Irenita Boff: Sem tempo a perder

O coração da publicitária bate mais forte quando o assunto é praia, comida de boteco e estratégias em Mídia

Irenita Boff - Reprodução

Natural de Caxias do Sul, Irenita Boff desceu a Serra Gaúcha aos 14 anos para se aventurar em Porto Alegre, onde trabalhava pela manhã e estudava à tarde. Por definição do destino, como acredita, sua primeira oportunidade profissional foi dentro de uma agência de propaganda como recepcionista. Curiosa, não conseguiu se limitar apenas às suas funções de atendimento ao público e de telefone. Aos poucos, foi questionando os valores da empresa, a responsabilidade de cada área e o papel dos colaboradores. Não demorou muito para deixar a recepção e assumir como tráfego, cargo que hoje não existe nas organizações, mas que, na época, permitiu-lhe conhecer os detalhes internos de trabalho.

Sob a justificativa de não cometer nenhuma injustiça ou ser deselegante, prefere não mencionar o nome de nenhuma agência na qual trabalhou nem os colegas com os quais pôde contar ao longo das quatro décadas na Publicidade. Na trajetória, foi parar na produção gráfica de outra empresa por mero acaso e destaca a diferença de tecnologias antigamente e agora. "Os layouts que apresentávamos para os clientes eram desenhados. Então, precisávamos de artistas ocupando os cargos de diretores de Arte", comenta, recordando que os profissionais trabalhavam com aquarela, giz e réguas, um processo que levava, às vezes, mais de um dia para ser finalizado. "Um universo completamente diferente do que conhecemos hoje", constata, aliviada com a mudança.

Durante a busca por compreender esse mercado, aos 22 anos, deparou-se com a Mídia, que assegura estar em seu DNA desde o princípio. Com quase 10 anos de Propaganda na época, enxergou no segmento muitos desafios - suas principais motivações diárias -, além de um mundo de relacionamento. Não existindo cursos específicos sobre o setor e na ânsia por mais conhecimento, passou a estudar por conta própria, imergir em tabelas de preços, visitar veículos e consultar colegas sobre como exercer esse ofício. "Passei a dedicar meu dia a dia para absorver o mais rápido possível as nuances dessa atividade estando inserida no mercado", relata, ao justificar por que não ingressou em uma faculdade de Publicidade.

Autodidata, como se caracteriza, lembra-se da primeira pesquisa do Ibope, disponível em cadernos impressos cheios de números e tabelas, que avaliou. Diante do desafio, não se acanhou em pedir ajuda para entender os cálculos e o que aquelas planilhas significavam. Somado a isso, fez passeios pelos estúdios de rádio e TV do Rio Grande do Sul e pelos parques gráficos nos quais são impressos os jornais e buscou conselhos com atuantes do Comercial de diferentes empresas. Desta forma, deu os primeiros passos que a levaram a diversas empresas, como as agências Dez, Paim e Escala, o que rsultou na conquista do título de Melhor Mídia do Ano no Salão da Propaganda em 2017, pela Moove, na qual está há cinco anos e que ganhou também o título de Agência do Ano. "Nada é tão difícil que não se possa aprender", conclui.

É proibido proibir

A publicitária rememora a infância, período em que ela e a irmã Bete liam escondidas do pai, Máximo, que achava perda de tempo devorar obras literárias. "Quando aprendi a ler, queria conhecer o mundo pelas páginas." As filhas de Maria Lila guardavam, secretamente, as revistas de fotonovelas e os livros de clássicos da Literatura que compravam nas bancas da cidade natal. Quando descobriram a biblioteca na escola, o hábito só aumentou. "Aos 10 anos, havia lido 'Cem Anos de Solidão', 'Ana Terra' e 'O Tempo e o Vento'. Morava no Interior e não tínhamos TV."

Mesmo adulta e com televisão em casa, não perdeu o gosto. Fora do expediente, em casa, aguardando uma consulta médica ou um voo, está com um romance estrangeiro, um suspense, um drama ou terror na mão. Sem espaço na estante que ocupa toda uma parede do apartamento, Irenita encontrou a solução para o volume que os livros ocupam: comprou um livro digital que reúne mais de 10 mil títulos nacionais e internacionais. "Estou fascinada!"

Um toque de poder

A diretora de Mídia da Moove, desde quando ainda era Pública Comunicação, vai a qualquer lugar de batom, seja reunião, evento, festa de aniversário, ou até beira da praia. As cores dourada e bronze metalizadas se tornaram sua marca registrada, mesmo dentro de casa. A escolha pelos tons se deu pela cultura asiática, na qual representam riqueza, poder e sucesso. Antes, utilizava apenas acessórios ou peças-chave de roupas. Hoje, avalia que o batom realça rosto, tom de pele e cabelo, além de combinar com seu jeito de ser.

Também faz parte de sua personalidade a ansiedade por novos aprendizados e integrar processos, pois afirma levar seu trabalho muito a sério. Por ter encontrado na profissão os desafios e as emoções que ansiava, nunca cogitou deixá-la. "As outras atividade têm início, meio e fim. A Comunicação não." Entre os defeitos, estão a impulsividade "para o bem e para o mal" e a falta de paciência. "Prezo pela otimização em tudo. Não tenho tempo a perder", declara.

Com orgulho, conta que seus times do coração são Grêmio e Juventude. Sem esconder que o Tricolor é o favorito, argumenta que o amor pelo clube se dá pelo exemplo de seu pai, pela cor e pela trajetória. Sempre que sobra um tempo, marca presença nos jogos na Arena.  Com a religião, foi diferente. Não teve a mesma inspiração para seguir a crença da família no catolicismo, e optou apenas por ter fé em algo superior.

Cidade maravilhosa

O coração da publicitária bate mais forte quando o assunto é praia. O que a faz amar sem medidas esse ambiente é a combinação entre areia, mar e sol, que, para ela, casam perfeitamente com seu tipo preferido de alimentação: comida de boteco. Para completar, basta acrescentar uma cerveja bem gelada. A preferência por regiões litorâneas a levou a residir por um ano em Santa Catarina, onde pôde unir qualidade de vida com o desejo de conhecer um mercado publicitário diferente.

Praieira, assegura que poderia conhecer todas no mundo, mas que seguirá tendo como favoritas as do Rio de Janeiro. "Lá, consigo fazer tudo que gosto: caminhar e dançar. O Rio me dá infinitas oportunidades", fala, contando que não tem restrições de estilos musicais. Chegou até a marcar presença em um show do DJ internacional David Guetta, no Velopark, em Viamão.

Divide o apartamento na Capital com a irmã Bete e com a sobrinha Jade e, ainda que Bete cozinhe, o trio adora conhecer restaurantes novos e, entre um estabelecimento gastronômico e outro, quando estão no shopping, procuram estar antenadas aos últimos lançamentos no cinema. Atualmente, diz que está difícil acompanhar, mas que, quando conseguem ir juntas, assistem todos os gêneros. "Gosto daqueles em que ficamos pensativos com o final."

"Sou compulsiva pelo trabalho." A afirmativa justifica a projeção para os próximos anos: estar trabalhando com Mídia e, se possível, na beira da praia. Para ela, não há nada demais nisso, pois se sente realizada profissionalmente e quer seguir contribuindo com o mercado. "O mundo está em constante mudança e preciso acompanhá-lo."

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