Elenita Andreatta: Flor de experiência

Dinâmica, a publicitária acumula experiências em diversas áreas do mercado publicitário

Elenita Andreatta
Uma senhora publicitária, que de senhora não tem nada. É uma pessoa espontânea, irreverente, alegre, sempre expansiva e incapaz de falar em voz baixa. E assim fala com todos. Conhecida por estar sempre à vontade, de tênis ou sapatilha e camiseta, a coordenadora de Produção da Moove, Elenita Andreatta, diz que não se identifica com o padrão cool e de tendências que é geralmente visto no mundo publicitário.
Em seu repertório de experiências, tem o Correio do Povo, em uma fase pré-faculdade, em que atuava como revisora; e as agências Martins+Andrade; BSA; Dominium; Competence; Artplan, em Florianópolis; Arauto; Over; e agora a Moove. Uma carreira brilhante que passou por diferentes áreas da publicidade.
Com aproximadamente 33 anos de mercado publicitário, acompanhou, desde o início da carreira, diversos profissionais, e hoje se alegra ao vê-los colecionarem títulos, e prêmios. Não por acaso, é admirada e lembrada com carinho por todos com quem trabalhou.
A família
Natural de Porto Alegre, cresceu ao lado de sete irmãos e irmãs, do pai Antonio e da mãe Wilma. Desde cedo, apresentou gosto pelos estudos e pelos livros e, incentivada pela mãe, dona de casa, alimentou o sonho de se formar e ter uma profissão. Muito em função do seu hobby de leitura, acreditava que o jornalismo era o caminho acertado para a realização deste sonho.
Por influência do pai, autônomo, sabia o quão importante era o trabalho e preocupação com o futuro. Assim, começou cedo, aos 14 anos, e utilizava seus rendimentos para aumentar a biblioteca pessoal e frequentar as aulas do segundo grau, no qual se formou aos 18 anos.
Com o casamento aos 21 anos, o nascimento da filha Aline e a mudança para Alvorada, adiou os estudos. Aos 29 anos, quando a menina completou seis, decidiu que era o momento de retomar a sala de aula e iniciar a faculdade. Inscreveu-se no vestibular da PUC e passou, mesmo sem revisar as matérias. Após o primeiro semestre, teve o filho Eduardo, o que a fez interromper o curso de Publicidade e Propaganda. Aproximadamente um ano depois, retomou as aulas e se formou em três anos e meio. A façanha se deu por conciliar aulas no turno da manhã e da noite a fim de recuperar o tempo perdido. Por mais de ano, teve que fazer o trajeto Alvorada - Porto Alegre duas vezes por dia.
Com muito orgulho, pode dividir com sua mãe a conquista do canudo. "Parecia que eu tinha sido eleita Presidente da República", ri, ao lembrar-se da emoção da mãe ao ver a única dentre os oito filhos a se formar em um curso superior.
Avessa à publicidade?
Se o sonho era o jornalismo, como acabou na publicidade? Elenita comenta que na semana da inscrição no vestibular, leu uma pesquisa sobre mercado de trabalho no jornal. A reportagem indicava que o mercado de jornalismo era muito concorrido. Desta forma, como achava os cursos semelhantes, optou pela Publicidade com o objetivo de se tornar redatora, pois o que gostava mesmo era de ler e escrever.
Após a formatura em 1983, visitou a agência Martins+Andrade, onde um conhecido de infância trabalhava, e pediu uma oportunidade de estágio para que pudesse conhecer mais a fundo a profissão e colocar em prática o que havia visto na faculdade. Com a possibilidade de escolher entre duas áreas, Mídia e Tráfego operacional - que não existe mais hoje -, analisou ambas. Verificou que na área de tráfego iria aprender mais, pois teria contato com todos os departamentos da agência. Trabalhou neste setor por quatro anos, o que fez com que deixasse de lado a parte criativa. Entretanto, sempre esteve próxima às áreas de Criação pela afinidade e necessidade da rotina de trabalho.
Com esta função, se sentiu realizada, pois era um trabalho dinâmico, uma nova demanda a cada dia, que não a deixava presa atrás de uma mesa. Após esse período, assumiu a coordenação da área na BSA, trabalhando ao lado de Dado Schneider. Um ano e meio depois, voltou para a Martins+Andrade como coordenadora de operações. Após esse período, trabalhou na Dominium e na Competence, onde teve experiência na área de planejamento. Em 1995, buscando novas oportunidades ao lado da família, se mudou para Florianópolis.
Na ilha acabou atuando na Artplan, uma das maiores agências da região na época, onde também realizou a coordenação de operações. Lá, trabalhou com Luciano Martins, que conheceu ainda menino em Porto Alegre, na Martins, e hoje é expoente do design, com criações para marcas como Renner e Cacau Show, e artista plástico. Elenita comenta que no último dia de trabalho na agência, o então artista em ascensão a presenteou com um quadro - que ela acredita ter sido feito em duas horas. A obra a acompanha até hoje, representando toda uma etapa da sua vida e a importância que todas as experiências e contatos tiveram nela.
Na Over, atuou na produção, no planejamento e no atendimento. Diz não ter o perfil para esta última função, mas, devido a um contato muito próximo com o marketing do STB, acabou realizando o atendimento da marca por três anos. Neste período, fez parte de uma das maiores campanhas institucionais da empresa, com um conceito que é utilizado até hoje, "Você sempre volta diferente de uma viagem".
Em 2008, foi convidada pela diretora de Atendimento e amiga Luciana Franco, para trabalhar com produção na Pública Comunicação, atual Moove, onde permanece até hoje. Sempre foi bastante detalhista e cuidadosa com os trabalhos que passam por suas mãos. Revisa as peças com muita atenção e tem orgulho em dizer que nunca teve que refazer trabalhos por erro.
Como interesses
Tem como máxima que "trabalho é trabalho" e "vida pessoal é vida pessoal". Desta forma, valoriza os momentos fora da agência, em que pode passar um tempo com a família e os amigos. Foi casada por 26 anos. Da união, vieram Aline e Eduardo. Aos 65 anos e com dois netos, Laura, 18, e Bernardo, 6, diz ser uma pessoa muito família, gosta e acha importante estar perto dos filhos, mas comenta, saudosa, que ainda tem o sonho de voltar para Santa Catarina, onde conheceu outro estilo de vida, que reconhece ser mais tranquilo e um ambiente mais seguro.
Rigorosa com ela mesma, decreta: "Sou uma reclamadora, tudo o que eu acho errado eu reclamo". Quando percebe algo errado, sempre se pronuncia. Assim, no núcleo familiar não é diferente, e é sempre procurada para tratar e interferir em questões e problemas, por ser crítica e justa.
Grande fã do Grêmio, só não é mais fanática que o neto Bernardo. A paixão pelo futebol foi passada para o filho Eduardo, com quem, sempre que pode, assiste aos jogos do Tricolor na Arena. "Sou muito gremista, vou a estádio, não perco um jogo do grêmio, assisto a todos e ouço todos os dias Sala de Redação e leio todas as colunas sobre esporte e futebol." Essa paixão a levou a assistir a três jogos da Copa do Mundo em Porto Alegre, Alemanha e Argélia; Holanda e Austrália; e França e Honduras. Comenta que foi uma experiência única, que se surpreendeu com a gentileza e educação dos visitantes e a transformação que a cidade sofreu - o que a fez lembrar-se da capital dos anos passados.
Não gosta de multidões, mas gosta de pessoas. Valoriza os pequenos momentos. Aprecia um bom espetáculo, ir a shows e jantar em restaurantes. Dentre seus autores favoritos cita Agatha Christie, de que tem todas as obras, Eduardo Galeano, Millôr e Liberato Vieira da Cunha - sua paixão desde o tempo em que era colunista no jornal Zero Hora.
Tanto para os livros como para os filmes, a temática preferida é o suspense e policial. Em um breve momento em que assume um ar sério, afirma "se eu não fosse da comunicação, seria promotora pública". Tirando sertanejo e pagode, apresenta um gosto musical bastante eclético como bons sambas e MPB de Tim Maia, Bete Carvalho, Lupicínio Rodrigues e também Gabriel o Pensador e Charlie Brown Jr. Dos gringos, cita U2, Leonard Cohen e Pearl Jam.
Flor de Maracujá. É assim que identifica as pessoas mais queridas e que deixam uma marca em sua vida. O bordão "Flor" é sua marca registrada, tanto para chamar carinhosamente aqueles que a cercam, não importa se amigo, colega ou fornecedor, ou até para identificá-la. Por onde passa, em instantes a palavra entra em circulação e é adotada por todos.

Comentários