Henrique Raizler: "Eu não sonho. Eu realizo"

Com formação em Engenharia Civil, foi a fotografia que colocou o comunicador em contato com a mídia e com o mundo

Henrique Raizler - Divulgação

Intenso, apaixonado e comunicativo. Quem sabe essas sejam as três palavras que mais representam Henrique Raizler na sua essência. Ele, por sua vez, define-se como um cara que busca a felicidade, afinal, "estamos no mundo para sermos felizes". Liberdade também aparece com frequência no seu vocabulário, assim como a busca por ela, que está na sua meta de vida. Tanto é que suas escolhas sempre se baseiam neste pilar, como ele mesmo conta. "Eu não sonho. Eu realizo. Se eu quero, faço tudo o que está ao meu alcance para atingir o objetivo", afirma, sem pestanejar.

O apresentador do extinto programa Mapa Mundi, da Band News FM e Band TV, é formado em Engenharia Civil pela Ufrgs e se aproximou do universo da Comunicação por meio de uma paixão: a fotografia. A arte de registrar momentos também foi a responsável por lhe mostrar o mundo. Viajado, perdeu a conta de quantos países conheceu, mas calcula que tenham sido em torno de 50. A primeira porta internacional que abriu foram os Estados Unidos, aos 16 anos.

Natural de Porto Alegre, orgulha-se em contar que é filho do Hospital Beneficência Portuguesa, que está reabrindo suas portas após uma severa crise. Mas quem o tem, de fato, é o mundo. É efusivo ao falar das viagens, hábito que cultiva há anos e que, inclusive, permeiam diversos capítulos de sua vida nos âmbitos pessoal, profissional e conjugal. Afinal, foi esta avidez que o fez trocar o Brasil por Portugal, onde fixou residência em abril deste ano.

De passagem comprada

No início da conversa, vai logo avisando que é ruim de datas, pois são tantas histórias e lembranças que acumula ao longo dos seus 55 anos que é difícil situá-las no tempo. A fotografia surgiu em sua vida como uma brincadeira amadora, até ser convidado por um amigo a expor suas imagens no Brique da Redenção, em Porto Alegre. Desde então, não parou mais. Também foi esta prática que o fez fazer a faculdade aos poucos, pois, confessa, era um curso muito difícil e pesado, e chega a classificar como uma das únicas coisas que não teve prazer em realizar. Mesmo assim, finalizou a graduação.

Quando encerrou esta etapa, decidiu desbravar a Europa. Para se manter, expunha suas fotografias por diversas capitais e até traçar seu próximo destino: Índia. Sua passagem para o país asiático foi paga com o dinheiro que recebeu de um trabalho temporário como ator coadjuvante em um filme que estava sendo gravado na Grécia, onde estava por acaso. "Participei do teste e passei. Essa foi uma das milhares de experiências incríveis que fiz", lembra.

Sozinho, encontrou na cultura local a paz espiritual ao ser apresentado à prática da Ioga. "Foram dois meses de curso e nunca me senti tão bem na minha vida. Comecei a entender o mundo, as pessoas, a importância do corpo físico e da mente", recorda. Nessa mesma época, tornou-se vegetariano por opção, como faz questão de frisar, escolha que o fez entrar de cabeça na cozinha e, hoje, adora preparar pratos. Logo diz que não tem uma especialidade e que gosta de se aventurar em todas as possibilidades. "Comida é coração, é energia, é mão."

Associa a prática à música, pois acredita que um complementa o outro. "Tem uma ligação muito forte entre esses dois elementos. É quase uma alquimia", define e complementa, falando com paixão: "A comida que eu faço alimenta a alma e, mais que isso, me alimenta mais do que ao meu corpo físico". Divide todas as práticas - Ioga e cozinha - com a esposa, a italiana Laura Conti, com quem é casado desde 2012. A história do casal, aliás, tem suas peculiaridades. Conheceram-se em um acampamento de Ioga no Canadá. "Em questão de dias, as pessoas já nos tratavam como um casal", diz.

Por dois anos, levaram o relacionamento a distância, ele em Porto Alegre e ela na Itália, até que "levou uma pressão" e resolveram definir a situação. A comunhão, relata, foi em um castelo no interior do país da amada. "Foi uma cerimônia emocionante, quase ecumênica", recorda, ao explicar que quem os uniu foi um primo de Laura, seguido de uma prece feita por uma mestra hindu e outra em hebraico, oferecida por sua mãe. "Não compramos nada. Foi tudo uma troca: uma amiga fotografou, outro cantou e uma convidada levou lamparinas de papel nas quais as pessoas colocaram um bilhete com uma mensagem sobre o que queriam do mundo, e os balões foram soltos para o universo. Foi um momento de congraçamento. Muito sentimento, muita verdade. É nisso que eu acredito."

Casados, vieram morar no Rio Grande do Sul, onde Henrique ainda apresentava o programa Mapa Mundi e onde, naquela época, queria fixar residência. Da união com Laura nasceram três filhos: a brasileira Jada, de quase três anos, e os italianos Lorenzo e Stefano, de pouco mais de um mês. "Foram um presente do destino, dos deuses, aos 49 do segundo tempo nasceram gêmeos", agradece, ao mencionar, ainda, que eles vieram à luz dois dias antes do seu aniversário. Além desses, é pai de Shade, de 27 anos, fruto de outro relacionamento. A primogênita mora em São Paulo e trabalha com Marketing.

Com um pé no mundo, outro na mídia

Comunicativo por natureza, contrariando a primeira escolha de curso universitário, chegou a estagiar na área da Engenharia, no entanto, sempre quis fazer algo em rádio ou na TV. Um dia, o convite surgiu por parte de Leonardo Meneghetti, então diretor-geral da Band, e de Renato Martins, que, na época, era diretor de Jornalismo da empresa. "Identifiquei no Henrique, além de um competente fotógrafo de sucesso, um grande empreendedor. Sempre foi um profissional de muitas ideias e com o desejo de criar alguma coisa construtiva na área do turismo. Foi assim que o convidei para desenvolvermos um projeto multimídia na Band, onde tivemos um grande êxito. Lançamos uma ótima semente e um novo comunicador no mercado", sentencia Renato Martins.

Henrique conta que não entendia nada de apresentação, porém, sabia que conseguiria se se esforçasse. Assim, surgiu, além do Mapa Mundi, o Check in, na Band News. "A emissora sempre foi muito carinhosa comigo, me dando espaço e acreditando no meu potencial e no das atrações", comenta.

Portugal: para que te quero

A mudança para a Europa foi pensada e arquitetada por quase dois anos, quando decidiu ingressar em um mestrado em Marketing em Portugal. "Quis fazer um processo de disrupção e o país me conquistou pelo coração, depois, pelo intelecto", conclui. Ele define a liberdade como principal ponto para a decisão: "Lá, me sinto livre e muito feliz".

Além do curso, destaca que o envolvimento com a comunicação o ajudou a criar a empresa Hub Me Full Content, a qual produz conteúdo total, com base em vídeo. Para se manter financeiramente, ainda, lançou a Portugal House, que chama de boutique de investimentos no mercado local. Também confeccionou sua carteira de correspondente internacional, de forma que agora está credenciado para a imprensa portuguesa e pode fazer cobertura de eventos e participar de diversas missões enquanto jornalista. 

Mesmo em outro continente, o irmão mais velho de Sabine ainda mantém o Grêmio como time do coração, mas revela que adotou o Benfica para torcer em Portugal. Na juventude, chegou a jogar na escolinha do Tricolor e confessa, aos risos, que quebrou várias lâmpadas em casa. "Um dia, minha mãe vai cobrar essa conta."

Desde que escolheu o Velho Continente para viver, mudou alguns hábitos, como, por exemplo, assistir TV. Tanto é que lá não tem nem o aparelho em casa. Quando consegue, assiste a notícias relacionadas à política e economia. Gosta, ainda, de séries da Netflix que o fazem pensar e refletir, com enredos históricos e de estratégia. No que se refere à leitura, segue a mesma linha, embora não esteja lendo muitos livros. Porém, reserva pelo menos duas horas na manhã para ler jornais brasileiros e internacionais.

De família judia, explica que sua religião é a humanidade e que sua raiz de crença está voltada ao hinduísmo. "É no que acredito, mas não deixo de acreditar que, na verdade, tudo é a mesma coisa, a cor da roupa é que muda. Cada um tem seu próprio deus. Ache o seu. A felicidade é liberdade. Essa é minha religião." 

 

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