Claudio Toigo: Um gestor que marca

De trainee a presidente-executivo, Claudio Toigo trocou o surfe pelo escritório e acredita que a vida se divide em ciclos

Claudio Toigo Filho | Divulgação/RBS
Por Gabriela Boesel
Para muitos, o vestibular é um momento de dúvidas. A escolha do curso e da instituição de ensino pode ser difícil, ainda mais para um jovem que enxerga a graduação como a definição do futuro profissional. Foi o caso de Claudio Toigo que, na dúvida entre Design e Administração de Empresas, optou pela segunda alternativa e, aos 16 anos, trocou a praia e o surfe pelas salas de aula da UFRGS.
A postura séria de CEO, às vezes, dá lugar a um jeito mais descontraído, como quando conta que, aos 10 anos, o empreendedorismo já se mostrava presente em algumas atitudes. "Nessa idade eu e um amigo vendíamos suco no Parcão, escondidos das nossas mães", lembra. Depois veio a oficina de prancha de surfe, quando arrumava o equipamento para os amigos "em troca de dinheiro para poder viajar".
Na profissão, orgulha-se da trajetória que escreveu. De trainee a presidente-executivo do Grupo RBS, o gestor acredita que a vida se divide em ciclos. "Os meus são, normalmente de três a cinco anos. Pelo menos foi assim até agora", explica.
Veia empreendedora 
Ao fato de estar à frente de uma empresa de mídia, mesmo sem formação em Comunicação, Toigo tem uma resposta clara e objetiva: "A comunicação sempre fez parte da minha vida", resume, ao mencionar que sempre gostou de consumir os produtos da RBS. "Ouvia notícias na Rádio Gaúcha, lia Zero Hora e assistia TV em casa", acrescenta.
Guiado pelos produtos da RBS, conta que não teve dúvidas em escolher o grupo, onde atua há 22 anos. Na época, deixou de lado a possibilidade de ter uma experiência de trainee na Ernst & Young, atual EY, uma das maiores empresas de serviços profissionais do mundo, para encarar o desafio de assumir em uma empresa de mídia. "Foi uma decisão boa de tomar, e não tive dúvidas de ir para a RBS", recorda.
Antes, teve experiências em dois escritórios, onde agregou conhecimentos à formação. No primeiro, uma empresa de administração, atuou como estagiário, enquanto no outro, voltado à consultoria, trabalhou como analista. "Naquele momento, pude incorporar conceitos mais sofisticados de empreendedorismo e visão de negócios", pontua.
Dentre os desafios que enfrentou na carreira, não enumera nenhum em especial, apenas frisa que entrar em uma grande empresa e ter uma visão do todo foi um dos primeiros que encarou. "Os desafios que tive foram os projetos que recebi e tinha que performar, e eles foram inúmeros", esclarece, e acrescenta que "sou uma pessoa que gosta de deixar minha marca, desenvolver projetos, participar de situações nas quais eu possa resolver um problema".
Das experiências da vida
Desmotivação nunca fez parte da trajetória, pois garante que sempre teve muitas oportunidades dentro da RBS, tanto que costuma brincar que, mesmo estando no grupo há mais de 20 anos, considera que já trabalhou em "diversas empresas diferentes". Porém, confessa que duas vezes a dúvida bateu à sua porta.
A primeira foi um convite de outra organização. "Estar em uma empresa de visibilidade, com um bom cargo, faz com que esses convites surjam", justifica. Entretanto, a dúvida foi logo sanada quando, proporcionado pela RBS, fez um MBA na University of Southern Califórnia, nos Estados Unidos. "A especialização era um projeto de vida e, a partir do momento em que a empresa me proporcionou isso, tive certeza de que queria ficar", explica.
Movido a desafios, a segunda vez que considerou buscar outra oportunidade foi quando se viu estagnado na função que exercia no grupo de mídia. "Estava começando a ficar sem desafio e sentia que meus dias estavam ficando parecidos", recorda, e acrescenta que nem chegou a procurar outras oportunidades. Preferiu esclarecer a situação com o líder e, satisfeito, logo assumiu outros projetos.
O carimbo de Londres também está marcado no passaporte. Na capital da Inglaterra, em 2010, o gestor fez um curso de especialização pela London Business School. A vasta experiência tanto na academia quanto no mercado lhe rendeu cargos de liderança dentro do grupo, além de entidades de classe, como a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), onde atuou entre 2007 e 2010; a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), de 2009 a 2010; e a Associação Riograndense de Propaganda (ARP), em 2016.
O Toigo não corporativo
Mesmo longe do escritório, confessa que não consegue se desligar da informação. Tanto que, quando viaja, opta por destinos movimentados, dando preferência às metrópoles. "Não gosto de ir para o campo nem para a praia. Gosto de informação, cidade grande, com prédios, arquitetura", salienta, ao lembrar de uma das viagens mais memoráveis, quando foi para Barcelona.
Aliás, viajar está entre os hobbies preferidos. Nas últimas férias, foi com a família esquiar no Chile. A engenheira civil Cristiane, sua companheira há 13 anos, e os filhos Guilherme, de 11 anos, e Lucca, de 7, o acompanharam em uma das experiências mais inesquecíveis pelas quais passou. "Nós quatro fizemos a mesma atividade juntos e nos divertimos muito. Foi uma volta à minha infância e adolescência", recorda, ao acrescentar que a idade dos pequenos já permite uma interação maior nos passeios.
Além das viagens, o convívio familiar é intenso também dentro de casa. Todos gremistas, é costume irem aos jogos do Tricolor. E, mesmo que Cristiane não compartilhe da mesma paixão, "ela tem respeito pela nossa relação", diz, aos risos. A história de Toigo com o Grêmio é antiga, lá da infância, quando lembra que tinha orgulho de entrar na sala de troféus do antigo Olímpico e ver a foto do avô, que contribuiu com a construção do estádio. "O Grêmio faz parte da minha vida. Sempre ouvi as histórias e vou nos jogos desde pequeno", relata.
Além do futebol, Toigo se dedica a outros esportes, como tênis, corrida e musculação. "É uma válvula de escape. É um tempo que fico sozinho comigo mesmo e faz bem para o corpo e para a mente. Funciona como um antídoto", acredita. Conta, inclusive, que o esporte é a primeira opção nos dias de folga e que não para nem aos domingos.
O filho mais velho de Claudio, já falecido, e da aposentada Tanira também é adorador da boa gastronomia. Apaixonado por sushi e comidas italiana, francesa e mediterrânea, revela que, mesmo não sendo muito carnívoro, não dispensa toda a função de um bom churrasco. E, entre suas atividades preferidas, estão as experiências gastronômicas pelo mundo. "Adoro provar novos sabores", conta.
Aos 45 anos, se considera uma pessoa determinada, responsável e confiável. "Sou um realizador e influenciador no meu ambiente pessoal e profissional", pontua. Para o futuro, Toigo não prevê nada a longo prazo, apenas garante que não quer se aposentar, pois "morreria de tédio ao passar o dia inteiro na praia". Acredita que, com o passar dos anos, sua relação com o trabalho irá amadurecer e estará em outro ciclo de vida e de trabalho. "Será diferente, mas eu não sei como."

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