Ivani Schütz: Carreira de acasos

Dedicada à profissão, a jornalista tem experiências variadas, que vão do setor público ao privado, e de veículos a assessoria

Ivani Schütz - Jefferson Bernardes/PMPA

"Minha vida profissional foi feita de muitos acasos felizes, para a minha sorte." Assim Ivani Schütz define sua carreira de jornalista, considerada um capítulo especial da vida e da qual fala com orgulho dos mais de 30 anos de profissão. Desde que escolheu o Jornalismo para seguir, por incentivo da irmã gêmea univitelina, Ivanice, passou por variadas experiências, que vão do setor público ao privado, e de veículo a assessoria de comunicação.

Embora o Jornalismo seja uma paixão desde o começo, na adolescência pensava em ser médica, muito por influência dos pais, Irene e Ivo Gastão, ambos falecidos. O plano não se concretizou, pois, certa vez, precisou fazer os primeiros socorros na irmã que havia machucado a cabeça. "Fiquei impressionada com todo aquele sangue e vi que essa história de emergência não era para mim", confessa. O desejo inicial, no entanto, foi suprido pela filha, Eduarda. Médica, aos 27 anos faz Residência em Anestesia. 

Vivências internacionais e cursos na Espanha e no País de Gales também marcam a trajetória de Ivani, que, inclusive, deu à luz Eduarda quando estava no Reino Unido fazendo seu mestrado. Na época, seu então marido, o também jornalista Marcos Martinelli, estava em sua companhia no exterior. O casal se separou há mais de 10 anos.

Escolhas certas

O gosto pela escrita a acompanha desde cedo. Aos 13 anos, já se dedicava a escrever textos para expressar o que sentia e não conseguia verbalizar e conta que a irmã era sua leitora, ouvinte e espectadora. "Eu decorava Camões na frente do espelho e ela ficava me assistindo." Além da gêmea, outra pessoa que a estimulou a seguir na área foi uma professora de Redação e Expressão no Colégio Dom João Becker, onde estudou. "As minhas composições tinham certo destaque e ela sempre dizia que eu deveria seguir nas humanas, onde me daria bem", cita.

Sua escolha pelo curso de Jornalismo, no entanto, causou certo desconforto na família, pois os pais ainda tinham esperança de que ela optasse pela Medicina. Mesmo assim, ganhou de presente uma máquina Super 8 quando foi aprovada no vestibular da Famecos, da PUC. A relíquia, ela ainda guarda com carinho até hoje.

Como precisava dividir os custos da faculdade com os pais, afinal, ela e Ivanice estudavam em uma universidade particular - a irmã seguiu na Engenharia Civil -, logo se inseriu no mercado de trabalho. Sua primeira experiência foi na TVE, como assistente de produção, e não demorou para ascender na carreira, quando, certo dia, substituiu um repórter no estúdio. Anos mais tarde, retornaria à TV Educativa, em 2015, para ser coordenadora das emissoras parceiras. "Isso foi muito significativo, por estar voltando às minhas origens. A TVE foi muito importante para mim e para o mercado. Me ensinou demais, pois lá, havia um esforço grande para fazer jornalismo de qualidade", sentenciou.

Da emissora pública, saiu cerca de um ano depois, a convite da então secretária de Comunicação de Porto Alegre, Tânia Moreira, com quem havia trabalhado na TVE. "Ela me estimulou a me inscrever no banco de talentos da Prefeitura. Fui chamada, passei pelas entrevistas e vim para cá no começo do governo Marchezan, em 8 de janeiro de 2017", afirmou. Tânia deixou o cargo e Ivani seguiu. Hoje, trabalha na equipe de Orestes de Andrade Jr..

Experiência global

Entre uma passagem e outra na TVE, Ivani teve um longo caminho no Grupo RBS, no qual passou pela Rádio Gaúcha, pelo jornal Zero Hora e pela RBS TV, em que ficou a maior parte do tempo. Apresentou por, aproximadamente, sete anos o programa Projeto Conesul, a convite de Alice Urbim. Na atração, Ivani tratava de assuntos relacionados à integração econômica do Mercosul. "Plantamos na Globo a semente para falar mais sobre este tema", celebra. Teve, inclusive, uma vez que foi parar na bancada do Jornal da Globo para dar uma notícia sobre a crise na Argentina.

Na década de 1980, decidiu se mudar para São Paulo, onde trabalhou na TV Cultura por nove meses, sendo que uma matéria no Hotel Hilton fez a ponte para largar a emissora e ser gerente de Comunicação do estabelecimento hoteleiro. "Fiz o treinamento em Belém do Pará e viajei o mundo para conhecer os outros hotéis da rede." Mas o bichinho da redação, como chama, não a deixou, então voltou a fazer freelas na TV Cultura, cobrindo Eleições e Carnaval.

No boom da Internet, criou, junto com o então sócio Carlos Serapião Jr., o site Global21, que ficou no ar por quatro anos. Na página, fazia produção de conteúdo sobre economia junto com mais três colegas. A plataforma atingia acadêmicos de Relações Internacionais, Comércio Exterior e Marketing Internacional, além do médio empresário que buscava informação gratuita. "Infelizmente, não conseguimos viabilizar como negócio, não encontramos investidores que quisessem bancar", lamenta.

Para o futuro, ainda tem diversos planos. Um deles é disponibilizar, de alguma maneira, o conteúdo produzido para o antigo programa 'Projeto Conesul', além de produzir documentários. Outro desejo é se envolver em trabalho voluntário com imigrantes e refugiados em Porto Alegre.

Vida adaptada

Como já se percebe pela trajetória, viajar é o que Ivani mais gosta de fazer. Aliás, não tem medo em dizer que trabalha e vive para isso. "É o que enche minha alma", declara, e, no passaporte, traz carimbos de países da América Latina, da Europa e do Oriente Médio. Ler também está no topo da lista de preferências, ainda mais quando se trata de livros de romance. Dos autores prediletos, lista Gabriel García Marquez, Mário Vargas Llosa e Isabel Allende.

A música é presente na vida da jornalista desde muito cedo, pois o pai, Ivo Gastão, era pianista e foi maestro da extinta Rádio Farroupilha. Como não seria diferente, Ivani também aprendeu a tocar o instrumento na infância e o faz até hoje. "Me acalma a alma", acredita.

Católica praticante, garante que vai à missa todos os domingos. Quase sempre é na Igreja São Pedro, no bairro Floresta, mas, às vezes, vai na Santa Terezinha. É enfática quando revela seu time do coração: "Coloradérrima!" Torce muito pelo Internacional, contudo, vai menos aos jogos do que gostaria. Até pensa em se associar, quem sabe? Sua companhia nas partidas no Beira-Rio é a colega Lissandra Mendonça.

Confessa, ainda, que não é uma exímia cozinheira, mas sabe preparar alguns pratos. E, para comer, divertida, logo diz: "Sou glutona, gosto de comer bastante". É fã de carne, mas se não tiver no prato do dia, sem problemas. Nada que uma boa lasanha ou uma macarronada não a satisfaçam.

Intensa no que faz, não entende aquelas pessoas que não se entregam ao ofício. "Vibro muito, tenho muito tesão pelo que faço", assegura. Ao mesmo tempo, considera-se uma pessoa simples e forte. "Sou feliz e realizada, porque fiz o que eu queria fazer. Não me apego ao que não conquistei. Prefiro adaptar minha vida ao momento e ao que deu certo."

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