Patrícia Carneiro: Visionária estrategista

Simpática, inquieta e falante, encontrou seu chão na publicidade e, hoje, não se vê atuando em outra área que não seja esta

Patrícia Carneiro - Reprodução/Arquivo pessoal

A publicitária Patrícia Carneiro é uma pessoa que não consegue fazer uma coisa só: seja na vida pessoal ou profissional, está sempre envolvida em múltiplas tarefas e atividades. Diretora de Planejamento da Competence e primeira presidente do recém-criado Grupo de Planejamento do Rio Grande do Sul, ela considera tais características como virtudes, afinal, afirma que consegue encontrar o foco no meio desta multiplicidade.

Filha de astróloga, acredita que seu signo influencia bastante a sua personalidade. É canceriana e se define como uma pessoa extremamente sensível, curiosa, afetiva, inquieta e brincalhona. Ela cita como alguns de seus defeitos a impaciência e o perfeccionismo. "Gosto muito de transitar pelas coisas do passado, presente e futuro. Gosto de entender por que as coisas aconteceram e de saber como eu devo organizá-las hoje, mas tenho muita curiosidade pelo futuro."

Simpática, falante e inovadora, encontrou seu chão na publicidade e, hoje, não se vê atuando em outra área que não seja esta. "Para mim, a publicidade é a expressão total e irrestrita da síntese, que é necessária para toda a comunicação. Não me vejo trabalhando em outro lugar que não seja em uma agência de propaganda. Não tenho perfil para ser gerente de marketing, por exemplo." Quanto ao futuro, a meta é "crescer mais, fazer mais coisas e me vejo até, algum dia, como dona de agência".

Ela já produziu espetáculos culturais e, inclusive, fez curso de teatro, chegando a atuar durante uma temporada na peça Navalha na Carne, de Plínio Marcos. "Sempre tive muitos interesses de experimentar e conhecer e acho que é por isso que me achei tanto na propaganda. Tudo o que fiz e faço serve de referência e conteúdo para mim."

Patrícia atua como estrategista de comunicação e uma de suas atividades é monitorar tendências. "Gosto muito de gente e acho que isso me faz ser uma boa planejadora. Porque o planejamento nada mais é do que entender o comportamento das pessoas e transformar isso em conteúdo para as marcas. Essa atividade é um fascínio para mim", diz.

No início, a dúvida

Logo após terminar o colegial, seu objetivo era prestar vestibular para Jornalismo, mas, em seguida, veio a dúvida quanto à carreira que gostaria de seguir: jornalista, publicitária ou relações-públicas? Neste momento, a única certeza que tinha era que sua carreira profissional se daria em alguma das áreas da comunicação.

Foi pelo fato de ter lido uma definição para RP no jornal Zero Hora - a qual descrevia o profissional deste meio como quem planeja e gerencia a comunicação - que alterou sua opção de curso. Em 1994, formou-se em Relações Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), mas, apesar desta formação acadêmica, se considera publicitária de coração e atuação. Durante a faculdade, também quis ser diplomata e, para isso, estudou francês durante oito anos. Com o tempo, foi deixando a idéia de lado.

Patrícia conta que o interesse pela comunicação surgiu cedo, na adolescência, quando estudava no colégio Júlio de Castilhos, o "Julinho". Segundo ela, essa foi uma época muito intensa e chegou a integrar uma chapa de oposição para o Grêmio Estudantil, que derrubou a gestão liderada pela atual candidata à prefeitura de Porto Alegre Luciana Genro. Assumiu o cargo de secretária de comunicação social e, desta forma, ocorreu seu primeiro contato com a área estratégica, através de eventos, campanhas internas e pelo jornal do colégio. Ela estava sempre pensando em ações para mobilizar todos os estudantes da instituição. "Naquele momento, não tinha consciência de que o que eu fazia era estratégia de comunicação, que veio a ser meu instrumento de trabalho. Mas, mesmo assim, realizava as ações, me interessava, procurava discutir e sempre participar", diz.

Depois, a certeza

Seu primeiro trabalho foi desenvolvido durante a faculdade. A ação consistia em elaborar um projeto de comunicação para o Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (Gapa). "Neste momento, consegui vivenciar muitas coisas que hoje estão em voga. Foi uma experiência bastante rica, pois, na época, tinha 20 anos e fiz meu primeiro planejamento de comunicação integrada. E foi ali que descobri que era aquilo o que eu gostaria de fazer", lembra.

A estréia não poderia ter sido melhor: o projeto foi agraciado, em 1996, com o Prêmio Opinião Pública do Brasil. Durante um ano, Patrícia apresentou o programa "Expressão de Vida", que fazia parte deste projeto para o Gapa. A atração, que ia ar aos domingos, das 10h às 11h, na FM Cultura, tinha como objetivo levar informação sobre a AIDS aos ouvintes gaúchos.

Depois da faculdade, cursou Pós-graduação em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e, até 1998, atuou no desenvolvimento de um projeto de comunicação e posicionamento da marca Parceiros Voluntários. Também trabalhou por um ano em uma agência de publicidade em Salvador. Ao retornar à Capital, passou a integrar a equipe de comunicação do Governo Olívio, em 1999. "Gostei de trabalhar com estratégia. A comunicação política é fascinante, mas não é a minha área. Sempre gostei de pensar mais amplo, fora de um escopo determinado."

A convite do publicitário Arthur Bender, iniciou sua trajetória em agências publicitárias no mercado gaúcho na Martins + Andrade, onde permaneceu durante dois anos. Em 2001, reforçou o quadro de funcionários da Over, como diretora de Planejamento, onde permaneceu por um ano e meio. "Posso dizer que esta agência foi minha escola de publicidade, porque, ao trabalhar numa empresa menor, você consegue vivenciar tudo. Pude contatar clientes e transitar por todas as áreas, entendendo como o produto publicitário se formava." Ainda atuou na agência Escala, durante dois anos, como executiva de Planejamento e Pesquisa, e teve uma rápida passagem de seis meses pela Matriz.

Sua carreira na Competence se iniciou há três anos como gerente de Planejamento, através de um convite do publicitário João Satt. "Acho que trabalhar na Competence é um pressuposto para todo o bom planejador, pois é uma agência que tem a estratégia como prioridade." A atual diretora de Planejamento considera seu trabalho na agência como um doutorado. "Eu sabia que chegaria aqui e teria muita coisa para aprender e concretizar."

Entre o bucólico e o urbano

Transitar entre o moderno e o tradicional, o bucólico e o urbano. Assim pode ser descrito o estilo de vida que Patrícia leva. Devido à rotina agitada, a publicitária escolheu a zona sul da Capital como refúgio e, depois da correria do dia-a-dia, é o local onde costuma organizar suas idéias e receber seus amigos. "Considero-me uma pessoa muito cosmopolita e antenada em tudo, mas, como uma boa canceriana, gosto de um refúgio. Moro na zona sul, numa casa com cachorros, pitangueiras, árvores, piscina. Dou muito valor para a natureza."

Ela, que já foi casada durante oito anos, hoje divide o lar com seus dois primos-irmão, Alessandra, 14, e André,12, e com a empregada Nice, a sua supersecretrária. "Somos uma moderna família feliz, mas o fato de eu não estar casada não quer dizer que meu coração não esteja ocupado!"

Além dos cães - uma pastora-alemã branca, a Sher, um basset, o Tristão, e uma golden retriever, a Chanel (em homenagem à estilista Gabrielle Bonheur Chanel), duas tartarugas e uma gata, a Ava (em homenagem à atriz norte-americana Ava Gardner) fazem companhia aos moradores da residência. "E todos convivem perfeitamente bem", conta.

A porto-alegrense, nascida em 4 de julho de 1971, é torcedora do Sport Club Internacional e vem de uma família de colorados. "Meu tio Ezequiel Carneiro chegou a integrar a equipe do Inter em 1970. Acompanho o desempenho do time, mas não sou uma torcedora doente", conta. Cozinhar é um de seus hobbies. Patrícia gosta de descobrir temperos novos e sua especialidade é uma Paella à Valenciana, que, segundo ela, "os convidados comem ajoelhados". 

Gostos ecléticos

"Gosto de coisa boa! Mas o que é o bom? Para mim, o bom é algo inquietante, que traz conhecimento e que permite uma experiência agradável. Sou apaixonada por cinema e literatura e me considero uma pessoa eclética. Já fui do tipo cult, mas vi que não é só isso que forma referências. Tenho uma cultura cinematográfica muito forte, porém, assisto de tudo e acredito que o que vale é a diversão."

Em sua biblioteca particular, aos poucos, os livros técnicos estão sendo deixados de lado e, cada vez mais, as biografias, os livros de literatura e de comportamento vêm ganhando espaço. Os últimos da lista foram: Código Cultural, de Clotaire Rapaille; A Menina que Roubava Livros, do escritor australiano Markus Zusak; Maysa - Só Numa Multidão de Amores, de Lira Neto; e Memória de Minhas Putas Tristes, de Gabriel García Márquez.

Para se inspirar, costuma ouvir Maysa, Fernanda Takai e MPB em geral. Também gosta de ir a shows e sair para dançar. Já quando quer relaxar ou espairecer, faz as malas e viaja para São Paulo ou à Praia do Rosa. Quanto à sua filosofia de vida, Patrícia resume em uma frase: "Tenho medo de vida não vivida!"

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