Carlos Augusto Gostinski: Ariano movido a competição

Diretor comercial da Record TV, Augustão, como é conhecido, carrega passagens por diferentes emissoras do Estado

Augustão - Divulgação/Coletiva.net

Filho dos comerciantes Marcela e Vadislau Gostinski, Carlos Augusto Gostinski, ou melhor, Augustão, chegou em Porto Alegre aos oito anos, em 1968. Oriundo de Camaquã, o atual diretor comercial da Record TV RS veio com os pais e mais três irmãos depois do negócio da família não dar certo. O pai vendeu os bens para pagar as contas que tinha e chegou na Capital para recomeçar a vida. História que Augustão relembra com orgulho, ao dizer: "Com caráter e transparência, saiu de lá sem dever para ninguém".

Em 1970, mesmo sendo gremista, foi chamado para um teste na escolinha do rival, Internacional, e, assim, ele e outro vizinho passaram a treinar no clube. À época, o Colorado estava em alta com os jogadores Claudiomiro e Sérgio Galocha. "Batia bola com eles depois do coletivo", lembra. Três anos se passaram e, um dia, a mãe falou sobre uma oportunidade de emprego que a tia Cecília havia conseguido para ele. A vaga era para office boy de uma agência de publicidade. "Estava quase saindo do nível mirim para o infantojuvenil, mas tinha que ajudar em casa." Em uma segunda-feira compareceu, então, na Studio Publicidade, entrevista que lhe custou uma ida a um treino. Foi então que o professor Jofre Funchal, um dos responsáveis pelo descobrimento do meio-campista Paulo Roberto Falcão, procurou o pai de Augustão oferecendo auxílio para o custeio do transporte, que ele não aceitou. "Não tínhamos o entendimento do tamanho do esporte", relata.

Aos 13 anos, o ariano nascido em 25 de março, sem ter noção do que se tratava a Publicidade, começou a trabalhar. A partir daí, a vida foi repleta de oportunidades, pois garante que "nunca estou acomodado". Circulando por praticamente todas as áreas da empresa, usava seus momentos de folga para entender a função de cada setor. Sete meses depois, foi promovido para boy do financeiro, época em que, assegura, já sabia que a Comunicação faria parte da sua vida.

Um olhar para o futuro

O diretor comercial da Record TV logo alerta que não sabe precisar as datas em que entrou em cada empresa, afinal, procura sempre olhar para o futuro e não para o passado. Aos 23 anos, após atingir o cargo de diretor de Contas da Studio Publicidade, foi convidado por Renato Penna de Moraes para ser executivo na rádio Capital, de Porto Alegre.

Após um ano e meio, foi chamado para trabalhar na Itapema, que recém estava sendo lançada pelo Grupo RBS, com o segmento da Música Popular Brasileira (MPB). Um tempo depois, quando Marcelo Sirotsky assumiu como diretor comercial da emissora, Augustão sugeriu que se criassem datas promocionais na empresa, acreditando que podia mudar o "formato engessado" da rádio. O segundo filho de Jayme Sirotsky comprou a ideia, e assim, prometeu compensação para quem vendesse mais planos.

Conta que, certo dia, Marcelo lhe disse que estava preocupado, ao que ele respondeu brincando: "Tu, preocupado? Com este sobrenome? O que sobra para mim?". O receio, Marcelo explicou, era por Augustão estar "vendendo demais" e não estar dando oportunidades para os outros colegas. "Minha vida sempre foi movida pela competição", declara.

Trajetória de experiências

Depois de oito anos na RBS, foi convidado a ir para o SBT RS. Lá, fez parte da equipe de Ivan Daniel, junto com os profissionais Alberto Freitas, Ivanir Curi e Marcos Caldana. Assim que recebeu uma cartela de clientes, seu primeiro passo foi ir atrás de Carmen Ferrão, da Lojas Pompéia, para explicar que a empresa era a cara do canal televisivo. "Saí da reunião com minha meta batida pelos quatro meses seguintes", recorda, orgulhoso.

Uma das situações peculiares, relembra, é o fato de que, à época, a emissora funcionava somente por meio de satélite, ou seja, não era possível programar nada, só indo até a TV. Isso rendeu um alvoroço por parte do público quando ocorreu a morte do piloto Ayrton Senna. "A notícia não entrou na grade instantaneamente e fui chamado na sede para ajudar a conter o povo revoltado pela falta da informação. Queriam colocar fogo na TV", brinca.

Tempos depois, foi requisitado pelo ex-colega Alberto Freitas, que, naquele momento, era executivo da RBS em Porto Alegre. Quando voltou a ser funcionário da casa, detectou que "tínhamos uma Ferrari a qual precisávamos simplificar". Assim, trabalharam focando em ter a informação no tempo certo e quebrar o conceito da grade de horário fechada, o que ele acreditava atrapalhar a imagem da empresa frente aos telespectadores.

Como reconhecimento por seu esforço, recebeu a proposta de ser gerente no interior do Estado, o que não o agradou. "Eu saí de uma cidade pequena, não consigo me acostumar com a vida tranquila", expressa. Rejeitou, então, o convite e, logo em seguida, recebeu uma ligação de Ivan Daniel para retornar ao SBT como gerente. Esse, sim, aceitou sem pensar duas vezes.

Com o dinheiro recebido de sua saída da emissora de Sílvio Santos, pela segunda vez, comprou uma revenda da Yamaha no Rio Grande do Sul, e revela que em um ano trouxe japoneses para cá e aumentou o share da marca no mercado. Entretanto, decepcionou-se com a área por perceber que a recompensa não equivalia ao esforço e retornou ao mundo da comunicação. Dessa vez, por meio de Airton Rocha, Ivan Daniel e Paulo Sérgio Pinto, que lhe apresentaram Otávio Gadret, então proprietário da rádio Continental. Após seis meses na emissora, ficou responsável pelas rádios de toda a Rede Pampa.

A um passo da Record

Uma das poucas datas que lembra é a da venda da rede Guaíba para o Grupo Record, em fevereiro de 2007, e, pouco tempo depois, foi chamado por Rigoberto Gruner para integrar a equipe. Em 1º de abril daquele ano começou a buscar nomes para compor um time de profissionais e, após três meses, a Record TV estreava no Rio Grande do Sul. "O primeiro comercial veiculado foi do Zaffari", informa.

Atribui ao crescimento da empresa no Estado o investimento na infraestrutura local. Os carros, por exemplo, foram comprados e emplacados aqui. "Mesmo que seja mais caro, houve esse cuidado", afirma, ao contar que, no quarto mês no ar, a TV atingiu a vice-liderança de audiência. Também analisa o trabalho que a equipe fez na nova casa, mantendo contato com empresários gaúchos com a estratégia de dizer que eles não dependiam mais de uma única emissora para divulgação de suas marcas.

O mérito de chegar ao cargo de diretor comercial da Record TV é devido, acredita, à sua personalidade disciplinada. O segredo, segundo ele, é estar focado. "Às 19h de domingo, já estou com a cabeça na semana." Comandando uma equipe de sete pessoas, atualmente é responsável pelo mercado interno e de exportação para outros estados brasileiros. Sobre sua trajetória, classifica: "Foi a maior faculdade que poderia ter".

Espírito jovem

Morador da Zona Sul de Porto Alegre, em seus dias de folga, gosta de estar em cima de uma prancha de stand-up paddle nas praias de Ipanema ou andando de moto. "Mantenho meu espírito jovem", assegura. Também aprecia a companhia da esposa, a advogada Marice Balbuena, com quem está casado há 15 anos. "Me sinto o Rambo com seu apoio", declara-se. Com a amada, gosta de tomar vinho e ouvir música romântica. Na playlist estão canções de Roberto Carlos e Zezé de Camargo e Luciano, de quem diz ter virado amigo após o surgimento da produtora Hits Entretenimento, fundada e dirigida pelo filho mais velho, Ricardo.

Junto com Ricardo, está a caçula Sabrina, dupla que considera a paixão de sua vida e de quem visivelmente sente orgulho de ter acompanhado de perto a infância. O primogênito, por exemplo, anda de moto com ele desde pequeno. E é dele que tem o primeiro neto, Miguel, de dois meses. "É meu xodó. Ser avô é a oitava maravilha do mundo." Outra alegria de sua vida vem pela formatura da caçula em Biologia. "Conhecimento é tudo, mas canudo também é importante", sentencia.

Como um bom gaúcho, elege o churrasco como sua comida favorita. Na literatura, não consegue deixar o trabalho de lado, tanto que o livro de cabeceira é 'O Vendedor Pitbull', de Luis Paulo Luppa. A obra conta a história de um vendedor viajante que chegou à presidência de uma empresa. Outra obra cultural que o inspira, agora na categoria cinema, é o filme 'À Espera de Um Milagre'. "Olho sempre que passa na TV".

Embora católico não praticante, não abre mão de ler o salmo 23 'O senhor é meu pastor e nada me faltará' todos os dias antes de dormir e ao acordar. "Independentemente de estar cansado ou não, é um hábito que criei", garante.

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