Espetáculo 'O Lanceirinho Negro' percorrerá praças e parques de Porto Alegre

Peça baseada no livro de Angela Xavier e dirigida por Mayura Matos aborda ancestralidade, resistência e identidade

Espetáculo marca os 17 anos do coletivo Trupi Di Trapu - Créditos: Juliette Bavaresco

O espetáculo infantojuvenil 'O Lanceirinho Negro', inspirado na obra da escritora gaúcha Angela Xavier, será apresentado em diferentes espaços públicos de Porto Alegre, entre os dias 23 e 26, quinta-feira e domingo. Realizado pelo coletivo Trupi di Trapu, o projeto foi contemplado pelo Edital de Produção Artística do Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural de Porto Alegre (Fumproarte) e conta com financiamento do Grupo Carrefour Brasil.

Dirigido por Mayura Matos, o show aborda as histórias de luta e resistência dos Lanceiros Negros, propondo reflexões sobre ancestralidade e fortalecimento identitário para o público jovem. O elenco é composto por Anderson Gonçalves, Bruno Fernandes, Jane Oliveira e Yannikson, que interpretam o protagonista 'Lanceirinho'. A montagem também conta com Ketelin Oliveira, que realiza a interpretação em libras.

A peça é uma adaptação teatral do livro homônimo de Angela Xavier, concebida para responder a questões de uma aluna sobre a Revolução Farroupilha. Com forte influência da cultura afro-gaúcha, o espetáculo incorpora elementos como atabaques, samba de roda e arquétipos dos orixás para criar uma narrativa educativa e poética.

Sobre a obra

O enredo conecta as vivências contemporâneas dos personagens à memória dos Lanceiros Negros, que simbolizam coragem e resiliência. "O espetáculo surge como uma possibilidade de resgate ancestral, de difusão de conhecimento e de aproximação das novas gerações com a cultura e a história negro-brasileira, ao mesmo tempo em que marca os 17 anos da Trupi di Trapu", explica o ator e bonequeiro Anderson Gonçalves, que também assina a produção e cenografia do projeto.

Para Gonçalves, apresentar a peça em espaços públicos é essencial para dar visibilidade aos Lanceiros Negros na história do Rio Grande do Sul e combater o racismo estrutural. "Esses espaços são democráticos e permitem discutir a invisibilidade histórica de heróis negros e indígenas, que muitas vezes são omitidos da narrativa tradicionalista", afirma. "Mostrar essas histórias na rua ajuda a desconstruir estereótipos e contribui para a formação de uma consciência antirracista, valorizando a diversidade e a memória desses heróis esquecidos", complementa.

Além de destacar figuras históricas, a montagem foca no protagonismo negro, explorando temas como identidade e enfrentamento ao racismo por meio de jogos, músicas e brincadeiras com referências à cultura afro-brasileira. "Nosso trabalho, ao abordar o letramento racial e destacar a importância de personagens negros, promove reflexões e valoriza heróis que inspiram resistência e esperança. Embora tratemos de temas históricos pesados, como a luta e a morte dos Lanceiros Negros, trazemos também a mensagem de virtude e liberdade, que vai além da ausência de correntes, abrangendo a aceitação e a valorização do outro em sua essência", enfatiza Gonçalves.

Com esse projeto, a Trupi di Trapu se propõe a resgatar a memória heróica negra, oferecendo espaços de acolhimento e criação de novas referências positivas para as novas gerações. "Pedagogicamente, mostramos que os heróis podem e devem ser negros, indígenas ou LGBTQIA+, ampliando referências e fortalecendo as relações étnico-raciais na comunidade", conclui o ator.

Ficha técnica:

Atuadores: Anderson Gonçalves, Bruno Fernandes, Jane Oliveira e Yannikson

Diretora cênica/encenadora: Mayura Matos

Produtor executivo, cenógrafo e criação de bonecos: Anderson Gonçalves

Diretora musical: Jane Oliveira

Intérprete de Libras: Ketelin Oliveira

Assessoria Histórica: Angela Maria Xavier Freitas

Figurinos e cenografia: Mari Falcão

Designer gráfico: Yannikson

Assessoria de Imprensa: Silvia Abreu

Identidade Visual: Mitti Mendonça e Alisson Affonso

Fotografia e Gestão de Redes Sociais: Juliette Bavaresco

Produção local: Rita Santos

Realização: Trupi Di Trapu

Financiamento: Fumproarte, prefeitura de Porto Alegre. 

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