Rodaika: Energia de sobra

Com mais de 20 anos de carreira, a jornalista confia em que ainda há muito por ser feito dentro da Comunicação


Por Márcia Christofoli
Sabe a apresentadora sorridente, com voz alta, espontânea e alto astral? Rodaika também é assim longe das câmeras. E toda essa energia moldou os 22 anos de carreira dentro do Grupo RBS, onde atuou no interior do Estado, na RBS TV da Capital, na extinta TVCom e na Rádio Atlântida. O fato é que as paredes da empresa são extremamente familiares para a jornalista formada pela Unisinos no final da década de 1990. E essa proximidade começou ainda na infância, quando gravava comerciais lá.
De uma geração que não cresceu com internet, a apresentadora do programa Mistura, que a RBS TV apresenta semanalmente, comenta que a televisão era o único meio de comunicação mais popular e visual e, por isso, era apaixonada pela mídia. "Fui daquelas crianças que diziam que seria repórter quando crescesse. Qualquer coisa na minha mão virava um microfone e eu entrevistava as pessoas. Então, sempre foi muito claro que tinha algo em mim diretamente ligado à Comunicação."
Quando decidiu cursar Jornalismo, não era exatamente pela paixão por notícias, mas por ser o que mais se aproximava do que queria fazer. Ainda na faculdade, participou de um curso de novos talentos na RBS TV - projeto paralelo ao Caras Novas -, que estava recrutando profissionais para o interior do Estado. Selecionada, confessa que hesitou antes de aceitar a mudança para Pelotas, pois tinha apenas 19 anos, já era mãe e teria que se virar sozinha. Aceitou e, então, nasceu uma jornalista. "Em pouco mais de dois anos fiz absolutamente de tudo. Fui produtora, editora, apresentadora do Jornal do Almoço, do RBS Notícias, do RBS Comunidade, atuei em reportagem e até mexi em câmera. E tudo isso há 20 e poucos anos, quando os recursos eram bem mais escassos", conta, aos risos.
Entretenimento, seja bem-vindo!
Retornou para Porto Alegre, ainda estudante, para apresentar o extinto RBS Ecologia. A partir daí, as oportunidades apareceram e, com elas, as experiências. Com bastante bagagem de entradas ao vivo, passou a ser requisitada em atrações como Jornal do Almoço, Galpão Crioulo e Previsão do Tempo. "Me sentia à vontade e segura de colocar a mão na massa aqui. Percebi que minha bagagem me permitia contribuir com a equipe de Porto Alegre", orgulha-se.
Ainda nos anos 90, migrou para a antiga TVCom, onde foi repórter, editora e apresentadora do telejornal da emissora. Eis que surge um programa mais voltado à Cultura, o Palco, onde Rodaika permaneceu por bastante tempo, e o Papo Clipe, que era ao vivo com a presença de bandas musicais. Aliás, esta foi a primeira atração a ser colocada na internet, promovendo a interação com o público. "Sinto que experimentei um pouco de tudo e a vida se encarregou de me mostrar que a editoria de Variedades era mais o meu chão", reflete, completando, em seguida, que o que a colocou nessa área foi, possivelmente, o fato de ter uma postura mais solta e uma linguagem própria.
Uma emoção por vez
Alguns fatos foram decisivos para que, hoje, a jornalista possa se sentir realizada. Voltar para Porto Alegre com a vasta bagagem adquirida em Pelotas, por exemplo, fez com que percebesse que, mesmo estando ao lado de profissionais mais experientes, tinha espaço para contribuir. A primeira entrada ao vivo ela não esquece: foi para o Jornal Hoje, da Rede Globo, no meio do Carnaval de Pelotas, quando sofreu uma espécie de assédio durante o boletim. "Tive que segurar a onda para o Brasil inteiro", lembra. Substituir nomes de peso também é algo que pode se orgulhar, já que nessa lista estão Tânia Carvalho, Lauro Quadros e Lasier Martins. "Tudo isso é uma carga de experiência incrível. É momento de pensar: nossa, eu fiz isso, e deu certo."
Sobre o futuro, Rodaika tem dois sentimentos. O primeiro é de ter feito o que tinha que fazer, e estar satisfeita. "Construí a história que eu queria, do tamanho que tinha de ser, com as dificuldades e as vitórias necessárias", diz. O segundo é poder se ver, a qualquer momento, se jogando em um mundo novo, pois se sente jovem e disposta para se entregar às novidades.
Lembra que a TV sofre mutações rápidas e os programas acabam ficando menos tempo no ar. Não é como antigamente, diz, quando o Patrola ficou 17 anos no ar, com ela à frente por uma década. Esse cenário a faz ter planos, como o de se dedicar mais ao rádio, veículo que adora. Pensa ainda em ter algum projeto em Teatro, ao lado do marido, o também comunicador da Rádio Atlântida Alexandre Fetter, e ainda tem muita vontade de trabalhar na área da Moda, que é algo que faz timidamente nas suas redes sociais. "Têm portas se abrindo na minha frente, mas ainda são possibilidades, pois nada é urgente. Vivo uma coisa de cada vez", resume.
Quarteto tranquilo
Aos 43 anos, Rodaika é mãe da estudante de Publicidade Brenda, 23, fruto de um relacionamento da adolescência, e de Téo, 11, filho com Fetter. Alexandre e ela se conheceram no trabalho, mas a admiração por ele vem da  adolescência. "Foi rápido e muito intenso. Quando tínhamos uns dois anos de namoro, eu engravidei. O Téo veio para coroar o sentimento de família, já que o Alexandre sempre teve uma relação muito próxima com a Brenda", detalha. Uma curiosidade entre o marido e a filha é que os dois nasceram no mesmo dia e na mesma hora, então, Rodaika acredita que foi um encontro de almas, pois são muito parecidos em personalidade e emoções. "Desde sempre foi uma relação de pai e filha", comenta.
A relação do quarteto é tranquila, pois todos entendem que os horários dos pais não são os tradicionais e, por conta disso, aprenderam a lidar com a rotina diferente e até com momento de exposição. O cenário mais frenético faz com que a família goste de aproveitar os momentos em que conseguem estar juntos. Nas férias, por exemplo, é sagrado que saiam todos juntos para viajar, conhecer outros lugares e culturas novas. No dia a dia, preferem a calmaria do lar.
Equilíbrio é fundamental
O nome completo é Rodaika Dienstbach, "motivo pelo qual, tu nunca viste ele na TV", explica, aos risos. O sobrenome usado no início da carreira, Daudt, é, na verdade, apenas da filha mais velha. Quando se trata de explicar o nome, a filha do seu Sérgio e irmã mais velha de Daian diz que a "culpa" é da mãe, Dejanira, mais conhecida como Dadi. "Ela gosta de inventar nomes", diz, com sorriso e olhar quase irônicos.
Quando a mãe era adolescente, juntou algumas letras do alfabeto e chegou a Rosayka. Percebendo que a futura filha poderia ser chamada de Rosa, trocou o S pelo D. No registro, foi informada no cartório que a letra Y fora extinta do alfabeto. Surgiu a Rodaika. "Ela me provou essa história ao mostrar os escritos da época", recorda, confessando que, hoje, adora o nome, mas admite que na infância foi mais difícil de explicar essa história.
Rodaika não é o tipo que se apega a algo específico. Quando se trata de preferência gastronômica, por exemplo, não sabe dizer um prato especial, apenas destaca que gosta de especiarias japonesas, já que não come carne vermelha nem frango. A habilidade neste quesito, aliás, fica apenas a cargo da degustação, pois não sabe cozinhar, e brinca: "Nesse sentido, dependo do Alexandre para tudo, senão, passaria fome. E ele cozinha muito bem!", diz, aliviada. O mesmo conceito é aplicado aos livros, pois não consegue citar um autor ou um livro preferidos. Se diz uma leitora ansiosa, pois consome vários tipos ao mesmo tempo, especialmente depois do advento da internet. Então, se considera mutante na Literatura.
Tem a mesma dificuldade de destacar alguma produção audiovisual que a tenha marcado. Hoje, a preferência é por séries, com destaque para House Of Cards. No âmbito dos esportes, diz ter "zero intimidade", pratica atividade física para cuidar de si mesma. Não é católica praticante, mesmo tendo sido criada como tal, e garante ser de muita fé, acreditar que as coisas são possíveis. Troca energias boas, reza, pede e agradece a Deus. Se considera espiritualizada, e quer se dedicar mais a essa característica. Assim, a busca por equilíbrio também está no seu dia a dia, pois sabe que precisa assumir uma equipe, conduzir pessoas. "Sempre gostei de tentar ser líder e não chefe. Quero estar ali para incentivar, puxar para cima, trazer para o meu lado. Além disso, também sou liderada, então, ter um equilíbrio é fundamental."
Acima de tudo, Rodaika busca fazer aquilo que pode trazer felicidade, para ela e para os outros. Toda vez que pensa em fazer algo, seja na vida pessoal ou na profissional, tenta se colocar no lugar do outro. Conceito que o Jornalismo a ensinou. Ou seja, quer sempre encontrar a melhor forma de fazer, para poder sair feliz e transmitir felicidade para quem está ao seu lado. "É uma busca doida, instigante e infinita. Ainda tenho muita energia para gastar", garante.

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