Marcos Eizerik: Em busca do melhor

Para Marcos Eizerik, a família é o que existe de mais importante, seguido do seu hobby: ser publicitário

Crédito da foto: Jessica Hübler
Boa parte dos cerca de 20 anos de sua carreira Marcos Eizerik passou transitando entre São Paulo e o exterior. Hoje tem sua agência própria, a Propaganda Futebol Clube, localizada no Bom Fim, um dos bairros ícones de Porto Alegre, onde exercita o lema "brincamos em serviço" - que adota para a agência e para sua própria rotina profissional, pois entende a carreira como um hobby. Já plantou uma árvore, escreveu um livro e tem dois filhos, mas continua se considerando um eterno insatisfeito. Para ele, não existe felicidade plena, mas, sim, momentos felizes. "Eu não estou publicitário, eu sou publicitário, e os momentos de folga que eu tenho são para a minha família", conta.
Nasceu em julho 1972 e se criou na mesma Rua Vasco da Gama que sedia a empresa. Ali teve uma infância "bem infância mesmo", com direito a joelhos ralados no Parque da Redenção, e férias escolares no litoral. Estudou a vida inteira no Colégio Marista Rosário, onde era apaixonado pelas aulas de sua religião, o judaísmo. Na escola integrou a diretoria do Grêmio Estudantil, vivendo períodos de greve e ajudando a fundar o primeiro jornal interno do Rosário. Quando concluiu o ensino médio, prestou vestibular e ingressou, em 1990, no curso de Publicidade e Propaganda na Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUC, uma extensão marista do seu antigo colégio.
Os pais, Pinheiro e Berta, são professores e cada um dos irmãos, Airton, Cintia e Bruno, se especializou em uma área. Airton é médico, Cintia é farmacêutica e Bruno, advogado. Marcos foi para a publicidade, área pela qual se considera fascinado e que define como uma eterna diversão. Conheceu sua esposa enquanto ainda estava na faculdade, em uma festa do curso de Farmácia. "Ela pensou que eu era Engenheiro, essa foi a minha sorte", conta Eizerik sobre o primeiro encontro com Dauana, com quem é casado desde 1998 e teve os filhos Gabriel, de seis anos, e Natalia, um ano e meio.
Experiências além-mar
Em 1994, quando se formou na universidade, Marcos chegou a pensar em abrir uma agência em Porto Alegre, "mas eu decidi aprender diretamente na fonte, aí fui pra São Paulo". Foi recebido por um tio que mora na capital paulista e, depois de se estabilizar financeiramente, foi morar num flat, onde tinha um altar com fotos da família. "A melhor hora do meu dia era à noite, quando eu podia sonhar com eles", conta. Em São Paulo, trabalhou com Ruy Lindenberg, Wagner Fornel, Washington Olivetto e Alexandre Lucas, entre outros. Das agências em que trabalhou, cita a SMP&B, aquela de Marcos Valério, o publicitário condenado por corrupção.
Nesta época ficou sabendo que um cara chamado Edson Athayde, que tinha ido pra Portugal, estava na Young & Rubicam e queria contratar publicitários. "Meu portfólio tinha nível? muito baixo, mas eu fui mostrar pra ele e não aconteceu nada", conta Marcos. Depois, descobriu que havia um head hunter procurando profissionais para trabalhar em Manaus. Não passou no processo de seleção, mas, mesmo assim, acabou indo trabalhar na capital amazonense em outro momento, na agência Saga, a maior da região. Apesar de ser redator por essência, foi para lá como diretor de Criação.
Um tempo depois retornou para o mercado paulista e foi trabalhar na CF Comunicação, especializada em promoções. Executou trabalhos para grandes clientes, Coca-Cola entre eles. Foi quando o mesmo Edson Athayde voltou para o Brasil e começou outro processo seletivo, agora para trabalhar na FCB Lisboa. Emplacou desta vez, foi para Lisboa e ficou lá mais de um ano. Ralou muito, assegura: "Se tu perguntar se eu conheço Lisboa, eu não conheço Lisboa. Se tu perguntar se eu conheço Portugal, eu não conheço Portugal. Eu conheço muito bem a agência que eu trabalhei, porque eu fui pra trabalhar".
Voltou novamente para São Paulo, para trabalhar de diretor de Criação numa agência de varejo, que estava criando um instituto de pesquisa, o Data Popular. "O grande privilégio de estar nos lugares que eu estive foi o de ter trabalhado com pessoas extraordinárias", relembra Marcos. Num determinado dia, informou para a equipe que ia para Barcelona acompanhar sua esposa que recebeu um convite para trabalhar num hospital.
Na bagagem foi seu portfólio, já com experiências nacionais e internacionais, e bateu na porta de uma agência chamada Vinicius Young & Rubicam, onde procurou pelo "Vinicius". Não era quem pensava: o nome tratava-se de uma homenagem ao poeta Vinicius de Moraes, porque o diretor da unidade em Barcelona, Toni Segarra, é louco pelo Brasil e sua música. A investida, de qualquer forma, valeu a pena. Foi contratado e ali atuou por cerca de dois anos. A vivência espanhola rendeu matéria-prima para um livro, "Barcelona um ano com 365 dias", que escreveu ao retornar ao Brasil.
Futebol Clube
Voltou para Porto Alegre e criou a Propaganda Futebol Clube, em 2005. Com um ano e três meses de atuação, a empresa foi eleita Agência Revelação do Ano pela ARP. Em 2007, ganhou o prêmio de Melhor Filme Publicitário do Rio Grande do Sul, graças a uma ação para a Candiero no cinema, para o Dia dos Namorados.
"Eu tive que decidir se a agência ia ser do meu tamanho, ou maior do que eu" e foi quando a agência passou para a nova sede, em 2008. Para Marcos, a criação não pode ser exclusividade de um departamento, mas é dever de toda a empresa. A criação é o que faz a diferença e merece ter seu valor reconhecido. "O cliente deve investir menos na mídia e mais na criação, para conseguir um resultado maior", diz. A agência carrega ideias que estão "fora da caixa", e não pretende fazer mais do mesmo. Em todas as ações e campanhas desenvolvidas para os clientes, suas abordagens diferenciadas são reconhecidas como característica principal da empresa. Conta com uma equipe de 19 pessoas entre efetivos e estagiários, mais 16 freelancers que estão "gravitando" e trabalham com a empresa. Nas apresentações de portfólio, a agência não tem redator, diretor de Criação, diretor de Planejamento, estes cargos convencionais. Todos são definidos a partir das posições de um time de futebol, como zagueiro, volante, goleiro, etc. O próprio cartão do diretor registra: Marcos Eizerik - gandula e presidente.
Marcos acredita que cada anúncio, peça ou solução que a empresa for criar amanhã pode representar, ao final, a maior satisfação da sua carreira. Explica-se: um dos lemas seguidos pela equipe é "o melhor é inimigo do pronto, pois, se pode ficar melhor, é porque não está pronto".
O publicitário não tem metas predefinidas para o futuro, mas diz que quer ter o privilégio de estagiar numa agência de Londres ou de Nova Iorque - e quer ser o melhor estagiário que eles já tiveram. Entre suas principais referências, estão os profissionais que cruzaram com ele, como os citados Ruy Lindenberg, Washington Olivetto e Toni Segarra. Define-se como filho, marido e pai e, em relação ao seu lado profissional, diz: "Eu não quero ser mais um rostinho bonito no mercado da publicidade, eu sou um cérebro e vocês precisam me ouvir".

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