Mauro Mabilde: À frente dos obstáculos

Publicitário e vice-presidente de Eventos da ADVB/RS, ele tem orgulho da trajetória e de tudo que construiu até hoje

Mauro Mabilde - Divulgação

Aos dois anos, o menino, nascido em Santa Maria, pegava o trem para vir a Porto Alegre com a família. Essa é a lembrança marcante que o atual vice-presidente de Eventos da ADVB/RS, Mauro Mabilde, se recorda da infância. O publicitário, que aos 13 anos começou a trabalhar como office-boy do Banco do Brasil, acredita que essa bagagem lhe impulsionou para ser uma pessoa inquieta e desacomodada, característica que também herdou do pai, Nicola Falci, já falecido. "Eu tenho esta perspectiva que sempre me ajuda a pensar que as coisas podem se modificar e melhorar. É algo que valorizo muito. Isso me levou a ter um sucesso e uma dinâmica muito legal, que carrego até hoje", ressalta.  

Sentado na sala de reuniões da sede da ADVB, na Capital, o profissional recorda os seis anos na associação, a qual, segundo ele, trabalha em sintonia com suas ideias, personalidade e característica. "Nós temos uma contribuição social muito importante para o Estado. Isso é uma das coisas que pauta minha vida. Para mim, gerar valor e impulsionar as pessoas e a qualidade de vida é gratificante. É um propósito que carrego comigo", comenta. Além do compromisso com a entidade, ele, que não se vê limitado às situações da vida, já vivenciou diversas experiências pelo mercado e nunca se viu fazendo nada que o contrariasse ou que fosse em oposição ao que estivesse disposto a fazer.

Atualmente, o publicitário, que já foi voluntário do Instituto do Câncer Infantil, faz parte do conselho estratégico da La Salle Business School e do Simers. "As coisas, de certa forma, vão se encaixando na minha vida. Porque, hoje em dia, eu colaboro com empresas que são dinâmicas e possuem propósitos iguais aos meus", conta. A oportunidade de criar laços e amizades no mercado é algo que ele realmente preza também, pois gosta de deixar amigos e ter orgulho por onde passa, além de saber que pode contar com essas pessoas.

Momentos decisivos

Quando entrou no mercado da Comunicação, por influência da irmã, Eliane Falci, que faleceu aos 56 anos, o jovem ainda não sabia que seguiria na Publicidade. "Estava muito na dúvida se ia começar minha vida profissional no caminho do Direito ou não. Sempre gostei muito de ler e me interessava demais pela profissão justamente por isto", relatou. Mas o convite para trabalhar na agência Domínio, de Porto Alegre, balançou o coração do futuro publicitário. Naquela época, Mauro começou uma sociedade com a irmã, na empresa que tinha menos de 40 colaboradores e foi o pontapé inicial para que, dos seis irmãos, fosse o único a decidir cursar Propaganda. "Valorizo bastante ter tido esta experiência porque tivemos importantes contas, foi uma agência muito dinâmica", recorda.

Durante o curso, realizado na PUC, o estudante ainda teve a oportunidade de morar durante um ano na Alemanha, pela expectativa de conhecer algo novo e de onde voltou com o certificado internacional fluente na língua. "Hoje em dia, tu não me pede para falar um bom dia em Alemão", brincou. Apesar de saber das dificuldades do mercado de trabalho, decidiu voltar e terminar o curso, mesmo com a consciência de que a publicidade não era tão glamourosa. Já tinha perspectivas das dificuldades, mas, ainda assim, foi estimulado por toda capacidade que a Comunicação impõe e pelos desafios diários.

Para ele, os conselhos da irmã foram fundamentais para sua formação e para que entrasse de vez no mercado. "Como eu estava na fase de experimentar, todas aquelas críticas e puxão de orelha que todo adolescente que precisa ter, tive da minha irmã. Ela foi muito responsável pela minha construção", ressalta.

Primeiros passos

Mal sabia ele que aquela experiência lhe abriria tantas portas. Durante o tempo que trabalhava na Domínio, Mauro foi chamado para fazer parte do Grupo RBS, onde teve uma trajetória de 20 anos. O publicitário pôde ter contato com profissionais que ele reconhece e agradece até hoje por ter convivido, como Neca Hickmann, Marcelo Leite e Renato Mesquita.  Dentro do Grupo, o profissional atuou nas rádios, na TV e no impresso. Ele lembra que o contato com Zero Hora se deu desde pequeno, quando trabalhava como office-boy. Na época, Mauro buscava anúncios para entregar no veículo e, a partir disto, começou a ter admiração pelo jornal.

Outra emissora por onde passou e gosta muito de lembrar é a Band. Apesar de ter ficado somente quatro meses, sente prazer ao recordar da experiência vivida ao lado do jornalista Bira Valdez, que faleceu em 2005. "Quando o Bira me ligou, foi uma coisa completamente inusitada que até hoje eu não entendo como se deu. Ele ficou sabendo que tinha se desestruturado a área em que eu trabalhava na RBS", explicou. Convidado para tomar um café na sede da Bandeirantes, o publicitário não pensou duas vezes. Ao chegar lá, foi convidado para começar a trabalhar naquele mesmo instante. Dois dias depois, lá estava ele gerenciando o time da rádio. "Foram poucos meses, mas consegui fazer uma entrega significativa e cumprir o que havia prometido que faria em um ano", diz, orgulhoso.

Intervalos

No meio de todas essas passagens por diferentes lugares e setores, o publicitário não esquece o tempo de Unimed, onde ficou um ano na gerência do Marketing. Lá foi onde teve a possibilidade de vivenciar todas as áreas da Publicidade, colocando a mão na massa em tudo. Sobre as diversas experiências de mercado, ele agradece pelas oportunidades e pelos momentos vividos. "Sou um cara que não fica limitado, esta é minha principal característica. Por isso, essa carreira dinâmica".

Diante do que considera vastas contribuições ao mercado, acredita que a retribuição que vem após é a melhor parte. Na sua visão, ter essa postura foi o que o levou a ter a estrela da Associação Riograndense de Propaganda (ARP), recebida em 2015. É um prêmio que admira e é uma das situações mais gratificantes da sua trajetória, pois entende que o mercado tem pessoas muito gabaritadas. "Tenho amigos e convivi com muita gente competente", avalia.

Satisfações da vida

Apesar de reforçar o gosto e a dedicação pela profissão e rotina de trabalho, Mauro não dispensa as tardes de chimarrão com a mãe, Ziláh Mabilde Falci, que mora pertinho de sua casa. Não só dele, como dos outros irmãos, que também vivem no mesmo bairro, para poder ficar perto da matriarca. "Todos os dias é uma supermesa de almoço com todos os filhos e netos. É diário, manhã e noite", conta. Dos setes filhos, a única que não mora na Capital é Cláudia, que está em Londres.

Por ter vindo cedo para Porto Alegre, Mauro pegou o gosto pela urbanização. "Não me bota para descansar 30 dias numa praia, pois no terceiro ou quarto dia já estou procurando a cidade", afirma. Apesar de ressaltar que seu pai era um amante do campo, ele não se imagina em qualquer outro lugar mais afastado dos grandes centros e, para tanto, gosta de viagens e passeios que tenham movimentação, e que esta resulte em experiência e vivência.

O publicitário não esconde a predileção por Londres e Roma, ao falar sobre suas expectativas para o futuro. "Imagino a minha velhice empreendendo na Europa". Curiosamente, quando era jovem e havia feito a viagem para a Alemanha, as duas cidades foram as que ele teve uma péssima experiência. "Circulava por toda Europa neste ano. Cheguei a Londres, e era frio. Fui maltratado em Roma e deu tudo errado", conta.

Não abre mão

Leitura, Martina, Grêmio, acordeon e amizades. Essas são as paixões de Mauro, que não abre mão dos seus momentos de lazer. Sem faltar a um jogo do time, pelo qual é fanático, teve a sorte de ter como parceira para assistir às partidas sua filha Martina, de 16 anos. Sempre acompanhando o pai, é difícil a dupla faltar a uma partida. "Se não me engano, perdemos um ou dois jogos este ano." O fanatismo é tanto que ele aprendeu a tocar o hino do clube no acordeon, instrumento que estuda há mais de cinco anos e que faz parte da rotina. Além disso, não deixa de lado as leituras diárias. Amante das internacionais e apesar de já ter acompanhado diversas óperas, Mauro não possui o mesmo hábito para músicas. Ele, que se considera um cara eclético, brinca: "Não preciso do Spotify pra viver, mas não me tira os livros".

Por ser bastante detalhista, o publicitário não gosta de imaginar que algumas dificuldades não possam ser superadas. "Sou uma pessoa cheia de energia", destaca. Para ele, gerar valor a outras pessoas e realizar algo que seja relevante para a população estão entre as maiores satisfações. Por isso, não se priva de manter laços e amizades que criou em sua trajetória. "Eu estou sempre ligando para as pessoas e sempre tentando manter uma aproximação com amigos que fiz no decorrer da vida".

Comentários