A professora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e primeira vereadora negra eleita em Lajeado, Rosane Maria Cardoso, será uma das homenageadas com a Medalha Preta Rosa, concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A honraria, que celebra o protagonismo de mulheres negras em diferentes áreas de atuação, será entregue em cerimônia no dia 23 de julho, às 14h, no Salão Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.

A iniciativa é da deputada estadual Laura Sito e integra a programação do Julho das Pretas, em alusão ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado na próxima sexta-feira, 25. A medalha reconhece lideranças femininas negras nas áreas da política, cultura, educação, saúde, segurança pública, trabalho social e academia.

Com uma trajetória vinculada à educação e com as causas sociais, Rosane atua no Departamento de Ciências, Humanidades e Educação e no Programa de Pós-Graduação em Letras da Unisc. Antes de ingressar no ensino superior, trabalhou como auxiliar de enfermagem por mais de 10 anos. Aos 26 anos, ingressou no curso de Letras, área pela qual sempre teve paixão. Desde 2010, integra o corpo docente da universidade.

Na política, Rosane fez história como a primeira mulher negra eleita vereadora em Lajeado. Durante o mandato, tem se destacado pela defesa das cotas raciais no serviço público e pela destinação de recursos para iniciativas voltadas ao combate ao racismo e à promoção da inclusão. Entre suas conquistas estão a viabilização de verbas para a Casa de Passagem do Vale, para ações de educação antirracista e para a criação de uma Unidade Especializada de Saúde (UES) voltada ao atendimento da população trans.

"Essa medalha me enche de orgulho. É o reconhecimento de uma trajetória voltada à defesa de políticas públicas e dos direitos dos grupos minorizados. Receber esse prêmio apenas sete meses após iniciar o mandato é muito significativo para mim", afirma Rosane.

Um símbolo de luta e resistência

O nome da medalha homenageia Preta Rosa, mulher negra escravizada que atuou como combatente no quilombo de Manoel Padeiro, no sul do Estado, durante a década de 1830. Ela se destacou por sua bravura e estratégias de guerrilha, chegando a se vestir como homem para reunir informações durante os conflitos. Preta Rosa foi morta em combate em 1835, tornando-se símbolo da resistência negra feminina. A cerimônia busca não apenas homenagear figuras inspiradoras, mas também fomentar a reflexão sobre o papel histórico e atual das mulheres negras na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.