Márcio Irion: Acreditar sempre

Advogado e empresário, apaixonado pela esposa e pelos cinco filhos, confidencia que empreende desde a infância

Márcio Irion - Crédito: Divulgação

Quem convive com o presidente da RDC TV, Márcio Irion, sabe que ele é um apaixonado pelo que faz. Inquieto, o filho do meio da costureira Hilda Santos foi picado pelo bichinho do empreendedorismo ainda na infância. Morador do bairro Azenha, estudava no Colégio Duque de Caxias e, por isso, sempre acabava passando pela Casa Lu - uma grande loja de roupas que, uma vez por ano, realizava uma liquidação que formava uma fila gigante. O ainda menino, de apenas 10 anos, via aquela cena, que se repetia por anos, como uma oportunidade de negócio. Ele entrava na fila, ganhava uma ficha e vendia para quem quisesse o lugar, para juntar dinheiro e ajudar a mãe. "Eu lembro que tinha uma pessoa que todos os anos me procurava para comprar ficha da fila. Na época, ela tinha um Escort XR3 conversível branco, que era o carro dos magnatas", recorda.

Quando criança, era muito curioso e estava sempre procurando uma oportunidade de negócio. Como morava na Rua Oscar Pereira, próxima aos cemitérios, em Dia de Finados se transformava em flanelinha, cuidando dos carros que estacionavam em frente ao prédio em que vivia ou, com o dinheiro arrecadado, comprava ovos e tomates mais baratos e revendia nos mercadinhos da volta. "Tudo para arrumar um dinheirinho", conta.

O tempo passou e o desejo de crescer e aprender fez com que Márcio se dedicasse aos estudos. Ao mesmo tempo em que cursava a faculdade de Direito na PUC, montou uma empresa de transportes, de entrega rápida - de motoboys, que teve filial até em Belo Horizonte. Porém, após se formar, em 2007, fez uma especialização em Direito Tributário, pela PUC e pelo Instituto de Estudos Tributários (IET) e resolveu atuar nesta área. Foi muito feliz e teve inúmeros resultados positivos. "Só no estado do Rio Grande do Sul eu já ajudei as empresas a diminuírem seu passivo de ICM em mais de R$ 100 milhões. É muito, e eu sempre me acostumei a dar resultados para os meus clientes", orgulha-se.

Família grande

Casado há 10 anos com a advogada Carolina Paz, conta que a primeira vez que se viram foi em sua formatura, uma vez que Márcio colou grau junto com a irmã de Carol. Contudo, só tiveram a oportunidade de conversar e se aproximar quando compartilharam o mesmo voo de Brasília para Porto Alegre, quase um ano depois. Carolina, que é natural de Palmeira das Missões, morava em Goiás e estava vindo à capital gaúcha para visitar a mãe. Na ocasião, o voo sofreu um atraso e eles começaram a conversar e descobriram a feliz coincidência de já terem se visto em outra época.

Pouco depois do encontro, o irmão do Marcelo e do Vinicius foi para África do Sul passar 30 dias e, quando voltou, engatou o namoro. "Em seguida, ela veio morar comigo em Porto Alegre", recorda. Desde então, a família ficou grande e se completa com cinco filhos: Guilherme, 22; Gabriel, 19; e Ana Clara, 14, do primeiro casamento de Carolina, além de Rafael, 14; e Miguel, 10, do primeiro matrimônio de Márcio.

Atualmente, eles moram no bairro Chácara das Pedras, em uma casa com pátio grande, onde criam pássaros soltos. Por isso, todos os dias colocam frutas no pátio para que as aves possam comer e cantarolar por ali. E, por falar no assunto, Márcio gosta de cozinhar, mas tem que ser algo salgado. Não faz nada doce e também não gosta de lavar a louça. Já a sua preferência é churrasco, massa, sushi e a sopa de batatas que a esposa faz.

Além disso, gosta muito de viajar com a amada, e a dupla costuma combinar os lugares que quer visitar. Então, vão só com as passagens compradas e a primeira estadia no hotel e, depois, vão descobrindo aos poucos. Não gostam de planejar as viagens, mas, sim, de deixar acontecer.

Persistir sempre

Dizendo que não é muito ligado em música, pois nunca conseguiu cantar uma letra inteira, é eclético e gosta de tudo. A canção que o faz feliz é a que está conectada ao seu estado de espírito naquele momento em que ouve. 

Cobrado pela família por não ter muito tempo de folga, Márcio diz que é muito caseiro e que gosta de não fazer nada quando tem uma folga. Porém, sua atividade exige que ele faça algo sempre, como participar de eventos e reuniões fora do horário convencional.

Como bom colorado, sempre que pode vai ao estádio Beira-Rio assistir aos jogos do time do coração. Mas na família não tem companhia, uma vez que apenas Ana Clara torce pelo mesmo time, mas hoje já não é muito ligada em futebol. Contudo, ele adora acompanhar e analisar as partidas. Já a prática esportiva fica apenas no tênis mesmo.

Filmes que contem histórias verídicas são os preferidos dele, ao dizer que gosta da verdade e não curte ficção. São muitos destes roteiros reais que o inspiram. Já a leitura está sempre atualizada com livros empresariais que relatam sobre empresas, mais técnicos, como do pesquisador e consultor estadunidense Jim Collins, a quem chama de mestre. "Os norte-americanos são pragmáticos, e este meu projeto da TV foi todo baseado e estudado em cima deles. Como eles pensam a comunicação, de business, diferente. Este é o nosso maior desafio aqui, que é a cultura", compartilha.

Como qualidade, destaca que tudo tem para ele o lado positivo. O que o sustenta é pensar assim, persistir sempre e ver em cada adversidade uma solução. Já o defeito é de que deveria escutar mais. Afirma que, por ser muito protagonista em tudo, escuta, mas logo seu cérebro está condicionado a opinar. Uma definição? "Acreditar sempre em seu sonho, almejar grande e nunca desistir", argumenta.

Multiempresário

Workaholic, ele trabalha 18 horas diárias, pois, além da RDC TV, tem ainda uma empresa de combustível de aviação e outra de investimentos. Conta que, antes de montar a TV, tinha uma rotina diferente, em que jogava tênis todos os dias e praticava esportes. No entanto, desde que a emissora entrou no ar, deixou tudo de lado.

Lavando-se em elogios e admiração, confidencia que aprendeu muito com o ex-deputado e amigo Ibsen Pinheiro, com quem trabalhou como assessor jurídico, de 2004 a 2010, e depois sempre esteve próximo até o seu falecimento - no início de 2020. Foi com ele soube ordenar as palavras de maneira adequada.

A carreira começou empreendendo na infância, porém a virada foi depois de se formar e se especializar em Direito Tributário, em que encontrou um nicho de oportunidades. Sua primeira empresa foi uma serigrafia, depois de transportes, escritório de direito fiscal, holding de investimentos, empresa de táxi aéreo e posto de combustível de aviação de padrão internacional, em Canela. Antes de montar a TV, Márcio já estava em sua zona de conforto e lembra que quase nunca foi empregado.

Quando pensou em montar a emissora, era mais para retribuir tudo que ganhou. Percebeu há uns dois anos que se continuasse desta forma em uma comunicação vertical nacional, "o povo iria ficar um pouco alienado". Diz que viu também que não poderia mais perder tantos profissionais da área que não têm para onde ir, pois os veículos são os mesmos e o mercado é restrito. "Eu digo que não tem nada melhor do que fazer aquilo que tu gostas. Sou um cara que ama trabalhar, que não tem horário e dia. Quando vemos o resultado disso é que é bacana", afirma.

Realizado nas profissões que escolheu, Márcio nunca pensou em outra profissão e, mesmo à frente da RDC TV, não deixou de continuar a atuar na área jurídica. Segue com seu escritório, 'Irion Advogados', mas hoje se dedica mais à parte de inteligência e de planejamento do que à execução. 

Foi em um domingo pela manhã, quando estava com os filhos, que surgiu o nome da Rede Digital de Comunicação (RDC TV). Na oportunidade, foi feita uma pesquisa e se descobriu que no mundo inteiro o nome das emissoras tem três letras. "Quando terminamos, a Carolina entrou no quarto, falamos o nome, ela já saiu dizendo que era a Rede da Carol. Então, deu uma sinergia e aí está a RDC TV." Dentre suas referências, destaca, além do escritor Jim Collins, a mãe Hilda, que, com sua simplicidade, foi quem o ajudou a forjar o seu caráter e o ensinou a sempre ajudar as pessoas, além de todos com os quais teve a oportunidade de aprender. É um conjunto, então se citasse uma seria injusto com as demais, mas cada uma delas teve uma parcela na sua construção. Como lema, deixa esta dica: "Não desista nunca! Acredite sempre e jamais decline".

Para a próxima década, ele espera que todas as suas empresas estejam andando sozinhas e sem depender dele. Quer estar estabilizado, aproveitando a família e viajando muito pelo mundo acompanhado da Carolina.

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