Nascido para a comunicação, André Malinoski conta como soube desde sempre que seu dom era ser jornalista
André Malinoski | Arquivo Pessoal Por Gabriela Boesel Na infância, André Malinoski já sabia: queria ser jornalista. "Um dom nato", acredita com a maior convicção. Hoje, com 42 anos, diz com orgulho que sua perseverança e a certeza de que trabalharia com Comunicação o levaram a traçar um caminho de aprendizado e que cada passo dado reafirmava este destino. Mesmo antes de começar a cursar Jornalismo na Famecos, já atuava no jornal Zero Hora como auxiliar de redação - o que ele traduz como "office boy de luxo interno", "aquele que fazia de tudo para todos da redação". Atualmente, é editor de Esportes do jornal online O Sul, da Rede Pampa, onde une à profissão sua outra paixão, o futebol, alimentada desde criança, quando narrava os jogos de futebol de botão com os amigos. Daí o sentimento de realização, junto com a certeza que de não abandonaria o Jornalismo por nada, pois precisa "da palavra, do afeto, de contato com pessoas". Quase todas as lembranças da infância se mesclam com o destino profissional. Ainda pequeno, gostava de folhear revistas e jornais antigos na casa da avó. "Ver periódicos antigos, de três, cinco anos, era uma coisa incrível", lembra. E, mesmo sem ter influências da família - afinal, ninguém seguiu na área de Comunicação -, André garante: "Eu vou na contramão. É uma vocação". Desde a sua estreia em Zero Hora, aos 19 anos, agarrou todas as oportunidades que surgiam. Naquela função de "office boy de luxo", aprendeu e compreendeu todo o processo de funcionamento de um jornal. "Adquiri muito conhecimento e conheci muitas pessoas. Fiquei superantenado no mundo", conta, ao mesmo tempo em que se diz honrado por ter vivenciado todas as mudanças e avanços do setor que migrou do analógico para o digital. Em seus sete anos e meio no Grupo RBS, passou pelo arquivo fotográfico, pela Agência RBS e fez trabalhos extras para o então colega de redação Carlos Urbim. "Fui ficando um pouco mais conhecido na redação e até por outras empresas. Subi degrau por degrau, passo a passo", orgulha-se. Observar como as pessoas se portavam foi um dos maiores aprendizados no início da carreira. Pelos corredores, confessa que prestava atenção nas outras pessoas para ver como elas agiam perante desafios e decisões. "Vendo os outros, eu sabia como eu não queria agir", diz. Ao lado de quem sabe Nascido em uma Porto Alegre mais tranquila e "sem tecnologias", o filho dos aposentados Arno e Marisa Lourdes Malinoski cresceu no bairro São Geraldo acompanhado das irmãs Vanessa e Sabrina. Da vizinhança também tem boas recordações, de quando brincava na rua com um grupo de 20 a 30 crianças. "Fui um guri muito privilegiado", recorda. Classifica o profissionalismo e conhecimento como uma de suas recompensas por haver se dedicado tanto quando jovem e procurar se aproximar "dos que tinham algo a me ensinar". Entre eles, destaca como referências profissionais como Ruy Carlos Ostermann e Mário Marcos de Souza, em seus tempos de Zero Hora. Em O Sul está desde 2001, ano em que a publicação foi fundada. A convite do então editor de Esportes, Júlio Sortica, André começou como editor assistente e, um ano depois, assumiu a editoria, quando Sortica passou a ser chefe de Redação. O fato de trabalhar com esporte é prazeroso, diz, principalmente pela possibilidade de "brincar com o texto", como gosta de classificar, ao contrário da seriedade exigida por editorias como as de Política e de Economia. "No Esporte a gente pode usar a questão passional, a gente pode sair da linha. É muito interessante." Ali no esporte André lidera uma equipe de quatro repórteres, em atividades que são mais intensas no turno da noite e aos finais de semana, quando acontecem os jogos de futebol. Engana-se quem pensa que no online o trabalho seria mais fácil que no jornal impresso: "Continuamos fazendo as mesmas coisas: nos reunimos para a reunião de pauta onde decidimos o que será produzido e publicado. E o portal é alimentado diariamente". Fidelidade à história As experiências que vivenciou enquanto jornalista durante os quase 25 anos de carreira foram todas importantes e ajudaram no crescimento pessoal e profissional. Mas nenhuma se igualou ao que chama de maior realização da carreira: cobrir a Copa do Mundo de 2014, em Porto Alegre. "Foi meu ápice! Agora, só posso igualar esse feito cobrindo outro Mundial. Consegui chegar onde eu queria", conta, esboçando um largo sorriso de satisfação. Para contar a experiência, André se lançou no mundo da literatura e escreveu o livro "Os gigantes estiveram aqui: como foram as cinco partidas e os bastidores da Copa de 2014 em Porto Alegre". A obra, lançada em dezembro de 2015, retrata as partidas que mudaram a rotina da Capital durante o evento. Trabalho publicado, o reconhecimento por parte dos leitores é sua maior recompensa, diz, satisfeito. Ser fiel ao que viu e viveu é seu lema profissional, e garante que ouve os dois lados, checa todas as informações possíveis e desconfia. Sempre. "Estou sempre com a pulga atrás da orelha", revela. Também há críticas, claro, com as quais André assegura que convive muito bem: "Enxergo como uma forma de aprendizagem". A mais marcante foi ainda no início da carreira, quando seu editor chamou a atenção para o fato de ele pouco usar números nas reportagens - placar, tempo, estatísticas. A partir daí, aprendeu a importância dos dados para enriquecer os textos esportivos. "O destino me conduz", diz, ao se referir ao que pode aguardá-lo no futuro, no qual vislumbra a área acadêmica como uma possibilidade. Ou, quem sabe, empreender e abrir a própria empresa de assessoria. "Não sou pragmático, gosto da incerteza. Tem uma energia que me conduz", acredita. Realmente simples Casado há 15 anos, e sem filhos, viaja sempre que a agenda profissional permite, embora se alinhe entre aqueles que têm medo de avião. O que não o impediu de conhecer o Egito, país pelo qual tem grande admiração em razão de sua história. Ler também está entre os hobbies preferidos e assinala a obra "Na pior em Paris e em Londres", de George Orwell, como predileta. Considera os textos de Ernest Hemingway muito bons e admira autores franceses, entre os quais destaca Charles Baudelaire. Na TV, documentários sobre história e jornalismo ganham sua atenção. A série que retrata algumas localidades do mundo pelo ponto de vista aéreo tem sido a mais acompanhada pelo jornalista, que atribui essa preferência pelo fato de gostar de viajar. No quesito religião, se define católico não praticante. O que gosta mesmo é da questão imagética do catolicismo: "Admiro as imagens de santos. E histórias como a de Joana d"Arc, por exemplo, que é incrível". Não por acaso, entre suas andanças, já visitou diversas cidades de cunho religioso, e Fátima, em Portugal, foi uma das que mais marcou na memória. Fantasia é o gênero preferido entre os filmes e séries. Nomeia "Senhor dos Anéis" e "As Crônicas de Nárnia" como ótimas opções para sair do mundo real e entrar em um "universo fantasioso que não existe, mas que foi descrito com uma riqueza incrível de detalhes". Édith Piaf ganhou sua preferência musical, impressionado pelo fato de uma figura tão frágil ostentar uma voz tão poderosa. "Comprei livro, filme, disco, sei tudo sobre ela. Mergulhei na história." E ao mesmo tempo enfatiza que Michael Jackson também figura entre os cantores preferidos desde a infância - "uma lenda do nosso tempo", ao lado de personas como Madonna, Beatles e David Bowie. Todos fazem parte da trilha musical que o acompanha na predileção gastronômica, o bom e confiável churrasco, prato pelo qual é fissurado. Ele gosta de toda a função que envolve a tradição gaúcha: selecionar, comprar a carne, preparar, assar e degustar, prática que divide com a família e com amigos nos momentos de folga. E ele é mesmo assim, um cara que aprecia de uma maneira tranquila, sem extravagâncias, os bons momentos que a vida proporciona. Entre tantas definições, André gosta de uma em especial: "Sou uma pessoa realmente simples".