Painel relembra lançamento dos genéricos como exemplo de ação coordenada em prol de bem coletivo

'Encontro+B Amazônia 2025' reuniu gerente-geral da Weleda no Brasil e América Latina e diretora-executiva do Instituto Oyá

04/09/2025 16:30 / Atualizado em 04/09/2025 17:30
Painel relembra lançamento dos genéricos como exemplo de ação coordenada em prol de bem coletivo /Crédito: Agência Eyxo

Neste segundo dia do 'Encontro+B Amazônia 2025',  o painel 'Tecendo redes: a importância da ação coletiva' reuniu Maria Claudia Villabom Pontes, gerente-geral da Weleda no Brasil e América Latina, e Kamila Camilo, diretora-executiva do Instituto Oyá. Na conversa foi destacada a antroposofia e relembrado o lançamento dos medicamentos genéricos no Brasil como um marco histórico de mobilização coletiva.

A manhã do segundo dia de evento foi dedicada a refletir sobre como diferentes abordagens - filosóficas, empresariais e sociais - podem se unir para criar transformações duradouras. Maria Claudia falou sobre a antroposofia, filosofia criada pelo austríaco Rudolf Steiner - também um dos fundadores da Weleda - que defende que o ser humano e a natureza são indissociáveis e que todas as ações estão interligadas. Esse pensamento orienta a atuação da multinacional suíça, centenária e pioneira na produção de medicamentos e cosméticos naturais.

De acordo com Maria, esta visão se traduz em práticas concretas na empresa. Respeitando o tempo de desenvolvimento de cada produto, alguns levam até três anos para serem formulados, buscar matérias-primas cultivadas de forma sustentável e manter uma relação de aprendizado e cuidado com colaboradores. "Quando destruímos o outro, em última instância estamos nos destruindo também, porque estamos todos ligados", destacou.

Kamila, por sua vez, trouxe o olhar do Instituto Oyá, organização que atua para ampliar a voz e o protagonismo de comunidades negras e periféricas no Brasil. Para ela, fazer escolhas certas em ambientes empresariais ou sociais têm custos altos, mas a mobilização coletiva pode superar essas barreiras.

Foi neste ponto que o painel relembrou o lançamento dos genéricos no Brasil, em 1999, como um dos maiores exemplos de ação coordenada no país. O processo envolveu a articulação entre governo, agências reguladoras, indústria farmacêutica nacional, fornecedores de insumos e farmácias. 

O objetivo comum - permitir o acesso da população a medicamentos de qualidade com preços justos - acabou mudando padrões da indústria e criando um novo paradigma para o setor. Hoje, os genéricos representam mais de 50% das vendas de medicamentos no Brasil e são lembrados como prova de que ações coletivas podem alterar estruturas inteiras.

O painel concluiu que transformar realidades complexas exige colaboração entre diferentes atores, sejam eles empresas, governos ou comunidades. Como resumiu Kamila: "Fazer o certo sozinho é caro. Mas, quando a coletividade se mobiliza, conseguimos abrir caminhos para soluções mais justas."

Coletiva.net e Agência Eyxo estão em Belém para cobrir o 'Encontro+B Amazônia 2025'. O evento, que se estende até sexta-feira, 5, Trata-se de um encontro no qual líderes empresariais, comunidades, organizações aliadas e cidadãos se reúnem com um propósito comum: transformar a realidade a partir do mercado, com impacto coletivo. O público pode conferir materiais nas redes de ambas as empresas