Luciane Kohlmann: Sonhar e se aventurar

Jornalista carrega consigo, desde cedo, a vontade de realizar muitas atividades diferentes

Luciane Kohlmann

A jornalista e repórter do SBT RS Luciane Kohlmann carrega desde cedo a vontade de aproveitar a vida. Na adolescência, fazia mil e uma atividades dos mais variados tipos. Crescida em um ambiente onde só se falava alemão e, mais tarde, estudar em um colégio que possui uma disciplina sobre a língua germânica, a trouxe um dos primeiros empregos: professora particular do idioma. Lu, como é conhecida, ainda trabalhou de babá, visto que sempre queria ganhar dinheiro extra, pois gostava de ter independência financeira. No terceiro ano do Ensino Médio, pagou sozinha uma viagem a Porto Seguro, assim como parte da formatura - frutos da obstinação monetária. 

Ela, que também fazia aula de teatro ou volta e meia algum workshop de artes plásticas, por exemplo, relata que os dias eram comprometidos da manhã até a noite. Nesta fase, também era vocalista de uma banda no colégio, assim como participou de mais duas em outros momentos - já ensaiando os primeiros passos com os microfones. Com uma família muito musical, que toca muitos instrumentos e participou de coral, logo cedo aprendeu violão. "Para mim, toda música tem algo de bom e te toca de alguma forma", diz, ao abordar que, como ouvinte, é eclética e gosta de escutar as mais calmas. Enquanto a banda favorita é Coldplay e adora rock, comenta que foi a cantora francesa Zaz quem figurou no topo de sua playlist, em 2019. 

Paixões da vida

Lu ainda gosta muito de música eletrônica, mas normalmente dá play neste tipo quando faz um exercício físico. Como o trabalho exige muito mentalmente, acaba desopilando por meio de algumas atividades esportivas. Já foi ultramaratonista de montanhas e morros, porém, hoje, corre em um ritmo mais leve. A filha da coordenadora pedagógica aposentada Mariane não estava conseguindo conciliar com a carreira, pois os treinos eram muito pesados, além de ter se lesionado. A lista de exercícios físicos também contempla fazer musculação e yoga - o que a acalma bastante. Em algumas ocasiões, para desestressar e recuperar as energias, vai para perto da natureza fazer uma trilha, também com o objetivo de ficar longe do celular.

Na época em que Lu e o marido Tomaz Paniz estavam correndo juntos, foram muito para o Chile e a Argentina, na região da Cordilheira dos Andes. Viajar é o que mais amam fazer e brinca: "Acho que todo o dinheiro que gastamos na vida é com viagens". Ir para algum destino fora de Porto Alegre faz parte do planejamento financeiro deles e intercalam lugares, pois o engenheiro civil adora montanhas e neves, enquanto Lu prefere as praias. O casal já fez duas Eurotrips, porém, dentre todos os locais visitados, são apaixonados por Paris, França. 

Carreira 

Na época do colégio, apesar das multitarefas, não tinha muita definição do que queria cursar futuramente. Ficava em dúvida entre Publicidade, Jornalismo e Direito. No Ensino Médio, acabou optando pela área jurídica, e prestou alguns simulados para o curso. Contudo, ao participar de um aconselhamento de orientação profissional, a advocacia foi deixada de lado, visto que o resultado foi diferente e apontou para o Jornalismo. 

Ao ingressar na Ufrgs, fez muitos estágios, como na prefeitura de Alvorada, no Terra e na rádio Gaúcha. Após se formar, voltou aos microfones, mas, desta vez, para atuar como repórter de televisão, na RBS TV. Ao longo da carreira, também foi para São Paulo, onde trabalhou na Rede Globo e no Canal Rural e, em Brasília, novamente pela emissora televisiva que pertence ao conglomerado da família Sirotsky. Nascida em Porto Alegre, ficou cinco anos fora do Estado, mas acabou pedindo para retornar à cidade natal - onde permaneceu por mais algum tempo. Entretanto, após mais de 10 anos de casa, entre estágio, freelas e contratos, deixou o Grupo RBS e foi para o SBT RS - onde segue até hoje. 

Na filial rio-grandense da empresa de Silvio Santos, normalmente faz a reportagem da manhã, e entra ao vivo no SBT Rio Grande. ''Lá, temos muitas oportunidades'', comenta. No início do ano, participou do SBT Mulher, programa que é transmitido no Facebook, além de ter apresentado o SBT Brasil - ancorando o jornalístico em rede nacional. Lu destaca que o momento foi um grande desafio e o levará para sempre. Por isso, confessa que é a realização de um sonho e um dos momentos mais marcantes da carreira. 

Como sonhos profissionais futuros, gostaria de entrevistar e conhecer muitas personalidades. Além disso, viajar mais e contar as histórias que encontra pelo caminho, mas não de uma forma glamourosa e, tampouco, de luxo e, sim, para conversar com as pessoas e conhecer a cultura local. 

Trabalhos marcantes

Com mais de duas décadas de carreira, muitas foram as coberturas que Lu realizou. Em julho de 2007, quando aconteceu a queda do avião da TAM, em São Paulo, recorda que alguns minutos antes tinha deixado a família no aeroporto para regressar a Porto Alegre. Além da questão profissional, foram alguns minutos de pânico, pois descobriu que o voo era de gaúchos, mas não sabia que ele tinha saído da capital gaúcha, bem como não tinha conhecimento da companhia aérea que levava os familiares dela. 

Já em 2009, relembra que foi para o interior de Roraima, em Pacará, região que faz divisa com a Venezuela. Ao lado de um cinegrafista, precisava acompanhar a saída dos arrozeiros gaúchos que estavam na reserva indígena Raposa Serra do Sol. Primeiro, desceram no aeroporto de Boa Vista e seguiram ao local de carro. Quando chegaram ao destino, perceberam que precisavam abastecê-lo. Após darem algumas voltas na cidade, descobriram que não havia posto de gasolina no município. ''Um morador nos disse que tinha só do outro lado da fronteira, porém que sempre havia muita fila, e os motoristas eram chamados de acordo com a placa do automóvel, enquanto a segunda opção era comprar gasolina clandestina'', lembra. Passados alguns minutos de pavor, a dupla decidiu entrar na fila do posto venezuelano, e logo chegou a vez deles - a placa da vez era, justamente, a do carro deles. Lu rememora que, antes de tudo acabar bem, pensaram até em falar com o exército estrangeiro e contar a eles que eram uma equipe de televisão e precisavam abastecer para trabalhar. 

Todavia, a cobertura mais marcante para a filha do gerente comercial André foi a que realizou no Haiti, quando foi reportar como estava a situação do país após um ano do terremoto que os assolou. Fez matérias sobre fome, desemprego, falta de saneamento. ''Tudo aquilo que reclamamos no Brasil, mas quando vamos para lugares assim, percebemos que nossos problemas são sérios, sim, mas lá são 10 vezes piores'', reflete. 

Além das câmeras

Longe dos telespectadores, adora assistir a séries. Gosta das que abordam o papel da mulher, como 'Nada Ortodoxa', 'Self Made' e 'Unbelievable'. Assim como curte também as mais românticas e leves, a exemplo de 'Outlander' e 'La Casa de Papel'. A lista de streamings é completada por aqueles títulos que transmitem uma mensagem, como 'Ann with an E', ou que sejam baseadas em fatos reais, apesar de depender muito, já que acompanhou toda 'Game Of Thrones'. 

Na mesma linha, prefere filmes que a façam pensar, como é o caso dos indicados ao Oscar de 2020, a exemplo de 'Coringa', 'Parasita', 'Era uma vez em Hollywood' e 'O Escândalo'. É difícil assistir comédias. Em relação aos diretores, a atraem  as obras de Tarantino, que faz muita crítica social, assim como o Woody Allen, sobre as relações. 

Sempre foi uma grande consumidora de livros, mas devido à rotina e à facilidade que os streamings proporcionam, diminuiu a quantidade. Hoje, a média mensal é de um livro por mês. A agradam mais as obras mais leves, de ficção, assim como biografias. A história da vida da ex-primeira-dama estadunidense Michelle Obama é um exemplo que integra a lista de leituras a serem finalizadas.

Além do entretenimento, aos finais de semana, cozinha bastante ao lado do marido, com quem está há sete anos, e fazem comida para toda a semana. Nos restaurantes, prefere ir em bistrôs e provar pratos que os chefs pensaram para criar. Adora a gastronomia tailandesa, assim como a italiana e a francesa. Em casa, conta que a culinária é mais simples. Acabam consumindo muitos produtos orgânicos, pois vão toda semana em uma feira, assim como frutas, e a preparação de comidas caseiras. 

Aos olhos dela 

Se define como uma pessoa tranquila, com perfil conciliador, empática e muito trabalhadora. Mas também revela que é um pouco impaciente e, em alguns momentos, acaba perdendo a calma, uma vez que gosta de ter o controle de tudo. Hoje, porém, está em uma luta diária para mudar e, com isso, deixar tudo acontecer naturalmente. Comprometida, acredita que o maior defeito está, justamente, em sua impaciência e ansiedade. 

Irmã mais nova de Cibele e mais velha de Allan - de criação -, possui como lema de vida não apenas sonhar mas, sim, ir atrás do que almeja para tornar tudo realidade. "Sempre foquei muito em batalhar para alcançar meus desejos", decreta.

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