Paulo Tonet Camargo: Um gaúcho na Capital Federal

Nascido e criado em Porto Alegre, ele deixou o Rio Grande do Sul para assumir um desafio na política nacional em Brasília

Paulo Tonet, presidente da Abert - Divulgação/Coletiva.net

De estatura mediana, Paulo Ricardo Tonet Camargo é simpático e sorridente já no primeiro contato. Cheio de boa vontade, o atual presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) e vice-presidente Institucional do Grupo Globo relembra com entusiasmo da trajetória que se iniciou em 1982, quando se formou em Ciências Jurídicas.

Advogado, ingressou no Ministério Público do Rio Grande do Sul, onde foi promotor e procurador de Justiça, além de subprocurador-geral de Justiça do Estado. Chegou, inclusive, a presidir a associação do MP-RS até ser convidado pelo então ministro da Justiça, Nelson Jobim, para trabalhar no Ministério. Assim, trocou o Rio Grande do Sul pela Capital Federal.

Nascido e criado em Porto Alegre, ele confessa que vem pouco à capital gaúcha, aliás, menos do que gostaria. E quando vem, aproveita para dar um passeio no Parque da Redenção, um de seus maiores prazeres da vida. "Sou um homem simples, contento-me com pouca coisa. Às vezes, coisas bobas me dão prazer", alega.

Entre idas e vindas

A trajetória de Tonet na Capital Federal segue até os dias atuais e é lá que o gaúcho fixou residência. No Ministério da Justiça, dirigiu o Departamento Penitenciário Nacional e o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A vida do advogado mudou tempo depois, quando Jobim deixou o cargo de ministro e Tonet se viu começando uma forte relação com o universo da Comunicação.

Integrou-se ao Grupo RBS em 1998, empresa da qual foi diretor-geral em Brasília e vice-presidente jurídico e institucional, entre outras tantas funções exercidas ao longo dos 14 anos seguintes. De lá, saiu para assumir o cargo de VP de Relações Institucionais do Grupo Globo, cargo que ocupa até hoje. Em razão do seu envolvimento com o conglomerado midiático, deixa a residência em Brasília ao menos dois dias por semana, período que viaja para o Rio de Janeiro.

Entre uma reunião e outra, aproveita a passagem pela Cidade Maravilhosa para visitar o filho caçula, Caetano, jornalista de 29 anos que trabalha na SporTV. Também é pai de Carmella, de 31 anos. Formada em Arquitetura, a primogênita hoje trabalha com Marketing e reside em São Paulo. Os filhos são fruto do casamento de 33 anos com Valeska, natural de Caxias do Sul e com quem mora em Brasília.

Embora seja fortemente envolvido com a Comunicação, nunca imaginou que um dia seria dirigente da Abert, da qual participa desde 1998. "Foi uma circunstância política que acabou me levando à presidência", comentou, lembrando que exercerá o cargo até agosto de 2020, data da próxima eleição. E já adianta que não concorrerá novamente, visto que o estatuto da associação não permite reeleição. Porém, assegura que pretende seguir participando das atividades da entidade e do setor de radiodifusão. Antes, chegou a ser vice-presidente da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e TV (Agert).

Leitor compulsivo

É com os livros que gosta de passar os momentos de folga, pois se considera um leitor compulsivo. No topo dos preferidos estão biografias e obras que ajudam a entender um pouco para onde o mundo vai. Recentemente, leu '21 lições para o século 21', do professor israelense de História Yuval Noah Harari. Do autor também leu os best-sellers 'Sapiens: Uma breve história da humanidade' e 'Homo Deus - Uma Breve História do Amanhã'.

Aprecia os escritores clássicos, como o colombiano Gabriel García Marquez e o peruano Mario Vargas Llosa. Este segundo, teve o prazer de conhecer em um evento em São Paulo. "É uma figura extraordinária", diz, cheio de orgulho. Os clássicos russos - Dostoiévski e Tolstói - completam a lista. "Leio o que me cai na mão", afirma, ao mesmo tempo em que explica que ainda não conseguiu trocar o papel pelo livro digital: "Fui programado para ler no papel, tanto livro quanto jornal. Me dá prazer".

As salas de cinema pouco recebem o advogado, que não troca um livro por um filme. A paixão pela literatura é tanta que sonha em assinar sua própria obra. "Gostaria muito de escrever, mas a vida que levo não me dá tempo para isso. Quem sabe um projeto para quando me aposentar", avalia. No que se refere às músicas, diz-se eclético. Vai do clássico ao samba, passando por MPB, Jazz e Fox. "Gosto de qualquer uma que seja de bom gosto, logo, não gosto de Funk, pois não acho de bom gosto", explica. A brasileira Marisa Monte e a inglesa Amy Winehouse lideram a playlist. "Que pena que ela se foi. Era maravilhosa e com uma voz muito marcante", lamenta a morte da cantora londrina que faleceu em 2011.

A força do hábito

Gula não é seu maior pecado capital. "Dizem que não podemos cometer todos os sete, não é mesmo?", brinca. Dessa forma, tem hábitos alimentares saudáveis: "Tomo café da manha como um rei, almoço como um príncipe e janto como mendigo", compara e explica: "Não que eu tenha sido sempre assim, mas a saúde me impôs que eu me cuidasse e tivesse uma alimentação mais saudável".

Tonet gosta mesmo é da função que envolve uma refeição e do ambiente no qual ela ocorre. Prefere isso à comida propriamente dita. E gaúcho que é gaúcho não abre mão do churrasco, desde preparado ao meio-dia, "pois é muito pesado". Bebida alcoólica não faz parte da sua rotina, mas gosta de vinho e uísque. "E quando estou muito relaxado, fumo charuto. Não é sempre, pois isso requer um ambiente e um astral propícios."

Viajar é outro prazer que tem, especialmente quando é para a Europa, seu lugar preferido. No passaporte tem carimbos de países como Hungria, Polônia, Rússia, entre outros. "Todos os lugares lá são maravilhosos. Gosto muito de história, e lá é história pura", pontua. Passou, também, por Israel, onde, conta, sentiu-se caminhando na história. No âmbito religioso, é católico, mas não praticante. Foi-se o tempo que ia à missa com mais frequência. Agora, frequenta a cerimônia religiosa uma vez ou outra.

Quando o assunto rumou para o esporte, fez logo questão de dizer que é gremista e, sempre que possível, vai aos jogos do time tricolor. O envolvimento é tanto que estufa o peito ao declarar que é conselheiro do clube "com muito orgulho". Isso desde 2016 e assim seguirá até 2022.

Paulo Ricardo Tonet Camargo é mesmo assim. Embora frequentemente vestido com terno e gravata e expressão séria. É com um largo sorriso que relembra sua vida e expõe suas preferências pessoais, definindo-se como um homem simples e com uma vida pacata paralela ao trabalho atribulado e comprometido.

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