fernando Puhlmann. ?Depois de 25 anos de CLT faz 67 dias que eu larguei uma certeza, de um reconhecimento diário, e que não terei a certeza de receber salário ao final do mês. Fiz esse movimento bem pensado e aos poucos. Mas não podia abandonar a ideia de que estava passando um cavalo e eu não estava encilhando?, narrou Potter sobre deixar o conglomerado midiático e apostar em empreender. Ele complementou o pensamento ao dizer que ?a zona de conforto morreu e o medo é o que me dá força para querer me movimentar e avançar em outros mundos?.
CCD também compartilhou os caminhos que trilhou. ?Quando eu tinha 40 anos, minha empresa quebrou e não sabia o que fazer e nem para onde ir. Hoje, 14 anos depois, estou aqui, com meu canal do YouTube e no 'Sala de Redação'?, contou. Por isso, de acordo com ele, os tombos ajudam a buscar novos caminhos e, essa obrigatoriedade, acaba gerando a formação de novas conexões.
?Quando o Pedro Ernesto me perguntou se eu queria ir pro 'Sala', nem perguntei o valor. Sabia que isso era uma necessidade de vida e que estava abrindo mão de dinheiro. Mas precisava de alguma maneira ter algo que ia muito além do financeiro. No dia que fiz isso, eu estava com muito medo. Mas eu precisava me conectar com meu avô e meu pai, algo que era muito importante pra mim, pois ambos não estavam mais aqui?, relatou. Segundo ele, aquele preço superaria todo e qualquer movimento que fosse. Então, a vida não é exatamente o movimento do dinheiro.
E agora?
Após duas décadas trabalhando com Entretenimento e Esporte, além de informações com tom mais leve, Potter disse que passou a entender que gostava de outros negócios. ?Comecei a transformar os meus gostos pessoais em entregas e comecei a fazer vídeos contando histórias. Algumas são emocionantes e outras são legais. Eu tinha um patrocinador junto nessas mensagens e alguém comentava: muito legal, só que essa marca não tem nada a ver com o teu conteúdo?, relatou, ao dizer que conversou conversou com a empresa e entenderam que não fazia mais sentido continuar com o patrocínio, porque ele não tratava mais com a linguagem que precisavam. ?Enfim, está tudo certo. Entende? Porque tem um outro público.? Então, agora, de acordo com Potter, ele tem um outro público. ?Cada vídeo meu, 50% no Instagram, é de quem não me segue e não sabe quem eu sou. Porque estou abrindo uma outra janela. Dei um passinho para trás pois estou respeitando acima de tudo, quem eu sou diariamente?, comentou, ao brincar: ?Não quero mais falar do Bernabei? (jogador do Internacional). Torcedor colorado, que trabalhou por muitos anos como jornalista identificado com o clube, o jornalista relatou que o assunto não faz parte mais do dia-a-dia dele. ?Aconteceu algo na minha vida que foi o sinal disso: esses dias me esqueci do jogo do Inter.
Conforme Potter, ?daqui a 10 anos talvez eu queira retornar e voltar para o 'Sala' tossindo e com aquele barulho de velho?, brincou, ao comentar que deseja contar histórias do Esporte de uma outra maneira. ?Minha vida mudou. Estou perdendo seguidores, mas também estou ganhando um novo público. Inclusive, vou amanhã para Brasília e quem me contratou não sabia que eu tinha trabalhado em rádio.? Essa novidade, apesar de lhe dar medo, também o acalma.
Hoje, Potter consegue, depois de tantos anos, controlar um pouco do tempo, e brincou que deixou a RBS porque não aguentava mais ir a reuniões. Ele analisou que a internet criou um encanto por trabalho e achando beleza onde não há. ?Faz parte entendermos que o processo não é feito apenas de coisas legais. Há a parte mais difícil, assim como decisões mais árduas de se fazer e outras que podem ser erradas. Daqui a pouco eu estou fazendo uma grande burrada na minha vida de ter saído de um trabalho CLT, mas deixa eu ter certeza disso, porque eu não saberei se não fizesse isso.?
Valeu a pena?
Ao serem questionados se valeu a pena as decisões que tomaram para a carreira, Potter salientou: ?Estou bem no início. Hoje, a resposta é não, pois acabou de começar.?
CCD, por sua vez, disse que está sempre seguindo em diante. ?Não sei o que acontecerá ali na frente, mas estou adorando estar aqui, conhecendo pessoas e caminhando.? Entretanto, Potter apontou: ?A pergunta não foi essa de estar conhecendo pessoas?, ao completar: ?A decisão de você ter saído do YouTube ganhando 175 mil reais por mês para ir ganhar 17 mil reais foi certa? Sim ou não??. César, por sua vez, encerrou brincando: ?eu estou caminhando e conhecendo pessoas?.
A equipe de Coletiva.net está presente no no Summit Empreender 40+, realizado em 29 de outubro, no Teatro Bourbon Country, em Porto Alegre. e Comunicação, realizado em Canela, na Serra Gaúcha. Durante a cobertura, participam a gerente de Conteúdo Patrícia Lapuente, a repórter especial e social media Márcia Dihl e a assistente de Redação Ronise Garcia, que produzem matérias, entrevistas e bastidores diretamente do local. O público pode acompanhar a cobertura completa no portal Coletiva.net, com repercussões nas redes sociais ? incluindo Facebook e Threads ? e conteúdos exclusivos no Instagram e drops na Coletiva.rádio.