Lucas Pontes: Na publicidade desde o berço

Filho e irmão de profissionais da Propaganda fala dos desafios que o mercado proporciona e como os encara

Por Márcia Farias
Nascer e crescer em uma família de publicitários. Esta é a explicação que Lucas Pontes dá para a escolha pela comunicação. Filho e irmão de profissionais da Propaganda, ele começou a trabalhar na empresa do pai aos 15 anos. Nunca mais saiu do mercado. Aos 33, o executivo tem sede de trabalho: fala da atividade com naturalidade e segurança de quem tem vontade de sobra para continuar no caminho por muito tempo. A JC Comunicações é o passado, o presente e, garante, o futuro.
Não bastasse a paixão pelo que faz na empresa, é também presidente do Grupo de Atendimento a Veículos (GAV) e diretor da Associação Riograndense de Propaganda (ARP). Todas as funções exigem tempo, dedicação e constante atualização. Pelo menos é assim que justifica a intensa rotina no mercado publicitário. Quando pensa em lema profissional, olha para o mural atrás da mesa e procura a frase 'Tudo bem, o vento está a nosso favor, mas a gente também está soprando pra cacete'. Segundo ele, a JC está se consolidando nos negócios, e "até pode ser que o mundo conspire a favor, mas tem muito trabalho envolvido nisso. Este reconhecimento não vem de graça', explica.
Lucas guarda neste mural diversos crachás de congressos, festivais e demais eventos do setor de comunicação, como o Mundial de Publicidade e o MaxiMídia. Quase como uma coleção de credenciais, todas devidamente penduradas na parede. "Com esse ritmo, preciso estar por dentro do que acontece no mercado."
Sangue publicitário
Júlio Cesar Pontes, fundador da JC Comunicações, não é apenas pai, é a referência profissional que Lucas mantém. Mas não é a única: "Meus irmãos também são exemplos de luta e ética", diz, para em seguida contar que os dois - os publicitários Heitor e Juliano - moram em São Paulo. O caçula da professora Vera Elvira, falecida em 1996, seguiu os passos dos mais velhos e, hoje, atua como sócio de Júlio. A relação de pai e filho, conta, é de aprendizado constante, pois tenta sempre unir o seu pensamento jovem, de empreender e inovar, com o conhecimento, a bagagem e a técnica de mercado de Júlio. "É uma troca: a minha ousadia com a visão dele", orgulha-se.
Encontros entre Lucas e Júlio, fora do ambiente profissional, ocorrem eventualmente - falar da empresa é coisa rara, apesar de inevitável. Não chega a ser uma regra, é verdade, mas ambos se esforçam para deixar a empresa no lugar dela e curtir a relação familiar. Se tem algo que faz com que os quatro Pontes se sintam próximos é o futebol: Internacional é quase uma religião na família. Como tradição, os homens conversam por telefone em dia de jogo colorado, fazem comentários sobre a partida e torcem juntos, mesmo que distantes. Outro sentimento de união do grupo tem nome, Felipe, de nove anos, o filho de Heitor. Para o pequeno, Lucas não se importa de perder o posto de xodó da casa. "É a paixão de minha vida." Para matar a saudade de estar longe do sobrinho, uma foto no mural, junto de tantos objetos admirados todos os dias.
O momento mais marcante da vida é também relacionado à família. A resposta vem rápida: "A perda da minha mãe". Lucas tinha 18 anos e recorda que, apesar da dor, o momento foi de amadurecimento. "Precisamos reposicionar a família, perdemos a única mulher da casa", conta, em um raro momento em que o sorriso constante some do rosto. A admiração pelo pai, que sempre foi grande, cresceu ainda mais. "Ele é pai e mãe, um exemplo de vida que quero levar para os meus filhos, quando os tiver. Teve o desafio de criar três filhos e tirou isso de letra. Tudo isso fez com que ele se tornasse minha referência para tudo", orgulha-se.
Filho pródigo
Engana-se quem pensa que o executivo se mantém na empresa desde os 15 anos. Em dado momento, sentiu a necessidade de agregar conhecimento de mercado e foi atuar como executivo comercial da MTV RS, certo de que voltaria para a JC com mais bagagem. "Foi nesta época que adquiri conhecimento de como as veiculações aconteciam, pois estive do outro lado do balcão e lidei com grandes agências e contas do mercado. Sem falar nas relações e contatos que fiz." O mesmo aconteceu na passagem pelo jornal Valor Econômico.
O projeto pessoal de retorno para a empresa do pai deu certo. Lucas voltou com objetivo de reestruturar a JC, fazer uma reativação da marca e abrir o mercado, pois a organização era reconhecida pela representação comercial de rádios do Interior. Para alcançar o quer queria, não bastava um bom planejamento, ele precisava deixar de ser apenas o filho do dono. E para o êxito, teve apenas uma receita: baixar a cabeça e trabalhar. "Acreditei em algumas ideias e consegui mostrar a importância delas. Claro que tive algumas resistências e encontrei inseguranças, mas consegui mostrar e pontuar o que era importante para a JC", conta.
Em sua bolha
Quando está longe da loucura que a propaganda exige, Lucas tem sempre o mesmo destino: a praia, mais precisamente Xangri-Lá, local onde passou a infância e faz questão de frequentar até hoje. "É um refúgio, a fuga da turbulência diária." As melhores companhias para o litoral são a família, os amigos de muitos anos e a namorada Marina, advogada, a quem chama de "minha parceira".
E por falar em praia, também é dela que vem o esporte preferido do executivo, o surfe. Foi por causa desta modalidade que Lucas pôde cumprir uma viagem inesquecível. Juntou os amigos e, em 2009, foram todos buscar ondas no Peru. "Não tem nada de bonito ou interessante lá, a não ser pelas ondas e por poder passar 20 dias com os amigos", destaca. Viajar, aliás, está entre os prazeres da vida, mas ultimamente anda fora dos roteiros. A próxima parada? Maresias, onde ficará por uma semana ao lado de Marina.
Estar longe da empresa também pode representar ficar perto do que gosta, "dentro da bolha", como define. Por exemplo? Ver filme de terror, sozinho, com as luzes apagadas, ouvir rock'n roll de qualquer banda, ler sobre o mundo digital, tudo isso pode fazer bem. "Quanto mais tranquilo me sentir, melhor", resume. Para o futuro, como era de se esperar, prevê apenas duas coisas: "A empresa estará consolidada e eu, bem grisalho.
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