Beto Turquenitch: Muitas histórias para contar

Ele tem muitas histórias para contar. Já quase cruzou o mundo em busca de conhecimentos e explicações para seus projetos. Não segue regras e considera …

Ele tem muitas histórias para contar. Já quase cruzou o mundo em busca de conhecimentos e explicações para seus projetos. Não segue regras e considera que seu jeito de ser é meio parecido com o do cantor e compositor Raul Seixas, procurando sempre os caminhos alternativos para as questões da vida. De origem judaica, Luis Roberto Turquenitch , o Beto, diretor da TGD Cinema e Vídeo, tem formação em Engenharia Mecânica e através de descobertas nesta área vislumbrou, em 1987, o negócio de produção no mercado gaúcho com um diferencial: a computação gráfica. Seu sonho era ser piloto de avião e uma de suas paixões, até hoje, é estar nas alturas, voar. Aos 18 anos, ele decidiu realizar o curso de piloto privado, no Aeroclube do Rio Grande do Sul. "Fazia alguns trabalhos no aeroclube, só para poder voar. Todo trabalho que fazia, eu trocava por horas de vôo", relembra. A paixão por voar era tanta que até fez com que Beto ficasse em dúvida em relação ao curso que deveria seguir: Jornalismo, Publicidade ou Ciências Aeronáuticas? Mas a decisão foi por um quarto, o curso de Engenharia Mecânica, na Ufrgs, que lhe oferecia uma bolsa de estudos no exterior. A escolha foi feita porque além de voar, gostava muito de viajar. E foi na universidade que interessou-se por energia solar, tema que norteou sua trajetória nos primeiros anos da carreira profissional. "Eu sempre gostei de trabalhar com coisas alternativas". Em 1980, ganhou uma bolsa de estudos da Universidade de Telaviv, em Israel. Lá, conseguiu um emprego na própria universidade para dar aulas no curso de engenharia e realizar pesquisas. Em Israel mesmo, Beto cursou Mestrado em Engenharia Mecânica, cujo tema da tese foi também energia solar. Além de dar aulas em Telaviv, Beto também avaliava projetos e programas. Foi então que teve o primeiro contato com a tecnologia de computação gráfica, na avaliação de um projeto para a IBM. "Eu tive o privilégio de aprender uma tecnologia que estavam recém iniciando, nem havia muitos computadores na época, e isso contribuiu muito para a minha experiência. Com meus conhecimentos técnicos de engenharia, energia solar e computação gráfica, pude desenvolver e saciar a minha vontade de aprender coisas novas". Após o término do mestrado, em 1984, Beto resolveu viajar com o dinheiro que ganhou nos quatro anos de permanência em Israel. Viajou durante um ano e meio por vários países, incluindo Índia, China Comunista, Tailândia, Nepal e Rússia. De volta a Porto Alegre, foi convidado para atuar na área de pesquisa na Consul, em Joinville, Santa Catarina. Como estava confuso ainda sobre o que fazer de sua vida, decidiu morar na cidade e aceitar o desafio. "Na Consul eu implantei a computação gráfica. A fábrica de Joinville foi a primeira empresa brasileira não- governamental a ter todos os projetos no computador", garante. Em 1986, saiu dali já com o plano de montar a primeira produtora de computação gráfica do país, a TGD Cinema e Vídeo. "Na época eu notei que só havia produções da Rede Globo e RBS. A oportunidade fez com que desenvolvêssemos um sistema que possibilitava produzir animações que concorriam com estes dois veículos". Conforme Beto, a TGD iniciou suas atividades produzindo primeiramente para o mercado de São Paulo. "Começamos ao contrário, atuando fora do Estado, mas conseguimos estruturar a primeira produtora de computação gráfica na hora certa", afirma. Beto acredita que a TGD cresceu muito ao longo destes 18 anos de atuação e tornou-se reconhecida como uma das principais produtoras de computação gráfica no país. Os inúmeros trabalhos produzidos renderam para a TGD prêmios nacionais e internacionais. "A TGD atua em vários nichos do mercado, mas a empresa está voltada agora para produção de filmes comerciais. A produção permite o engajamento em diferentes áreas, isso nos dá prazer em produzir ", destaca. Raul Seixas "Não tenho uma rotina", diz Beto, acrescentando que ir trabalhar representa descanso, já que a TGD está localizada em frente ao Clube Veleiros, na zona Sul de Porto Alegre. "Ir trabalhar é um prazer, eu adoro o que faço", destaca. Antes de dirigir-se para a produtora, ele pratica ginástica todos os dias pela manhã e salienta que prefere fazer a atividade em casa. "Sempre fui meio Raul Seixas na vida profissional e pessoal, não consigo ir na academia e ficar lá bonitinho", revela. Compara sua personalidade com a do músico alternativo em várias outras atividades da vida, como na gastronomia: adora cozinhar, mas não gosta de seguir receitas. "Eu aprendi a cozinhar com o que eu tivesse à mão", afirma. A prioridade da vida de Beto é estar junto da família. A esposa Gisele - com quem é casado há 12 anos -, os filhos Gustavo, 4 anos, e Gabriel, 9 anos, são tudo para o produtor que "não abre mão de estar com eles nunca". Beto destaca que procura estar presente na vida dos filhos e que tenta sempre acompanhá-los nos programas. O produtor não gosta muito de badalações, por isso nas horas de folga viaja com a família para Atlântida, onde tem casa. Lá, a programação é variada, Beto e os filhos ocupam o tempo jogando tênis, fazendo um churrasco, cozinhando juntos, reunindo amigos e fazendo as tradicionais brincadeiras na beira da praia. "Eu acho maravilhoso descobrir coisas junto com os guris. Eu me sinto às vezes aluno das crianças e vejo que não sou professor de ninguém", ressalta. Mas a diversão mesmo de Beto é ir ao cinema com Gisele. "Fico feliz da vida, é só me dar um pacote grande de pipoca e me convidar para assistir algum filme". A adoração por cinema é tanta que chega ao ponto de sair de um e ir assistir a outro filme no mesmo dia. "É um prazer total, se pudesse eu iria todos os dias". A Filosofia de Turchenitch Filosofia de vida é com ele mesmo. De todos os momentos ruins, ele sempre extrai algo de bom e o resultado serve como lição. O produtor acredita que as pessoas devem aproveitar tudo que há de melhor hoje, não deixando para o futuro. "Eu não quero chegar aso 48 minutos do segundo tempo e dizer que eu queria ter feito e não fiz", explica. Para Beto, todos os projetos e planos podem ser concretizados, porém destaca que para tudo que se almeja deve-se ter coerência."Devemos buscar o sonho que a gente tem na adolescência e nos manter eternamente adolescentes com a maturidade que os 40 anos permitem ter", avalia. Ele revela que no seu dia-a-dia procura sempre buscar a essência da vida e transmitir só energias boas. Para o futuro, Beto Turchenitch pretende além de continuar crescendo profissionalmente, produzindo com prazer e satisfação pessoal. Justifica os planos com sua maneira simples de viver: fazer somente o que lhe dá prazer. "O dinheiro acaba vindo, é um decorrência deste trabalho". O produtor faz questão de destacar que " sua única obrigação é ser permanentemente feliz", conclui.

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