Danilo Teixeira: A vida é um convite

Jornalista paulista com origem gaúcha e carioca, foi na TV que encontrou a realização profissional e, no RS, a pessoal

Danilo Teixeira é editor regional do SBT RS - Divulgação

Carlos Nascimento, Marcelo Rezende e Paulo Henrique Amorim são, além de jornalistas de renome nacional, referências para muitos profissionais da área. Para Danilo Teixeira, não seria diferente, apenas com um detalhe: aprendeu a prática diretamente com o trio de apresentadores que, mais do que inspiração, foi essencial para a formação do hoje editor regional do SBT RS. "São uns monstros do Jornalismo", resume.   

Escolheu a profissão ainda na escola, quando adorava escrever e produzir vídeos e reportagens. Nascido em São José dos Campos, no interior de São Paulo, Danilo é filho de pai gaúcho e de mãe carioca e, por isso, define-se como um 'cariúcho', ou, quem sabe, um 'pauliúcho'. Deixou a cidade natal para assumir responsabilidades profissionais na capital paulista e, há mais de cinco anos, escolheu o Rio Grande do Sul para fincar raízes, afinal, casou com uma gaúcha, a advogada Joana, com quem tem dois filhos, Gabriel, de três anos, e Laura, de um.

Sua relação com o Estado vem da infância, quando passava as férias na Praia do Cassino, em Rio Grande, terra do pai, Nelson Teixeira, cientista espacial aposentado. "Pegávamos o carro e descíamos até o Sul. Primeiro, a gente parava em todas as praias de Santa Catarina, depois, em todas as do Rio Grande do Sul até chegar lá. Era uma aventura divertida", lembra. 

O primeiro passo

Formado pela Universidade Metodista de São Paulo, em 2004, começou a trabalhar com TV ainda no terceiro semestre da faculdade e nunca mais saiu. Chegou a ter algumas experiências em outras mídias, como revista, quando escreveu textos para a publicação da ESPN e National Geographic, e rádio, enquanto estagiário da BandNews FM. Foi lá que conheceu um de seus primeiros mentores, Carlos Nascimento, além, claro, de outros profissionais da área, ampliando sua lista de contatos. Dali, foi um pulo para a Band TV.

Recorda com carinho da época universitária, a qual foi essencial para abrir as portas para o mercado de trabalho. "Lá, tem essa proximidade maior. Os professores atuam nos veículos e isso facilita bastante", explica, ao acrescentar que já no segundo semestre, por exemplo, escrevia para o jornal da faculdade e fazia cobertura de eventos esportivos fora da esfera da universidade, e as melhores matérias de rádio feitas em sala de aula eram exibidas nas madrugadas da CBN.

Quando entrou na Band, tinha acabado de voltar da Espanha, onde morou em Granada por quatro meses para estudar Espanhol. Com a língua afiada - literalmente -, conseguiu focar em acontecimentos internacionais, especialmente de países hispânicos. Esta não foi sua única experiência internacional. Mais tarde, morou no Canadá para aprimorar o Inglês e a melhor parte da vivência no país norte-americano foi ter morado com dois jornalistas. "Dei sorte de ficar na casa da, na época, apresentadora do jornal local da CBC, que era casada com o cinegrafista da emissora. Ou seja, estudava e vivia na TV", comenta, maravilhado com a lembrança das saídas para acompanhar gravação de reportagens.

Na volta, foi a vez de ser repórter na TV Câmara de São Paulo. Convidado por sua ex-chefe da BandNews, conta que foi uma grande oportunidade, embora nunca tenha tido desejo de aparecer no vídeo. "Gosto da produção e da organização, mas era começo de carreira e fui mesmo sabendo que não era o que eu fazia de melhor", afirma. Foram quase quatro meses até ser convidado para ingressar na Rede TV, a convite da então apresentadora do jornal da TV Câmara, que também estava na outra emissora.

Assim, colocou em prática as duas experiências no exterior na editoria de Internacional, dando seu primeiro grande passo como jornalista profissional. Lá, fez de tudo: editou Internacional, Geral, Esporte e conheceu muita gente. Na época, recorda, a grade de programação contava com atrações de sucesso, como Super Pop, com Luciana Gimenez, o Esporte Bola na Rede era com Fernando Vanucci, além da primeira versão do programa Pânico. Mas o que marcou mesmo sua vida foi o apresentador Marcelo Rezende. "Tive muita aula com ele, como quando noticiamos a morte do Papa João Paulo II, por exemplo, e de Saddam Hussein."

Sua primeira passagem no SBT foi na sequência, quando reencontrou Carlos Nascimento. Foi chamado para ser editor de Esporte, dando início à sua trajetória como gestor, e coordenou a equipe da cobertura da Olimpíada de Pequim, em 2008. Detalhe: tudo isso, aos 26 anos de idade. Hoje, com 36, lembra que foi aí que começou a tomar gosto pela gestão.

Mais tarde, outra oportunidade bateu à sua porta: a Record o chamou para ser redator do Domingo Espetacular e, então, conheceu Paulo Henrique Amorim. Também foi apresentado a Roberto Cabrini e se reencontrou com Marcelo Rezende. "Foi muito bom, mas confesso que fiquei um pouco workaholic, pois no primeiro feriado de folga queria trabalhar. Pensei: 'Isso está errado, é patológico'." Foi, ainda, um dos roteiristas do programa Dr. Pet, com Alexandre Rossi.

Um caso de amor com o RS (e com a Joana)

Foi em 2011 que conheceu a esposa em uma história curiosa. Ele paulista, ela gaúcha, encontraram-se em uma festa de Réveillon em Florianópolis, apresentados por amigos em comum. Foi amor à primeira vista. "Coisas do destino", define Danilo. O início do relacionamento foi a distância, até que chegou o momento de resolver a situação. E assim, ele veio de mala e cuia para o Sul. Emprego não foi problema, pois conseguiu transferência para a Record em Porto Alegre, onde trabalhou como editor de texto e, depois, foi editor-chefe do Rio Grande no Ar por cerca de três meses, dando seu primeiro passo, efetivamente, como gestor em solo gaúcho.

O relacionamento com Joana só amadureceu, enquanto a relação com a empresa chegou ao fim, após ser convidado por Renato Martins, então diretor de Jornalismo da Band, para coordenar uma novidade na emissora gaúcha. E, dessa forma, com seis meses por aqui, já estava na segunda casa, sempre ampliando a rede de contatos e conhecendo o mercado local. Mais uma etapa findada e foi a vez de voltar para a casa que o acolhe há cinco anos, somando, assim, passagens por sete redações diferentes, em todas as funções possíveis, de repórter a gerente de Jornalismo.

De tudo um pouco

A maior influência a seguir a carreira, acredita, foi a irmã mais velha, Gisela Teixeira, publicitária de formação e que mora no Canadá há 10 anos. Já o gosto por viagens puxou da mãe, Angela Costa Mattos, professora de Geografia aposentada. Porém, no que se refere a futebol, confessa, seguiu o próprio coração, visto que torce para o Palmeiras, enquanto o pai, mesmo nascido no Sul, tenha optado pelo Botafogo. No entanto, quando tem que escolher um clube daqui, acaba pendendo para o Internacional, para o qual torcem Joana e família.    

Além de assistir às partidas, diz-se um apreciador do esporte enquanto prática. Também gosta muito de correr, paixão que o arrebatou ainda em São Paulo, quando participava de grupos de corrida. Deixou a modalidade de lado, a bem da verdade, quando nasceu Gabriel. Outro lazer, que ficou em segundo plano com o nascimento dos pequenos, foi a leitura. Antes, lembra, chegava a consumir de três a quatro livros por ano, e conta que devorou todas as obras de Dan Brown. Aprecia, ainda, Paulo Coelho e livros de autoajuda.

No quesito música, logo dispara: "Se entrar no meu carro agora, vai estar tocando sertanejo", conta, aos risos, ao explicar que a preferência se dá pelo fato de ter nascido no interior de São Paulo. Séries que contemplam ou permeiam o universo da Comunicação ganham sua atenção, a exemplo de House of Cards e The West Wing, além do sucesso Game of Thrones. A TV, para ele, vai além da profissão, pois traz de casa o gosto por assistir ao que quer que seja. "Quando viajo, vejo os jornais e programas locais, sempre. O pai e a mãe também são assim, bem como a Joana", explica. E agora, com as crianças, entrou no universo dos desenhos animados.

Meio desgarrado, meio família

Por ter nascido e crescido em uma cidade próxima a Aparecida, a religião sempre esteve presente no seu cotidiano. Foi batizado na Igreja Católica e, desde então, procura ir à missa todos os domingos. Para ele, é mais do que uma crença, mas uma proteção. Já foi ao Vaticano em duas oportunidades, visitou "mil vezes" Aparecida e participou de retiros espirituais. Lembra, inclusive, que, quando o apresentador do SBT RS Ricardo Vidarte faleceu, em abril deste ano, chamou o padre da igreja que frequenta para conversar com a equipe.

Sabe que é teimoso e tenta trabalhar com isso, que considera um defeito. Por outro lado, diz que sempre tenta usar o diálogo para resolver problemas. "Acho essencial. E não sou de alterar a voz. Briga não é comigo", reforça. Sempre se julgou uma pessoa adaptável, em virtude das mudanças que a vida lhe proporcionou. "Morei em vários lugares e sempre consegui me virar bem com isso, por isso, penso que sou desgarrado, embora eu também seja muito família. É contraditório, eu sei, mas sou assim. Um pouco (e muito) de cada."

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