Outubro Rosa: Comunicação para ajudar na prevenção

Coletiva.net traz em especial ações dos veículos de imprensa e uma conversa com Alice Bastos Neves, que se tornou uma das vozes da causa

Série especial do portal aborda o tema em quatro conteúdos - Divulgação/Coletiva.net

O mês é outubro e o rosa remete à cor que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama e incentiva a participação da população, empresas e entidades. Neste período, veículos de Comunicação pautam matérias e ações que estimulam o autocuidado e a importância da prevenção. Comunicadoras que já enfrentaram ou ou ainda convivem com a doença também se tornaram porta-vozes dessa luta, como Alice Bastos Neves, apresentadora da RBS TV. 

O foco no assunto tem justificativa, afinal, excluindo os tumores de pele não melanoma, esta é a enfermidade mais incidente em mulheres no Brasil. Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é que em 2021 ocorram 66.280 casos novos, ou seja, 43,74 por 100 mil mulheres. 

Nesse mesmo levantamento, o Rio Grande do Sul é o quarto estado no Brasil em número de casos, com 4.050, e o quinto em taxa bruta -  incidência por neoplasia maligna da mama por 100 mil mulheres - com 69,50%.

Para tanto, o Coletiva.net também integra essa corrente de alerta e, ao longo desta semana, publica uma série especial com quatro conteúdos sobre o assunto. No texto de estreia, a procura pelos exames, uma conversa com a apresentadora do 'Globo Esporte RS' e as ações da mídia. Nos próximos dias, exemplos de profissionais da Comunicação que superaram ou ainda vivem com a enfermidade.

Retomada dos exames 

Com a chegada da pandemia do novo coronavírus e o medo de serem contagiadas nos ambientes, as mulheres deixaram de fazer o exame para detecção do câncer de mama. Com o avanço da vacina e queda nos casos de Covid-19, este índice voltou a subir, apesar de continuar inferior a 2019. 

Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), com base no sistema federal, ao comparar o intervalo de janeiro a julho nos anos de 2019 e 2020, a queda de procura nos exames pelo SUS foi de 34,56%. Só nas mamografias bilaterais para rastreamento, a redução foi 39,13%. Já em 2021, neste mesmo período, houve crescimento de 19,87%, enquanto em mamografias bilaterais para rastreamento foi de 21,76%. Até o momento, neste ano, foram realizados 184,9 mil, 78,43% do que em 2019, no mesmo período, antes da pandemia.

Referência positiva

Alice Bastos Neves se tornou exemplo na batalha contra o câncer de mama. Crédito: Anselmo Cunha

Foi em um exame de rotina, após sentir um nódulo no toque do seio, uma ecografia mamária e a biópsia que Alice Bastos Neves, em janeiro de 2020, com 35 anos, descobriu que estava com carcinoma. "Costumo comparar o momento do diagnóstico como uma tijolada na cabeça, de ficar completamente desorientada. Eu tinha a sensação que eu andava em câmera lenta e o mundo ao meu redor na velocidade normal." Em 27 de janeiro, fez a cirurgia de retirada do quadrantectomia - que tira o nódulo com margens - e não precisou fazer a mastectomia (retirada na mama). Meses depois, fez quimioterapia, radioterapia e terminou o processo em outubro de 2020. E foi considerada curada pelo médico.

A jornalista segue em tratamento devido à característica da enfermidade. Ela toma medicação para manter um bloqueio hormonal e, por isso, tem efeitos, como se fosse uma menopausa - dor articular e 'calorões', por exemplo. Apesar disso, não parou de trabalhar, pois considerava que a fortaleceria. Para tanto, contou com o apoio da RBS TV. "Continuar trabalhando me ajudou muito porque é um momento que não foca só no tratamento, porque são remédios para tomar, efeito do remédio no corpo. Para mim, fazia muito bem tirar a cabeça daquilo e poder me dedicar ao meu trabalho, que é algo que eu amo fazer." 

Atingindo milhões de mulheres por meio do programa televisivo e redes sociais, Alice decidiu dividir a luta com os espectadores, principalmente porque sabia que as pessoas perceberiam as mudanças ocasionadas pela quimioterapia. Depois de falar, recebeu muito carinho do público e soube que estava ajudando outras pessoas, o que a ajudou no enfrentamento. 

A intenção inicial não foi se tornar influenciadora, e ela não se considera protagonista, afinal, como mãe, amiga, filha, profissional, o câncer de mama não é a única causa da vida dela, mas é algo importante. "Se eu conseguir que uma mulher vá fazer seu exame, consiga descobrir no tempo certo, busque tratamento e consiga passar por isso e consiga a cura, pra mim, está lindo. Uma mulher que faça seu exame, já é uma grande vitória." Ela sabe que o relato pessoal tem o poder de conectar os indivíduos, por isso, desde o momento que se viu nessa posição, tenta usar para o bem e da melhor maneira possível. 

Ser esta referência traz obrigações, mas também a estimula a seguir lutando. O senso de responsabilidade ela já sente por ancorar uma atração na emissora, e, por isso, sempre procura fazer da melhor maneira possível. Ainda mais quando envolve um tema que é tão importante para ela, pessoalmente, e que sabe que gera um impacto grande nas mulheres e pessoas que passam por isso. "Tanto as mulheres, quanto na rede de apoio delas. Quem vive perto de uma situação como essa, impacta muito. Eu, obviamente, sigo lutando e trabalhando." 

Ações na mídia

Diferentes movimentos na imprensa destacam a importância do autocuidado e da prevenção. No Correio do Povo, o caderno 'Bella Mais' trouxe a matéria 'Outubro Rosa: pandemia motiva queda de 47% na procura por mamografia', no qual destaca a redução na procura pelos testes durante a pandemia e a importância da prevenção. 

O Jornal do Comércio acompanha as iniciativas desenvolvidas no Estado, como o exemplo de uma notícia publicada na editoria de Geral sobre estratégias para aumentar exames de mama e útero em Porto Alegre.

No Grupo RBS, uma das ações destaques é a segunda temporada da série 'Vitórias', comandada justamente por Alice Bastos Neves no 'Globo Esporte RS', na qual apresenta cases de mulheres que usam o esporte e de uma vida saudável para o combate ao câncer de mama.  

A Rede Pampa divulga as ações existentes sobre o assunto e a Rede Record traz matérias especiais, minicampanha, e ações nas redes sociais. Na rádio Guaíba, que integra o grupo, há uma cobertura com entrevistas e programas temáticos, a exemplo do 'O Cia Inteligente'  que teve uma edição dedicada ao assunto.

Já a RDC aderiu à Campanha Outubro Rosa e, no final de setembro, produziu entrevistas para introduzir a pauta, com direito a evento de lançamento da ação. As atrações da emissora recebem especialistas e há desdobramentos da pauta, como a entrevista de pessoas que auxiliam na recuperação das 'Vitoriosas' (vítimas do câncer de mama) - desde tatuadoras que recriam mamilos até treinadores físicos para destacar a importância de uma vida saudável na prevenção e recuperação. 

Nos drops 'Conversa com especialista', apresentado por Paulo Viana, a dr. Maira Caleffi (Hospital Moinhos de Vento/Imama) traz alertas importantes para o diagnóstico. No 'Gourmets na TV', o apresentador Newton Kalil veste uma dolmã rosa personalizada por artistas vinculados ao Imama. Além disso, todos os colaboradores da empresa receberam um laço cor de rosa para usar anexado à roupa durante este mês.

Na FM Cultura e na TVE o assunto está sendo desenvolvido. Na rádio, ele é pauta dos programas 'Café Cultura', das 7h às 9h, e no 'Cultura na Mesa', das 12h às 13h.

Na emissora televisiva, foi ao ar um especial que integra a série 'Palácio Aberto', gravado no Palácio Piratini. Além disso, a causa é abordada no jornalístico diário 'Redação TVE', que vai ao ar todos os dias às 18h30. A Ulbra TV inclui o tema no destaque das pautas. 

Procurados pelo Coletiva.net, o Grupo Bandeirantes não retornou até a publicação desta reportagem e o SBT RS afirmou não ter preparado nenhuma cobertura especial. 

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