Pesquisa encomendada pela Fenaj aponta que maioria dos jornalistas brasileiros formais era composta por mulheres
Estudo foi realizado pelo Dieese e apontou que a maior parte dos profissionais era de brancos e com idades entre 30 e 39 anos

Estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), apontou que em 2021 os jornalistas brasileiros empregados com carteira assinada eram, em sua maioria, mulheres (49,9%). Pesquisa também revelou que a maior parte dos profissionais era de brancos (47,3%), com idades entre 30 e 39 anos (35,8%) e com somente até um ano no mesmo posto de trabalho (30,5%).
Segundo a presidente da Fenaj, Samira de Castro, os dados apresentados vão ao encontro da pesquisa 'Perfil do Jornalista Brasileiro 2021', realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o apoio de diversas organizações, entre elas a Federação. "Essas informações levantadas pelo Dieese são importantes para direcionar a nossa atuação sindical", comenta.
O estudo trouxe como dado que a remuneração média recebida pelas mulheres jornalistas em 2021 foi de R$ 5.575,40, enquanto a dos profissionais do sexo masculino era de R$ 5.914,70. Ou seja, elas recebiam 94,3% da remuneração dos homens. O caso mais díspar entre as funções foi nos cargos de chefia, dos diretores de Redação. Enquanto as mulheres recebiam, em média, R$ 7.714,50, os homens ganhavam, em média, R$ 13.161,80. Ou seja, a diferença na remuneração era de 58,6%.
Outro ponto do estudo foi a distribuição dos profissionais por raça/cor, que indicou que 47,3% eram brancos, cuja remuneração média era de R$ 6.924,65, enquanto os declarados pardos e pretos representavam 17,7% e 2,9% respectivamente. O Dieese informou que, no caso da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), essa classificação de raça/cor é realizada a partir da declaração da empresa, e não do funcionário, o que gera muitos casos de ausência de declaração e informações pouco precisas.
Idade e tempo
A pesquisa também traz que, dos 47,9 mil trabalhadores formais da categoria, 17.139 (35,8%) eram da faixa etária entre 30 e 39 anos. Profissionais mais jovens (15 a 29 anos) somavam pouco mais de um quarto do total (25,4%). O Dieese comprovou no estudo que quanto mais velho, maior a remuneração na categoria. Na faixa 25 a 29 anos, os salários médios eram de R$ 3.631,00, 37% menor do que a média geral da categoria.
No tempo de casa, a pesquisa apontou que mais de um terço (30,5%) dos profissionais possuía até um ano do mesmo posto de trabalho. Outros 20,1% tinham de um a três anos, e quase metade (49,3%) estava havia três anos ou mais na empresa.
Segundo Samira esses dados permitem a confirmação de que as demissões em massa, que ocorrem de tempos em tempos, atingem em cheio os profissionais mais experientes, tanto pela idade, quanto pelo tempo de serviço dedicado a uma mesma empresa. "São estes os que acumulam um salário maior e, geralmente, são sindicalizados. Além disso, inferimos o etarismo na hora das demissões em massa", pontua.