Violência contra jornalistas cai em 2024, mas censura e assédio judicial preocupam, aponta Fenaj

Maior parte dos ataques foi registrada durante o período eleitoral, especialmente em julho

Entidade alerta para o crescimento de outras formas de silenciamento, como o assédio judicial e a censura institucionalizada. - Crédito: Divulgação

O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil - 2024, divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), registrou uma queda de 20,44% nos ataques à categoria em comparação com o ano anterior, totalizando 144 casos - o menor número desde 2018. Apesar da redução, a entidade alerta para o crescimento de outras formas de silenciamento, como o assédio judicial e a censura institucionalizada, que dobraram em relação a 2023. A maior parte dos ataques foi registrada durante o período eleitoral, especialmente em julho, e teve como principais agressores políticos, servidores públicos e apoiadores da extrema direita. Para acessar o relatório, clique aqui

A Região Sudeste liderou o ranking de violência com 38 ocorrências, sendo São Paulo o estado com maior número absoluto de casos (23). No outro extremo, o Amapá não registrou nenhum ataque, embora a Fenaj alerte para possíveis subnotificações. A Região Sul teve um leve aumento nos registros, passando de 30 para 31 casos. O Paraná puxou essa alta, com 15 ocorrências - quase a metade da região - seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 8 casos cada. A descentralização dos ataques, agora mais frequentes em cidades do interior e contra profissionais de veículos locais, também chamou a atenção.

Fenaj emite alerta

Além da violência física, com 30 agressões registradas, o relatório aponta que as mulheres jornalistas continuam sendo vítimas de ataques misóginos, embora os homens ainda representem a maioria dos alvos. Em nível internacional, a Fenaj destacou o assassinato de 122 jornalistas, com destaque para a Faixa de Gaza, e reforçou que o combate à violência, à desinformação e aos discursos de ódio deve ser intensificado no Brasil, especialmente com a aproximação das eleições de 2026.

Para a Fenaj, os dados exigem atenção e ação imediata. "A liberdade de imprensa é uma condição para a democracia, os direitos humanos e a soberania nacional. Não podemos tratar a redução de casos como sinal de estabilidade. A luta agora é contra novas formas de censura que se disfarçam de legalidade", concluiu Samira de Castro, presidente da entidade. A Fenaj reforça a necessidade de garantir salários dignos, segurança no trabalho e combate sistemático aos discursos de ódio, especialmente com a aproximação do próximo ciclo eleitoral em 2026.

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