Antes de optar pelo jornalismo e tornar-se conhecido como apresentador do programa mais badalado entre os jovens gaúchos, Gabriel Conte Moojen só pensava em curtir ao máximo a adolescência. Hoje, aos 33 anos, ainda é "um cara descolado", que aprendeu a entender as diversas gírias e vocabulários do mundo jovem, sem deixar de manter seu estilo próprio. Para entrevistar alguém não tem dificuldades, mas quando os papéis são invertidos, Gabriel revela-se, paradoxalmente, um tímido. Difícil acreditar, especialmente para quem tem na bagagem profissional quatro anos de comando do programa Radar, da TVE, e outros cinco de apresentação do programa Patrola, da RBSTV, e parte agora para um desafio de repercussão nacional, apresentar "Mochilão", o programa de viagens da MTV. Gabriel é porto-alegrense, mas em função da profissão do pai, engenheiro civil, já morou em Alegrete, Recife, Brasília e Florianópolis. Hoje conta que seus estilos também mudaram conforme as fases da vida e as cidades que residiu. Em Alegrete ele era gaudério, em Brasília, punk, e em Floripa, surfista. "Eu era adolescente, ia mudando de estilo para me adaptar às cidades", brinca. Hoje, com uma gargalhada, o apresentador de TV admite ter o estilo "Hippie-Punk-Rajneesh", plagiando a banda "Os Replicantes". Decidiu fazer jornalismo porque gostava muito de escrever, e acabou se formando pela Famecos, na PUCRS, em 1995. Durante a faculdade participou de uma oficina de contos com o escritor Luís Antônio Assis Brasil, e, por causa dela, Gabriel começou a atuar na área, em 1993, como estagiário da TVE-RS. "Eu fui divulgar o livro de contos na TVE e aí surgiu a oportunidade de trabalhar lá", lembra. Após dois anos na produção do "Radar", e já formado, assumiu a apresentação e coordenação do programa. Em 1999, foi convidado para trabalhar na RBSTV, e apresentar um programa jovem que a emissora iria lançar, o Patrola, juntamente com Mauren Motta. "Desde então, todos os sábados eu estava aí, na casa das pessoas", registra. Depois de cinco anos no comando do Patrola, fazendo reportagens inusitadas, entrevistas ousadas, Gabriel assume agora o desafio de apresentar o "Mochilão", da MTV. "Estou bem confiante que vou fazer um trabalho bem feito, pois tenho experiência de cinco anos de reportagem na rua", avalia. Entre as milhares de entrevistas com músicos famosos, artistas e personalidades, Gabriel destaca como as melhores as que fez com Gilberto Gil, Caetano Veloso e o Red Hot Chili Pepers - quando vestiu-se de segurança e com uma câmera escondida entrevistou o vocalista, Anthony Kiedis. Gabriel embarca definitivamente ainda este mês para São Paulo, onde fixará residência. Muito confiante, revela que não poderia recusar uma proposta como a da MTV, embora se sentisse muito satisfeito com os resultados do seu trabalho e audiência do Patrola. "Eu estava bem aqui, na RBS, com o Patrola no Multishow e fazendo reportagem para o Brasil Total, do Fantástico. Mas eu tinha que aceitar esta oportunidade. Não conheço nenhum jornalista que recusasse uma proposta como esta, que, além de desafio, é um reconhecimento ao meu trabalho e crescimento profissional", diz. Gabriel se orgulha da decisão, pois acredita que com ela fez "a fila andar" e abriu portas no mercado. "O Ico Tomaz saiu da Ipanema para me substituir. O Sassá, outro amigo meu, assumirá a unidade móvel da Ipanema no lugar de Ico. O legal é que um movimento que o cara dá já abre muitas portas no mercado". As gravações do "Mochilão" iniciam-se no final de junho e a estréia do programa está marcada para agosto. Mas Gabriel não vai romper de vez com seus laços profissionais no Sul. Ainda continuará comandando o programa "Chapa Quente", que vai ao ar todos os sábados, das 19h às 20h, na Rádio Atlântida e, eventualmente, colaborar com reportagens para Zero Hora. Ao olhar para trás e fazer um balanço desses nove anos de carreira, sendo sete de experiência frente às câmeras de TV, Gabriel diz que vai levar consigo muitas saudades: da família, dos colegas de trabalho, dos amigos, e principalmente dos profissionais que, de alguma forma, contribuíram para seu aprendizado e realização como jornalista. "Tive muitos mestres durante este tempo na TV, que além de ensinar, apostaram em mim como profissional. Nunca vou esquecer das experiências que tive com Alice Urbim, Raul Costa Júnior e José Antônio Vieira da Cunha. Este aprendizado é meu tesouro, ninguém vai me tirar. Vou levar para o resto da vida e só aperfeiçoar", destaca. O apresentador revela que nunca se importou com a repercussão e fama de "Gabriel Moojen". Para ele, o sucesso do Patrola e a audiência estão ligados diretamente com sua dedicação e desempenho ao realizar os trabalhos. "Nunca pensava em Ibope ou sucesso, só queria fazer um programa bom. O resto vinha como conseqüência. Sempre vão reconhecer se fizermos o trabalho com amor, dedicação e seriedade", declara. Um jeito descontraído Gabriel tem um irmão, arquiteto, e duas irmãs, ambas jornalistas. Aliás, ele é rodeado de jornalistas. A namorada, Juliana, atua também na área, na TVE-RS e Ipanema, além de ser DJ. O casal já mora junto e Gabriel afirma ter muitos planos com ela para o futuro. A mudança para São Paulo não é motivo para distância nem separação dos dois. Pelo contrário, ele já está dando um "jeitinho" de levá-la junto para a capital paulista. Família é prioridade para o apresentador, que dedica as horas de folga para almoçar ou jantar com os pais e a avó - todos orgulhosos de sua atuação e, segundo Gabriel, também grandes incentivadores para a nova etapa de sua vida. Gabriel considera-se quase um "workaholic" e diz que trabalha a maior parte do dia. Por não ser muito caseiro, afirma que o lar "é só para descansar, comer e dormir". Mas, ao chegar em casa, após um dia exaustivo de trabalho, revela um pouco de sua intimidade: "A primeira coisa que faço é tirar os sapatos". Nos fins de semana, os passatempos de Gabriel são variados: namorar, surfar, viajar, andar de skate, de bicicleta, reunir-se com os amigos e ainda acha tempo para jogar futebol. "Faço tudo mal. Em nada disso eu sou craque, simplesmente faço", diz. De tudo, ele destaca que o que mais gosta de fazer mesmo é o surf, esporte que pratica desde os 14 anos. "Uma onda vale mil filosofias", completa Gabriel. À noite, prefere sair para jantar em restaurantes da Capital. Entre os lugares preferidos estão o bar Ossip e os parques da cidade. A leitura também tem espaço reservado na vida de Gabriel Moojen e as preferências são por livros dos escritores Pedro Juan Gutierrez, Fernando Pessoa, José Saramago e Gabriel Garcia Marquez. A paixão pela literatura levou-o a se dedicar a escrever um livro de contos, o "Histórias Tatuadas". E o apresentador revela que já prepara outra obra, cuja história será uma espécie de novela, sem título definido ainda. Adora escutar música e os estilos são os que apresenta no comando do programa de rádio Chapa Quente, como Samba Rock, Black Music e Hip Hop. Viagens é o que não falta na vida de Gabriel. Foram tantas e serão muitas mais agora com o programa Mochilão, da MTV. Entre os lugares que gosta muito estão Santa Catarina, Rio de Janeiro, Amsterdã, Costa Rica, Londres e Nova York. O segredo dos Alquimistas Para Gabriel, o fato de "engolir muitos sapos" e ser extremamente calmo, tanto na vida pessoal quanto profissional, são suas principais qualidades e, ao mesmo tempo, seus defeitos. "Às vezes eu poderia ser mais enérgico, revidar quando é necessário". Ao revelar o grande projeto do momento, Gabriel é enfático e objetivo: "Fazer um Mochilão perfeito". Em relação ao futuro, o apresentador diz que não há planos e que não pensa mais nele, apenas vive o presente. "Olha tudo que aconteceu na minha vida em menos de 10 anos? É assim: as coisas vão acontecendo. Eu nunca penso, nem planejo nada", garante. Como filosofia de vida, Gabriel Moojen cita o trecho da música, de Walter Franco, "Mente quieta, espinha ereta e coração tranqüilo". Parafraseia novamente uma música, desta vez de Jorge Benjor. Segundo Gabriel, o segredo do sucesso é "evitar qualquer relação com pessoas de temperamentos sórdidos".